Bacia do Rio Cotingo

 

 

FIGURA 28- MAPA DE APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DO VALE DO RIO COTINGO

                                                                                               

 

Uma vez definidas as etapas anteriores, recorre-se ao Quadro Guia de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras devendo-se usar para Roraima o Quadro Guia de Avaliação para a Região Tropical Úmida (5, pág. 35). Esse quadro tem por função padronizar, ao que for possível, a classificação da aptidão agrícola dos solos, interpretação esta de ordem subjetiva, porém com padrões eleitos pelo SNLCS para delimitar classes de aptidão, tornando a interpretação mais precisa.

O grupo de aptidão é um artifício cartográfico, que identifica no mapa o tipo de utilização mais intensivo das terras, ou seja, sua melhor aptidão. 1, 2 e 3, identificam as lavouras como tipo de utilização, e os níveis de manejo associados às classes de aptidão agrícola contidas no subgrupo.
Ex.: Classificação: 1 (a) b C
        Grupo: 1
        Subgrupo: (a) b C
Classes:
Para nível de manejo A - restrita  (a)
Para nível de manejo B - regular   b

 

FIGURA 29 - Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola das terras


CLASSE

TIPO DE UTILIZAÇÃO

DE

LAVOURAS

PASTAGEM

SILVICUL-

PASTAGEM

APTIDÃO

 

PLANTADA

TURA

NATURAL

AGRÍCOLA

NÍVEL DE MANEJO

NÍVEL DE

NÍVEL DE

NÍVEL DE

 

A

B

C

MANEJO B

MANEJO B

MANEJO A

BOA
REGULAR
RESTRITA
INAPTA

A
a
(a)
-

B
b
(b)
-

C
c
(c)
-

P
p
(p)
-

S
s
(s)
-

N
n
(n)
-

Ao nível de manejo A cabem os seguintes tipos de utilização: 1, 2, 3, 5, representando respectivamente: lavouras e pastagem natural.
Ao nível de manejo B cabem os seguintes tipos de utilização: 1, 2, 3, 4 e 5, com as devidas classes, representando respectivamente: lavouras, pastagem plantada e silvicultura.
Ao nível de manejo C cabem os seguintes tipos de utilização: 1, 2 e 3, ou seja, lavouras.
No quadro a seguir (Fig. 30) é demonstrado que o aumento da intensidade de uso é inversamente proporcional ao aumento da intensidade de limitações.

FIGURA 30 - Alternativas de utilização das terras de acordo com os grupos de aptidão agrícola


GRUPO DE

AUMENTO DA INTENSIDADE DE USO
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

APTIDÃO

PRESERVAÇÃO DA

SILVICUL-TURA E/OU

LAVOURAS

AGRÍCOLA

FLORA E DA FAUNA

PASTAGEM NATURAL

PASTAGEM PLANTADA

APTIDÃO RESTRITA

APTIDÃO REGULAR

APTIDÃO BOA

A  D    D  D
U  A     I   E
M         M
E   L     I  U                          

1

 

 

 

 

 

 

N   I     N  S
T   M   U  O
O   I     I
      T    Ç  

2

 

 

 

 

 

 

D   A    Ã
A   Ç    O
      Ã
I    O    D

3

 

 

 

 

 

 

N         A
T          S
E   
N         A
S          L

4

 

 

 

 

 

 

I           T
D         E
A         R
D         N
E          A      

5

 

 

 

 

 

 

            T
            I
            V
            A 
            S

6

 

 

 

 

 

 

 

 

Os níveis de necessidade de aplicação de insumos dizem respeito aos níveis de manejo B e C e se classificam em F1-Baixo, F2-Médio, F3-Alto e F4-Muito Alto.

Os níveis de exigências quanto ao emprego de práticas conservacionistas são compatíveis aos níveis de manejo B e C, e se classificam em C1-Baixo, C2-Médio, C3-Alto e C4- Muito Alto.

Os níveis atribuídos para avaliar as possibilidades de utilização de máquinas e implementos agrícolas baseiam-se nas restrições que as terras apresentam para serem utilizados sob o nível de manejo C, e se classificam em M1- Muito Alto, M2- Alto, M3- Médio e M4- Baixo .

 

3.6.4.2- Avaliação das Classes de Aptidão Agrícola das Terras

 

Unidade de Mapeamento:  LA-2b
Classe de Aptidão: 3(bc) - Aptidão restrita para lavoura no nível de manejo C, restrita para o nível de manejo B e inapta para o nível de manejo A.

Análise: Os principais problemas são devidos à baixa fertilidade e à deficiência de água. A exigência de fertilizantes e corretivos é muito alta. A nível de manejo C conseguiria melhorar bastante  a fertilidade usando altas doses de adubos e corretivos de forma periódica, visto que a lixiviação nestes solos é altíssima, acarretando em perdas anuais na fertilidade do solo. O manejo de adubação deve se adequar a essas perdas por lixiviação, somando-se essa diferença ao que é naturalmente extraído e exportado do solo pelas culturas. Para o nível de manejo B, torna-se mais difícil a melhoria da fertilidade e as deficiências são removidas com menos eficácia, o que justifica a classe lavoura restrita para este nível. Ao nível de manejo A, corresponde a classe inapta para lavoura e regular para pastagem natural, já que as deficiências não podem ser corrigidas neste nível. Para todos os níveis, visando a minimização da deficiência de água e lixiviação, é importante que se adotem práticas de conservação e adição de matéria orgânica para que se aumente a capacidade de retenção de água e nutrientes . A queimada é o que de pior pode se executar em termos de manejo, e é o que mais se faz, associada sempre a pecuária extensiva.
As culturas indicadas para este tipo de solo devem se enquadrar nas seguintes características:

Considerações Quanto ao Manejo

 

Unidade de Mapeamento: TR-2
Classe de Aptidão: 4P - Aptidão boa para pastagem plantada.

Análise: Esta aptidão está associada ao nível de manejo B, podendo a área ser usada para silvicultura (florestamento, reflorestamento) também neste nível de manejo. Para o nível de manejo A, a aptidão é regular para pastagem natural. Para o nível de manejo C, a aptidão é inapta. O que limita o uso deste solo a classes de aptidão tão baixas, é a grande suscetibilidade à erosão e o grande impedimento à mecanização. Os demais fatores: deficiência de água, deficiência de oxigênio e deficiência de fertilidade não limitaram seu uso, pois não causam problemas, principalmente o que diz respeito à fertilidade. As práticas agrícolas recomendadas para este solo dizem respeito à conservação do mesmo para que não seja exaurido pela erosão, o que significaria grande perda tanto para o ecossistema regional quanto para a economia, uma vez que terras eroditas perdem seu valor e preço. Todo o uso deve ser feito nas áreas menos acidentadas, sempre em curva de nível e de forma racional para que um mínimo de área seja explorado com um máximo retorno e manutenção do potencial natural. Caso seja utilizado com pastagem plantada, deve-se fazer o uso de espécies florestais em cordões em nível para que haja infiltração da água no solo e menos escorrimento superficial, o que acarretaria erosão. Embora seu uso possa se dar dessa forma, o mais recomendado é que seja mantida a cobertura florestal podendo haver enriquecimento de espécies, ou que seja implementado reflorestamento onde o relevo permitir. Caso seja executada a hidrelétrica do Cotingo, o zoneamento prevê que está área comporá parte do cinturão verde do lago da hidrelétrica, pela função de proteção de valiosa importância ao empreendimento.
Considerações quanto às espécies:

 

Considerações quanto ao manejo:

 

Obs.: o exame destes solos é complexo, pois embora não tenha havido uma separação da unidade PVA-4 no levantamento pedológico em duas unidades, motivada por diferenças na cobertura vegetal, na aptidão agrícola o PVA-4 foi subdividido em PVA-4 área de Floresta e PVA-4 área de Savana. A unidade de mapeamento PVA-6 será analisada em conjunto ao PVA-4 fase savana por terem as mesmas características básicas de aptidão.

Unidade de Mapeamento: PVA-4 (área de Floresta)
Classe de Aptidão: F 2(a)bc - aptidão regular para lavoura nos níveis de manejo B e C, e aptidão restrita para lavoura no nível de manejo A.

