transformados em áreas de lazer e pesca predatória particular. O fechamento criminoso de bocas dos afluentes do Rio Branco no seu alto curso, próximo a Boa Vista, com utilização de redes de malhas finas está pondo em risco o repovoamento destes rios e igarapés por peixes que sobem naturalmente os seus cursos. Visando preservar ecossistema significativos do Estado de Roraima o Ibama tem sob sua responsabilidade 5 unidades de conservação quais sejam: Estações Ecológicas da Ilha de Maracá, Niquiá e Caracaraí; o Parque Nacional do Monte Roraima e a Floresta Nacional de Roraima. Destas unidades de conservação somente a estação ecológica da ilha de Maracá é que se encontra implantada e em operação. A estação ecológica de Caracaraí está totalmente comprometida devido a invasões de pequenos produtores agrícolas, a Floresta Nacional de Roraima foi praticamente toda englobada pela área Ianomani e o Parque do Monte Roraima é pretendido pela FUNAI para fazer parte da área indígena contínua Raposa Serra do Sol.
No momento, está havendo a transferência do Exército Brasileiro para o IBAMA de duas áreas que futuramente serão instalados dois parques nacionais: Serra da Mocidade e Viruá.
Roraima possui na sua estrutura governamental um Departamento de Meio Ambiente vinculado à Secretaria de Planejamento, Indústria e Comércio, que entre outras atividades tem a realizar a avaliação e controle ambiental a pesar das dificuldades de falta de técnicos especializados, poucos recursos financeiros e principalmente pelo não cumprimento da legislação ambiental estadual.
O Estado possui algumas poucas entidades não governamentais dedicadas a estudos ambientais que independentemente das dificuldades atuais desenvolvem dentro de suas atribuições um trabalho silencioso, porém eficiente para o ecodesenvolvimento de Roraima.
9 - ESTRATÉGIAS BÁSICAS PARA UM PLANO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO ESTADO
DE RORAIMA
9.1- Introdução
O Estado de Roraima criado em 1988 vem tentando de uma forma tímida a implementação de estratégias básicas que visem o seu desenvolvimento econômico e social, independente das fortes injeções de recursos por parte da União nestes últimos anos, dentro de um cronograma de ajuda que por preceito constitucional começaram a ser reduzidos desde 1 998, obrigando ao Estado o desenvolvimento de mecanismos e atividades para a geração de seus próprios recursos através de atividades produtivas.
Este documento procura contribuir tanto metodologicamente como praticamente na implementação de uma política de desenvolvimento sustentável do Estado através de sua auto-suficiência de produção, manejando corretamente os recursos naturais e principalmente respeitando a população humana que aí vive.
Para a consolidação de um Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Roraima é necessário que sejam estabelecidas estratégias básicas calcadas num conhecimento detalhado da realidade atual para a partir daí serem estabelecidos cenários alternativos futuros visando a sua implementação e conseqüente benefício para a qualidade de vida da população e do meio ambiente regional.
Dentre uma extensa série de demandas de planos para o desenvolvimento harmônico e sustentável do Estado, foram priorizadas 14 que são listadas na Tabela 40
TABELA 40 - ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DO ESTADO DE RORAIMA
(DEMANDAS DE PLANOS )
1 |
PLANEJAMENTO A CURTO E MÉDIO PRAZOS |
2 |
PLANO DIRETOR GOVERNAMENTAL |
3 |
EXECUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO - ECONÔMICO |
4 |
DEFINIÇÃO DE USOS PARA ÁREAS INSTITUCIONAIS |
5 |
ESTABELECIMENTO DE POLÍTICAS SOCIAIS REALISTAS PARA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO |
6 |
CRIAÇÃO DE PLANO PARA USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS |
7 |
PLANO DE TRANSPORTES E VIAS DE COMUNICAÇÃO |
8 |
DEFINIÇÃO DE MATRIZ ENERGÉTICA PARA O ESTADO |
9 |
DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICA AGROPECUÁRIA CONSISTENTE |
10 |
PLANO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO |
11 |
EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA |
12 |
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA ESTADUAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA |
13 |
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O ESTADO DE RORAIMA |
14 |
QUALIDADE AMBIENTAL URBANA |
Para o desenvolvimento econômico - social de Roraima seriam necessárias uma série de ações integradas nas diversas áreas do Estado, quais sejam:
Na área rural:
Na área de exploração dos recursos naturais:
Na área indígena:
terras indígenas
- Proteção efetiva das comunidades isoladas, garantindo a sua sobrevivência e evitando
ações que possam interferir em suas culturas.
E finalizando na área urbana:
A Ilustração 46 mostra a possível articulação e integração destas diversas atividades dentro das diversas áreas do Estado de Roraima.
