Tese Doutorado


                                     SUA  DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL EM RORAIMA
 

 

 

 


 

Utilizando-se o Estudo das curvas ombrotérmicas de Gaussen, chegou-se à
identificação de duas subclasses climáticas: xeroquimênica e termaxérica.

      No clima xeroquimênico temos como características básicas:

 

  Este  clima possui ainda os seguintes grupos:

      Já no clima termaxérico apresenta chuvas de convecção térmica e tem como  característica a ausência de período seco. Apresenta os seguintes grupos:

 

 Nesta classificação desenvolvida pelo projeto RADAMBRASIL em 1975 levou-se em consideração a classificação dos bioclimas pelas curvas ombrotérmicas de Gaussen e levantamento fisionômico - ecológico.

A Ilustração 28  dá a  distribuição espacial das diversas regiões bioclimáticas no Estado.
ILUSTRAÇÃO 28 - REGIÕES BIOCLIMÁTICAS DO ESTADO DE
                                   RORAIMA

  

 


4.2 - HIDROGRAFIA E HIDROLOGIA

 

4.2.1 – HIDROGRAFIA

O Estado pode ser dividido em nove bacias hidrográficas, sendo sete ligadas à grande bacia do Rio Branco e duas à grande bacia do Rio Negro. A Ilustração 28 nos mostra a distribuição geográfica destas bacias no Estado de Roraima.
A bacia do Rio Branco tem aproximadamente  uma área total de 204.640 Km2 no Brasil, especificamente em Roraima, cobrindo 91% do Estado.
A bacia do Rio Branco subdivide-se nas sub-bacias, conforme a tabela 3 mostrada a seguir.

TABELA 3 - SUB-BACIA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BRANCO

 

SUB-BACIA

 

ÁREA Km2

 

RIOS QUE A COMPÕE

 

TACUTU

 

31.592

 

COTINGO, SURUMÚ, TACUTU, MAÚ, CAPIVARA, CACHORRO

 

URARICOERA

 

52.184

 

AUARIS, ARACAÇA, PARIMA, URARICAAS, AMAJARI, URARICOERA, PARIMÉ

 

MUCAJAÍ

 

21.602

 

COUTO DE MAGALHÃES, MELO NUNES, APIAÚ, MUCAJAÍ

 

MÉDIO RIO BRANCO

 

11.312

AGUA BOA DE CIMA, CAUAMÉ, BRANCO,
PRICUMÃ, SURRÃO,
ÁGUA BOA DE BAIXO

 

CATRIMANI

 

17.269

 

ÁGUA BOA DO UNIVINÍ, AJARANI, CATRIMANI

 

ANAUÁ

 

25.151

 

BARAUANA, RIO NOVO, CAROEBE, ANAUÁ

 

BAIXO RIO BRANCO

 

45.530

 

XERUNI, TAPERA ,BRANCO

 

TOTAL

 

204.640

 

 

Ainda temos duas bacias ligadas à drenagem do Rio Negro, o Rio Jufari e o Rio Jauaperi que juntos perfazem 31.689 Km2, sendo 10.377 Km2 em Roraima.
Destes rios, o curso principal do Rio Branco é o que oferece razoáveis condições de navegabilidade principalmente no trecho Caracaraí à foz do Rio Negro, numa extensão de 446 Km e com um calado permitido de 2,45m a 3,95m em águas altas e 0,90m a 1,20m em águas baixas. (PROVAM – 1 977)
A Ilustração 29 nos mostra a distribuição espacial das principais sub-bacias do Estado de Roraima.

ILUSTRAÇÃO 29  - BACIAS HIDROGRÁFICAS DE RORAIMA



 



4.2.2 – Hidrologia

O Estado de Roraima, apesar de sua densa rede hidrográfica possuía em 1976 somente 4 estações linimétricas e 5 postos fluviométricos, situação atualmente mais crítica devido à deterioração dos equipamentos e ausência de uma estrutura de coleta dos dados , o que deixa muito a desejar na qualidade e quantidade dos dados obtidos.
Os dados coletados permitem estudos sobre nível de água, curva cota-descarga, vazões médias diárias e mensais.
A tabela 4 mostrada a seguir nos dá os deflúvios médios mensais de três estações: Caracaraí, no médio Rio Branco; Fé Esperança no médio Rio Mucajaí e fazenda Bandeira Branca no médio Rio Cotingo.

 

TABELA 4 – RORAIMA  - DEFLÚVIOS MÉDIOS MENSAIS (m 3 )

 



LOCAL

 

MÊS

 

CARACARÍ

[1967-1975]

 

FÉ ESPERANÇA

[1967-1975]

 

FAZ.BANDEIRA BRANCA
[1973-1975]

 

JAN

 

3.47

 

5.50

 

6.08

 

FEV

 

3.36

 

5.17

 

6.35

 

MAR

 

2.81

 

4.59

 

3.22

 

ABR

 

5.49

 

6.67

 

4.69

 

MAI

 

10.18

 

9.84

 

3.36

 

JUN

 

15.56

 

11.43

 

8.25

 

JUL

 

18.91

 

14.44

 

13.91

 

AGO

 

15.79

 

12.76

 

14.17

 

SET

 

10.92

 

10.76

 

14.99

 

OUT

 

5.35

 

7.21

 

8.71

 

NOV

 

4.56

 

6.46

 

5.95

 

DEZ

 

3.60

 

5.17

 

10.32

FONTE: Sudam, 1976

O que podemos observar que março é normalmente o mês de menor deflúvio nos três postos. Já no trimestre de maior deflúvio (junho, julho e agosto), coincide nos postos de Caracaraí e Fé Esperança, mas no Rio Cotingo (fazenda Bandeira Branca) vai ocorrer o maior deflúvio só em julho e setembro.
Os dados dão uma clara indicação de que o regime do Rio Branco está mais em função do Rio Mucajaí e de outros afluentes da margem direita, devida principalmente à grande área de drenagem.
            A contribuição da bacia do Rio Tacutu é menor devido ao pouco número de afluentes, bacia com área de drenagem mais reduzida, baixa precipitação e elevada evapotranspiração.
Independentemente da pequena quantidade de estações é possível, utilizando-se o compartimento dos deflúvios em Caracaraí, estabelecer-se o regime do Rio Branco em 3 períodos bem definidos.

Deflúvios mínimos = dezembro a março
Deflúvios médios =  abril/maio e setembro a novembro

Deflúvios máximos = junho a agosto

 

4.2.3 - Balanço   hídrico

Ao analisarmos os parâmetros meteorológicos da estação de Boa Vista (precipitação pluviométrica, evaporação potencial e evaporação real) é possível termos uma boa visão do balanço hídrico da área, durante o decorrer dos meses do ano. A Ilustração 30 mostra o gráfico do balanço hídrico de Boa Vista.
Como análise resumida do balanço hídrico da estação de Boa Vista temos a tabela 5 mostrada a seguir

 

 

 

 

TABELA 5 - BALANÇO HÍDRICO DA ESTAÇÃO CLIMATOLÓGICA DE
                      BOA   VISTA - RR

 

PERÍODO

 

CARACTERÍSTICA

 

JUNHO A AGOSTO

 

EXCEDENTE HÍDRICO COM O PICO EM JUNHO

 

AGOSTO A ABRIL

 

DEFICIÊNCIA CRESCENTE COM O MÁXIMO EM JANEIRO E FEVEREIRO

 

SETEMBRO   A  JANEIRO

 

RETIRADA DE ÁGUA DO SISTEMA COM O MÁXIMO EM OUTUBRO

 

MAIO

 

REPOSIÇÃO DO SISTEMA COM O INÍCIO DAS CHUVAS

 

 

ILUSTRAÇÃO  30  -  BALANÇO HÍDRICO DE BOA VISTA - RR


4.3 - GEOLOGIA E MORFOLOGIA

 

4.3.1 – Geologia e Recursos Minerais

 

As feições geológicas do Estado de Roraima são bastante variadas e contrastantes. As formações, em termos de idade geológica variam desde de estruturas arqueanas (pré-cambriano inferior) que podem ter de 2.600 m.a. a 1.900 m.a.; passando pelo proterozóico onde, entre outras encontramos as rochas do super grupo Roraima e grupo Uatumã, além de diabásios chegando a ter entre 1.900 m.a. a 900 m.a.; até chegarmos mais recentemente no mesozóico com idades entre 900 a 100 m.a.; atingindo o cenozóico (terciário) com a denominada formação Boa Vista e início da Bacia Amazônica no Sul do Estado; e finalizando com as formações holocênicas atuais das aluviões dos  vales dos principais cursos d’água.
A Tabela 6 reproduz a coluna geológica / estratigráfica do Estado de Roraima.
 Com exceção do terciário e do quaternário (holoceno e pleistoceno) as outras formações oferecem um potencial mineral bastante significativo.
O Projeto Radam levantou e mapeou  a geologia do Estado de Roraima numa escala de 1 : 1.000.000  , definindo uma coluna estratigráfica  do qual se destaca o Complexo Guianense, substrato de todo o arcabouço geológico regional, seguido dos grupos Cauarane, Uatumã , Roraima e Rewa.  A seguir temos as formações: Surumu, Granodiorito Serra do Mel, Diabásio Pedra Preta, Apoteri, Tacutu, Sienito Catrimani e  Boa Vista.  A Tabela 6 nos lista e detalha a litologia, e idade  da coluna geológica de Roraima.
As variedades de formações geológicas que ocorrem em Roraima fazem com que seja uma área bastante privilegiada na Amazônia Ocidental Brasileira, quer para estudos acadêmicos de Geologia, como principalmente pela ocorrência de inúmeros minerais úteis em todas as formações geológicas, tal como pode ser observado na Tabela 7.

 

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