Análise: O problema da baixa fertilidade deste solo não é tão severo quanto no caso dos latossolos, mas mesmo assim no nível de manejo A a fertilidade representa a principal limitação. Para o nível de manejo B, a deficiência de fertilidade pode  ser resolvida parcialmente estando associada a uma susceptibilidade à erosão que leva este nível de manejo a ficar com aptidão regular para lavoura. No nível de manejo C o fator que restringe a aptidão em regular para lavoura é a impossibilidade de mecanização, associada à susceptibilidade à erosão, causadas por um relevo que varia de suave a forte ondulado. A área deste solo pode ter vários tipos de uso, quais sejam: lavouras de ciclo curto e longo, pastagem plantada, reflorestamento e até mesmo manejo florestal, uma vez que apresenta volumetria de madeira superior a 150m3/ha (simbolizado pela letra F que acompanha a classe de aptidão). Em termos de solo e clima , estes usos são compatíveis desde que o fator de conservação faça  parte dos projetos agrícolas para área. Esta área é favorecida por um regime hídrico estável, sem período seco, apresentando também, boa drenagem. Potencialmente, seria uma das melhores áreas agricultáveis da Bacia do Rio Cotingo. Porém, saindo-se da análise meramente técnica e analisando-se outros fatores quer sejam: sócio-econômicos, ecológicos e de viabilidade, chega-se a conclusão de que a área não deve ser destinada aos tipos de uso conservacionistas. Isto é explicado pela importância da vegetação natural para o ecossistema regional. O Parque Nacional do Monte Roraima tem parte de seu território incluso nesta unidade e em caso de desmatamento ou outros usos, teria seu potencial natural afetado. A melhor opção de uso é a preservação e/ou conservação visando a pesquisa, o turismo e a manutenção de uma região singular, rica em refúgios silvestres e espécies endêmicas.
No mapa de aptidão do ZEE-RR o PVA-4 (área de floresta) aparece com aptidão F 2(a)bc, se tratando apenas de avaliação técnica isolada. Já no mapa geral do Zoneamento essa aptidão desaparece, sendo substituída pela aptidão para preservação e/ou conservação.
Unidades de Mapeamento: PVA-4 (área de savana) e PVA-6
Classe de aptidão: 3 (abc) - Aptidão restrita para lavoura nos níveis de manejo A, B e C.

Análise: Para o nível de manejo A os fatores limitantes são a deficiência de fertilidade e a deficiência de água. Para os níveis de manejo B e C os fatores limitantes são, a deficiência de água, a susceptibilidade à erosão e impedimentos à mecanização. Esta deficiência de água é resultado de um clima termaxeroquimênico de caráter médio, indicando um período seco de 4 a 6 meses. Estes solos podem sustentar lavouras, pastagens plantadas ou naturais e silvicultura (florestamento e reflorestamento), mas por estarem associados a um relevo movimentado é necessário um plano de conservação de solo.
No mapa de aptidão agrícola estes solos são colocados totalmente à disposição dos usos  mencionados anteriormente, mas o seu nível de detalhamento das condições de relevo é apenas razoável. Foi necessário adequar esta aptidão para o mapa final do ZEE-RR da Bacia do Rio Cotingo, isto é, as áreas serranas, de relevo acidentado, foram separadas para a conservação, pois seu uso não é aconselhado devido a alta  susceptibilidade à erosão.
Considerações quanto às espécies adequadas à área:

Considerações quanto ao manejo:

 

Unidade de Mapeamento: LH-2 e LH-3
Classe de Aptidão: 3 (bc) - Aptidão restrita para lavoura nos níveis de manejo B e C, e inapta para lavoura no nível de manejo A.
Análise: O que diferencia as duas classes de mapeamento LH-2 e LH-3 é apenas a associação que perfazem cada uma com um solo diferente, e não a aptidão agrícola do seu solo principal (Plintossolo), que será analisada a seguir.
No nível de manejo A a aptidão é regular para pastagem natural, no nível C é restrita para lavoura e no nível B também, podendo neste último ser utilizada a pastagem plantada e/ou silvicultura. Os principais fatores limitantes para todos os níveis de manejo são a deficiência de fertilidade, a deficiência de água e a deficiência de oxigênio. Apesar do plintossolo ser de origem hidromórfica, os dados recentes que se tem da área quanto ao excesso de água não chegam a ser tão restritivos, e o são menos ainda quando  se leva em consideração a possibilidade de drenagem artificial destes solos. Quanto à ocorrência de plintita, isto não chega a se constituir em barreira para um sistema radicular mais profundo, típico de espécies perenes, pois as concreções são pequenas e esparsas, principalmente se as raízes dessas espécies forem fortes. É necessário porém, que sejam feitos experimentos na área antes de ser implementada exploração econômica, principalmente com espécies de ciclo longo para que não sejam acarretados prejuízos futuros. Quanto à erosão não há problemas sérios pois o relevo é plano, e, quanto à mecanização idem, com exceção de algumas áreas de contato com solos litólicos onde aparecem afloramentos rochosos. Para dados mais precisos é necessária uma avaliação do regime hídrico  destes solos na área do Cotingo, coisa que não se tem até o momento. As recomendações, portanto são as seguintes:
Consideração quanto às espécies:

Consideração quanto ao manejo: