Colônia de Alto Alegre
1970 - 1º Grupo - 92 Famílias Maranhenses
ORGANIZADO POR JAIME DE AGOSTINHO - 1.993
9.10.3 - Projeção de cenários Futuros
É muito difícil, em função da situação atual, serem realizados prognósticos de tendências para a agropecuária de Roraima.
Analisando-se a atividade agropecuária atual podemos, para alguns segmentos, prognosticar situações futuras ideais e possíveis de serem atingidas, desde que haja planejamento e principalmente vontade política.
A tabela 50 exemplifica alguns tipos de atividades que poderão evoluir até o ano 2010 no Estado de Roraima.
Dentro desta mesma filosofia, só que de uma forma mais detalhada são listadas as principais ações que deverão ser implantadas com as respectivas atividades necessárias para a sua consecução.
TABELA 50 - CENÁRIOS FUTUROS PARA A AGROPECUÁRIA EM
RORAIMA - HORIZONTE : ANO 2.010
• Agricultura de Subsistência
• Extração predatória de recursos naturais (minerais, madeiras)
• Pecuária extensiva em pastagens naturais de baixo rendimento
• Extrativismo vegetal primitivo
. Pequenos projetos irrigados altamente subsidiados
. Pequenos projetos de caráter experimental em soja
. Pequenas hortas com produção baixa de hortaliças
. Pecuária de leite incipiente
. Decadência dos projetos criados com incentivos fiscais
. Implantação de assentamentos em colônias sem o mínimo planejamento
. Não existência de um plano concreto para a agroindústria
• Projetos agropecuários incentivados, adequados à realidade dos solos e
ecologia
• Grandes culturas irrigadas visando a exportação
• Monoculturas de grãos cientificamente manejadas visando a exploração
em larga escala.
• Cinturões horti-fruti-granjeiros irrigados visando a autosuficiência das
áreas urbanas, inclusive Manaus e Sul da Venezuela
• Floricultura e fruticultura de clima temperado nas áreas serranas
• Exportação de grãos e importação de insumos via porto livre de Georgetown
9.10.3.1 - Reerguimento da Agropecuária no Estado de Roraima
Para que o Estado de Roraima possa realmente cumprir o seu papel de área típica de produção agropecuária, será necessário que sejam realizadas uma série de ações, das quais podem ser destacadas:
Introdução de técnicas adequadas:
• Melhoria das raças através de:
- Estudo de adaptabilidade das espécies
- Importação de matrizes e reprodutores selecionados
- Cruzamentos eficazes
- Engenharia genética
• Implantação e manejo de pastagens irrigadas (engorda)
• Manejo de pastagens naturais (cria)
Incrementar a agroindústria
• Fábricas de rações balanceadas para gado
• Industrialização de carne e derivados
Treinamento especializado com agropecuária através de escolas técnicas e
cursos universitários específicos.
Retomar política do extensionismo para comunidades do interior
9.10.3.2 - Incentivos a Agricultura
Inúmeras atividades devem ser desenvolvidas visando dar suporte concreto às atividades agropecuárias, principalmente aos agricultores com poucas possibilidades de capitalização, das quis podemos destacar:
Atividades Técnicas
• Estudos de aptidão agrícola em detalhe dos solos do Estado
• Desenvolvimento de métodos de correção e fertilização dos solos a baixo custo
• Implantação de práticas conservacionistas principalmente as voltadas para controle da
erosão
• Incrementar a implantação de projetos de irrigação por gravidade
• Implantação de polígonos irrigados padrões
• Execução de projetos eficientes de drenagem
• Implantação de viveiros de mudas selecionadas em locais estratégicos
Atividades de Industrialização
• Projetar e instalar unidades de produção de sementes selecionadas
• Instalar unidades de moagem de calcário em pontos chaves
• Beneficiar o máximo da produção agrícola nos locais de origem
• Implantar unidades de condicionamento, armazenagem e expedição de frutas tropicais
para exportação
• Facilitar a organização de microempresas agropecuárias
Atividades de Financiamento
• Condicionamento dos financiamentos oficiais ao zoneamento ecológico-econômico do
Estado
• Desenvolvimento de linhas de crédito especiais com subsídios para culturas
estratégicas
9.10.3.3 - Implementação da agrosivicultura
Em função da vocação agrosilvicultural de extensas áreas do Estado de Roraima, algumas atividades são extremamente necessárias, visando além da produção, a proteção dos ecossistemas onde se inserem estas áreas. São elas:
• Incentivar enriquecimento florestal das áreas de mata através do plantio direto de
mudas de espécies regionais de interesse econômico
• Desenvolver planos de manejo florestal realistas e adequados à volumetria das
matas do Estado e articulados com sistema de reposição eficiente e obrigatório
9.10.3.4 - Colonização Rural
Em função de erros cometidos no passado e até presentemente, uma série de precauções devem ser tomadas no sentido de melhor se consolidarem os projetos de colonização já existentes e principalmente os que virão a ser instalados no Estado de Roraima. Algumas atividades mínimas deveriam ser seguidas, das quais destacamos:
• Desenvolver atividades de recuperação de projetos de assentamentos rurais antes de
implementarem-se outros
• Adequar os projetos de colonização rural ao zoneamento ecológico - econômico do
Estado, bem como condiciona-los a atividades agrícolas compatíveis aos estudos de
aptidão de cada área
• Evitar-se a localização de assentamentos rurais relativamente próximos ou junto a
unidades de conservação e áreas indígenas
• Dar prioridade nos projetos a colonos já residentes no Estado, evitando a vinda
maciça de migrantes de outros estados que desconhecem como operar nas
condições de Roraima.
9.10.3.5 - Agricultura Urbana
Com a crescente urbanização do Estado e o elevado desemprego existente, algumas alternativas podem minorar ou até eliminar parte destes problemas através da produção agropecuária em pequena escala, utilizando-se de terrenos sem ocupação, áreas públicas e fundos de quintais. Algumas sugestões podem ser dadas para a implementação destas atividades, das quais destacamos:
• Incentivos à horticultura e floricultura de fundo de quintal
• Reciclagem de resíduos urbanos (lixo e esgotos) em unidades específicas e
sua utilização em hortas e pomares comunitários
• Implantação de cinturões horti-fruti-granjeiros-leiteiros, ao redor das
maiores cidades do Estado
9.10.3.6 - Agricultura Alternativa
Com o atual desenvolvimento tecnológico, principalmente na área de produção e conservação de alimentos oriundos de atividades agropecuárias, surgem diversas opções na área da agricultura alternativa, das quais podem ser destacadas as seguintes que poderiam ser aproveitadas para Roraima:
• Implantar projetos de hidroponia
• Desenvolver sistemas integrados de piscicultura, criatório de pequenos animais e
agricultura
• Utilizar resíduos agrícolas como fontes alternativas de energia rural
9.10.3.7 - Cooperativismo Rural
Independentemente dos inúmeros fracassos, este tipo de atividade já possui certa tradição no Estado de Roraima. Isto irá permitir que este tipo de alavanca propulsora do desenvolvimento agropecuário, principalmente de pequenos e médios produtores possa ser melhor aperfeiçoada, dinamizada e libertada do domínio governamental e de grupos econômicos regionais. Para isto cabe principalmente às áreas públicas e privadas que lidam com cooperativismo a missão de apoiar e orientar todas as formas de cooperativismo rural no Estado
Como pode ser constatado, o Estado de Roraima tem um perfil agropecuário que passa no momento por uma séria crise, influindo bastante na qualidade de vida da população rural e consequentemente na urbana, intimamente dependente do processo.
9.11 - PLANO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO DE
RORAIMA
A industrialização no Estado de Roraima é sem dúvida o processo que irá alavancar o seu desenvolvimento econômico e social. A atual perspectiva de abastecimento de energia proveniente da hidrelétrica de Guri, na Venezuela exige que haja em curto prazo um planejamento de implantação e desenvolvimento de atividades industriais compatíveis com a existência de recursos humanos e materiais, bem como de mercados consumidores. As maiores dificuldades atuais para a viabilização de um processo de industrialização são:
- Falta de um planejamento estratégico para industrialização
- Ausência de energia elétrica em grande volume
- Não ligação de Boa Vista ao Porto de Georgetown
- Precariedade das condições da BR-174 - trecho Caracaraí - Manaus
- Produção e fornecimento de matéria-prima regional ainda sem estrutura para
o abastecimento industrial
- Falta de tradição em comércio internacional e industrialização dos
empresários e políticos locais
É muito importante que se analise racionalmente as diversas formas possíveis de industrialização em Roraima após ultrapassados os óbices listados anteriormente. Próxima a Roraima temos a Zona Franca de Manaus, que é um modelo altamente discutível em nossos dias.
A Zona Franca de Manaus, implantada em 1966, em recursos incentivados do imposto de renda, vai ter no desenvolvimento do seu processo industrial, isenções para os componentes importados e máquinas industriais pagos em dólar. O processo industrial utiliza-se de mão-de-obra sem muita especialização e realiza a montagem de equipamentos em sua maior parte de 2ª geração tecnológica, dirigidos para o consumo brasileiro prioritariamente.
Com a internalização destes equipamentos e produtos no mercado brasileiro, parte com isenção de impostos e o seu pagamento em reais vamos ter um déficit na balança de pagamento do país. As indústrias da Zona Franca de Manaus procurando melhorar a qualidade de seus produtos visando inclusive o mercado latino americano (Mercosul) estão implantando linhas de montagem altamente automatizadas , o que gera desemprego em massa, afastando-se do principal objetivo da Zona Franca de Manaus, que era a de desenvolvimento regional com ênfase à utilização da mão-de-obra local.
O Processo de industrialização do estado de Roraima em uma projeção de cenários futuros passa necessariamente por duas alternativas :
A industrialização voltada para a produção de bens voltados para a exportação (ZPE) e as indústrias voltadas para a utilização dos recursos agropecuários - extrativismo do interior do Estado.
9.11.1 - Área de Livre Comércio de Vila Pacaraima e Bonfim
O Estado de Roraima foi contemplado com a aprovação em seu território de duas áreas de livre comércio: Vila Pacaraima e Bonfim
A área de livre comércio de Vila Pacaraima, antes mesmo de ter a confirmação de sua instalação, gerou uma grande especulação e um inchamento populacional daquele distrito de Boa Vista. A pacata povoação com clima de montanha começou a sofrer uma intensa especulação imobiliária com a construção de muitas habitações de baixo padrão ,sem saneamento e com perigo de deslizamentos. Grandes áreas de florestas nativas foram desmatadas para dar lugar a loteamentos clandestinos, apoiados quase sempre por subprefeitos vinculados a interesses comerciais e políticos locais. Armazéns foram erguidos, mas não funcionaram, falsas esperanças foram lançadas por altos políticos do Estado que sequer conheciam as regras para a instalação de uma Área de Livre Comércio.
Dados foram omitidos, com conivência do Governo Federal, tais como a de que Vila Pacaraima era um distrito do município de Boa Vista e não um município autônomo, a área onde está localizada a Vila, atualmente sede do novo município de Pacaraima, é a área indígena de São Marcos, homologada em 1991.
Complicando mais a situação temos atualmente o incremento da área comercial de Santa Elena do Uiarén, pertencente à Venezuela, a poucos quilômetros de Pacaraima , paraíso das compras dos brasileiros de Roraima quando o câmbio fica favorável, bem como as facilidades de acesso. Atualmente a situação está invertida, com um número cada vez mais crescente de venezuelanos atravessando a fronteira para fazer compras em Vila Pacaraima ou até em Boa Vista. Em Santa Elena de Uiarén temos inúmeros hotéis de bom conforto, aeroporto internacional, casas noturnas e uma série de atrativos no comércio além de uma forte atividade em turismo ecológico conhecida internacionalmente, vantagens estas inexistentes no lado brasileiro.
Em 1997 os políticos do Estado procuram uma saída para o impasse da ALC de Vila Pacaraima, tentando de alguma forma transferi-la para a área urbana de Boa Vista, não logrando êxito.
Em paralelo, a ALC de Bonfim, criada mas nunca implantada, por falta de vontade política e ausência de uma visão geopolítica da saída de Roraima para o mar através do porto livre de Georgetown na República Cooperativista da Guiana vai se inviabilizando, independentemente de oferecer muitas mais vantagens que a ZLC de Vila Pacaraima.
A Área de Livre Comércio de Bonfim, caso se concretizasse, poderia oferecer uma gama muito variada de oportunidades de negócios resumidos na tabela 51 . Estas oportunidades de negócios são baseadas em alguns fatores, tais como:
- Demanda no mercado internacional;
- Capacidade regional de produção;
- Mercado brasileiro;
- Mercado guianense;
- Concorrências dos países vizinhos
TABELA 51 - OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS DA ZONA DE LIVRE
COMÉRCIO DE BONFIM
1 - Lapidação e Ourivesaria
2 - Laticínios
3 - Embutidos e Defumados
4 - Couros e Calçados
5 - Confecções
6 - Bicicletas
7 - Doces Regionais
8 - Casas Pré-fabricadas
9 - Beneficiamento de Arroz
10 - Movelaria
11 - Ferramentas Agrícolas
12 - Produtos de Fibra de Vidro
13 - Sabões e Velas
14 - Rações e Farelos
15 - Bolachas
16 - Farinha de Mandioca
17 - Gelos e Sorvetes
18 - Carnes Congeladas
19 - Matadouro
20 - Abatedouro de Aves
21 - Charqueamento de Carnes
22 - Tijolos e Telhas
23 - Serraria
24 - Esmagadora para Óleos Comestíveis
25 - Sucos e concentrados Naturais