ILUSTRAÇÃO 46 - AÇÕES NECESSÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL DO ESTADO DE RORAIMA
MEIO URBANO
ZONA DE PROCESSAMENTO DE IMPORTAÇÕES
RECURSOS NATURAIS
JAIME DE AGOSTINHO - 1.993
9.2 - Planejamento a curto e médio prazo
Na implantação de qualquer projeto de desenvolvimento regional é de fundamental importância a execução de um planejamento de médio a longo prazo, que não se atrele a períodos de governo estanques, mais sim tenha uma continuidade temporal acima de necessidades imediatas meramente políticas-partidárias ou de realização profissional.
No caso específico do Estado de Roraima, devem ser considerados os seguintes aspectos na execução de um planejamento de médio a longo prazo:
Infelizmente no Estado de Roraima poucos governos preocuparam-se em fazer e utilizar-se do planejamento como instrumento para induzir o desenvolvimento do Estado. Tivemos verdadeiras ações de estelionato do planejamento, gerando-se muitos papeis e publicações muitas vezes vazias de conteúdo e sem nenhuma aplicabilidade prática. O planejamento instintivo dos governantes apesar de ser altamente condenável foi muito utilizado deixando as áreas responsáveis pelo verdadeiro planejamento executando estudos orçamentários, convênios e palestras expositivas.
Um planejamento sério e realista do Estado de Roraima deve pautar-se pela análise e proposições nas diversas áreas de atividades estaduais, das quais, entre outras se destacam:
· atividades econômicas.
A Ilustração 46 mostra as áreas de ação do planejamento para o desenvolvimento do Estado.
Um planejamento visando o desenvolvimento econômico - social do Estado de Roraima deve pautar-se em atender as seguintes necessidades e requisitos:
problemática estadual.
ILUSTRAÇÃO 46 - ÁREAS DE AÇÃO DO PLANEJAMENTO PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO ESTADO DE
RORAIMA
QUALIDADE
DE VIDA
TURISMO
JAIME DE AGOSTINHO - 1.993
Um dos instrumentos de planejamento básicos para o desenvolvimento do Estado é a execução e implementação de um plano diretor governamental, que além de ordenar racionalmente as atividades do Executivo Estadual, promove a continuidade administrativa - financeira do Estado independentemente das mudanças dos períodos de governo, além de eliminar a personificação que é tão nociva nos planos governamentais.
Como contribuição necessária para a elaboração de um plano diretor governamental para o Estado de Roraima são expostas a seguir as fases básicas e seu detalhamento necessário para a sua correta consecução.
9.3.1 - Importância do plano diretor governamental
· É uma prática corrente e necessária em todos os países desenvolvidos.
· Permite, nos países democráticos, uma participação ativa e permanente da comunidade nas decisões para a implantação de projetos e ações de governo, evitando-se a tomada de medidas unilaterais irreversíveis por parte do governo ou empresários.
9.3.3 - Metodologia para execução do plano diretor governamental
Para um plano diretor governamental ter sucesso, deve ter no mínimo as seguintes características:
A seguir, a Ilustração 47 mostra o fluxo metodológico básico que pode ser seguido para a implantação de um plano diretor governamental, para o Estado de Roraima, com todas as suas fases básicas.
ILUSTRAÇÃO 47 - FLUXO METODOLÓGICO DO PLANO DIRETOR
GOVERNAMENTAL PARA O ESTADO DE RORAIMA
FASES BÁSICAS:
GÊNESE
PLANEJAMENTO
DIAGNÓSTICO
PROGRAMAÇÃO
MONTAGEM DO
PLANO BÁSICO
9.4 - ZONEAMENTO ECOLÓGICO – ECONÔMICO
O Zoneamento Ecológico - Econômico deve ser concebido como um instrumento de consistência tecno-científica visando dar ao governo diretrizes e alternativas para a exploração racional de seus recursos econômicos, em harmonia com o meio ambiente natural, tendo como meta fundamental a melhoria de qualidade de vida da população de um determinado espaço geográfico onde se decida realizar uma intervenção.
A não implementação do zoneamento ecológico – econômico implica na ausência de uma política de ocupação racional de uma região, o que poderá provocar o aproveitamento inadequado do potencial de recursos naturais e interferir seriamente na qualidade de vida da população que ali vive, cem como a busca de soluções que permitam definir ações imediatas de apoio e continuidade a esse processo deve ser uma permanente preocupação dos governos municipal , estadual e federal.
O Zoneamento Ecológico-Econômico visa suprir os governos em todos os seus níveis com informação consistentes sobre o espaço geográfico local e regional, bem como servir de instrumento de planejamento a todas as ações que interfiram na modificação deste espaço, sem que haja agressão ao meio ambiente natural.
Dentro de uma realidade física-biótica das unidades diferenciadas todos os aspectos sócio econômicos-culturais conseqüentes da atividade antrópica sobre os diversos sistemas naturais, de onde se destacam os assentamentos humanos, a utilização do solo, exploração econômica , ocupação e utilização de unidades de conservação, etc.
O Zoneamento Ecológico - Econômico deve ter como objetivos globais:
de seus recursos naturais garantido assim a integridade de seus ecossistemas mais
significativos, numa visão integrada de planejamento e desenvolvimento regional.
Já como objetivos de caráter específico temos: