Excesso de água ou ausência de água este é o dilema que principalmente o Norte-Nordeste de Roraima enfrenta todos os anos. Inexiste no Estado um inventário completo dos recursos hídricos, bem como de sua dinâmica. As tecnologias de irrigação são pouco utilizadas e de baixa eficiência e a drenagem controlada das áreas alagáveis praticamente não existe.
A Ilustração 65 lista uma série de sugestões de forma original, de como diagnosticar e utilizar corretamente os recursos hídricos no Estado.
Outro aspecto que preocupa bastante é a crescente contaminação dos recursos hídricos disponíveis, principalmente junto dos principais núcleos urbanos, para isto devem ser realizados estudos que visem a elaboração de uma legislação de proteção aos mananciais próximos à capital e sedes de municípios do interior.
A avaliação do potencial e qualidade das águas subterrâneas é outro aspecto que deveria ser levado a sério pelas autoridades competentes, principalmente nas áreas urbanizadas do Estado.
A Ilustração 66 nos mostra um fluxo básico para a realização destes estudos.
ILUSTRAÇÃO 65 - RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE
RORAIMA ATIVIDADES E PROJETOS PARA O
SEU CORRETO MANEJO
DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA
ANÁLISE REALISTA DOS RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE RORAIMA :
CAPTAÇÃO
CONDUÇÃO E ARMAZENAMENTO
TRATAMENTO DA ÁGUA
SISTEMAS ALTERNATIVOS PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA
- SEMEADURA ARTIFICIAL DE NUVENS
(CHUVAS ARTIFICIAIS)
JAIME DE AGOSTINHO – 1 993
ILUSTRAÇÃO 66 – FLUXO OPERACIONAL PARA O ESTABELECIMENTO DE |
||||
|
DIAGNÓSTICO REGIONAL |
|||
|
|
|
|
|
GOVERNO |
|
LEI DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS |
|
CLASSIFICAÇÃO CURSOS D’ÁGUA |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
ESTUDOS DE DEMANDA |
|
|
|
|
|
URBANIZAÇÃO |
|
ÁGUA POTÁVEL |
|
DEGRADAÇÃO |
|
|
|
|
|
|
RECURSOS MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO |
|
ESGOTOS, LIXO, DESMATAMENTOS |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
MUNICIPAL |
|
PLANO PARA EXTRAÇÃO MINERAL |
|
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
DNPM / GOVERNO ESTADUAL/ |
|
PREFEITURA |
JAIME DE AGOSTINHO – 1 999
Quanto aos recursos hidroenergéticos, excetuando-se estudos superficiais da década de 70, nada mais foi feito visando a quantificação e localização dos possíveis potenciais hidroenergético das bacias hidrográficas do Estado, principalmente no que diz respeito às áreas de serras, visando a sua utilização em pequenos projetos de mini-hidrelétricas.
9.7.3 - Exploração da Pesca
A atividade pesqueira no Estado carece de urgentes estudos e medidas visando a sua reavivação. As produções são ano a ano mais baixas, o consumo exige a cada dia mais volume de pescado que começa a entrar maciçamente no Estado proveniente de outros Estados Amazônicos, muitas vezes com o apoio e subsídio de políticas paternalistas do Governo Estadual.
Os poucos estudos sobre a pesca no Estado pertencem ao passado, na década de 1970, a SUDAM desenvolveu junto com a Serete um diagnóstico da situação pesqueira e uma esquematização de possível linhas de ação, que hoje ainda continuam extremamente válidas. Em função disto transcrevemos com algumas adaptações o que foi proposto em 1977.
ESQUEMATIZAÇÃO DE POSSÍVEIS LINHAS DE AÇÃO :
9.7.4 - Exploração dos Recursos Florestais
Tal como já foi analisado anteriormente por este trabalho, os recursos florestais do Estado de Roraima devido as peculiaridades ecológicas das suas áreas de ocorrência necessitam de estudos e técnicas especiais para a sua exploração.
Atualmente a exploração da maior parte da madeira em Roraima não segue a legislação específica. É uma atividade que se utiliza das falhas da legislação para obtenção da matéria prima, principalmente em projetos de assentamentos rurais onde negocia-se a licença para desmatamento parcial das propriedades obtida junto ao Ibama pelo colono. O “garimpo florestal” onde o madeireiro faz corte seletivo das espécies mais nobres, destruindo centenas de outras árvores durante a derrubada e abertura de varadouros para arraste das toras e uma das “técnicas” mais usuais no Estado.
Estudos específicos sobre o diagnóstico e inventário global dos recursos florestais em Roraima tiveram seu início durante o Projeto RADAMBRASIL em 1975.
Antes disto, em 1961 o Governo Federal tinha instituído a Reserva Florestal do Parima através do Decreto 51.042/61 de 25/07/61, área esta que nem chegou a ser estudada e muito menos explorada devido à sua localização bastante inacessível.
Em 1979 foi realizado ela primeira vez por um particular um trabalho pioneiro de inventário florestal e proposição de meios para a exploração autosustentada de glebas florestais do distrito agropecuário de Caracaraí, na propriedade do Sr. Saul Benchimol.
Em 1989 o Governo Federal criou a Floresta Nacional de Roraima com 2.664.685 ha, através do Decreto n.º 97.545 de 01/03/1989. Esta área englobava a antiga Reserva Florestal do Parima e envolvia as “ilhas” das áreas ianomamis criadas pelo Projeto Calha Norte. Esta área tinha usos restritos, mais permitidos; tanto para exploração mineral como para retirada de recursos florestais.
Em 15/11/91 a portaria ministerial n.º 580 é homologada pelo presidente Collor e ficava instituída a área indígena ianomami que englobou praticamente toda a Floresta Nacional de Roraima. Em todo este período não foi realizado nenhum estudo pelo Governo federal, sobre a viabilidade de aproveitamento dos recursos florestais nesta área.
Em 1993 a Fundação Ecoamazônia apresentou projeto visando o ecodesenvolvimento de áreas florestais de Roraima gerando módulos agrosilviculturais extrativistas.
E finalmente em 1994 a FIER, CNI e Fundação Ambtec, Com o apoio da GTZ – Agência Alemã de Cooperação Técnica apresentaram projeto de polo de desenvolvimento da produção florestal sob regime de manejo sustentável no Estado de Roraima, a ser implantada na região do médio Rio Mucajaí (Paredão), em uma área residual da Floresta Nacional de Roraima , projeto este que até o momento não teve sucesso.
É de fundamental importância para o Estado, a criação de uma estrutura com bom substrato técnico – científico , que procure inventariar os recursos florestais e desenvolva sistemas e tecnologias de extração e manejo florestal, dentro da filosofia de autosustentabilidade.
Cuidados especiais também deverão ser estabelecidos nas áreas florestal de transição ou mosaico, entre a mata amazônica densa e as savanas. Estas áreas, de equilíbrio ecológico muito frágil estão junto aos principais núcleos populacionais do Estado (Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí e Caracaraí), ocorrendo no verão vários incêndios florestais. O maior exemplo foi o mega incêndio ocorrido principalmente nestas áreas no verão 1997/1998, com incalculáveis prejuízos aos pequenos agricultores e à ecologia regional. Para isto seria necessário a implantação de um sistema preventivo e corretivo para tais incêndios, gerando inicialmente um mapa de risco de incêndios florestais. A Ilustração 67 nos dá uma idéia de um fluxo metodológico para a elaboração deste mapa.
As áreas de matas galerias, apesar de protegidas por Lei (Código Florestal) e serem consideradas de preservação permanente (proibida a sua utilização) estão sofrendo ano a ano uma violenta redução. Os exemplos mais gritantes são as matas ciliares dos rios Murupu e Cauamé, destruídas ano a ano por utilizadores de suas praias no Verão; matas do vale do Igarapé Surrão que foram quase que totalmente removidas em conseqüência de um projeto mal planejado pelo Governo Estadual visando a relocação dos oleiros da margem direita do Rio Branco a jusante de Boa Vista; as matas marginais do Rio Branco nos fundos do Distrito Industrial sendo gradativamente retiradas por posseiros invasores; toda a orla do Rio Branco junto a Boa Vista ocupada por residências de alto luxo, clubes e obras públicas que ano a ano vem reduzindo a suas matas ciliares ; as belíssimas matas ciliares da região das Cachoeiras do Bem Querer em sua grande parte estão sendo removidas por projetos agropecuários de grandes empresários e políticos influentes no Estado .
Para evitar-se este grande problema bastaria que a legislação fosse corretamente aplicada e que os órgãos ambientais responsáveis tivessem estrutura de fiscalização adequada e principalmente vontade política em executar este trabalho que é a razão principal da existência dos mesmos.
Em setembro de 1999 o Ministério do Meio Ambiente organizou em Roraima um seminário denominado “Agenda Positiva – Alternativas ao Desmatamento”, e dentre os documentos apresentados destacou-se o elaborado por instituições não governamentais baseando-se em proposta da Ecoamazônia, com os tópicos e propostas resumidas na Tabela 44