[Sumário]

3.6. Atividades Econômicas da Área

3.6.1. Pecuária Extensiva

É sem sombra de dúvidas a principal atividade atual da área, que congrega parcela significativa do rebanho bovino do Estado de Roraima. Apesar da baixa capacidade de suporte das pastagens da região que oscila entre 5 a 10 hectares por cabeça, a região se distingue pela alta taxa de natalidade de crias, independentemente do pouco peso por animal. Esta atividade concentra-se maciçamente nas áreas de savanas e sopés das serras, possuindo bastante mobilidade na época seca, quando o gado se desloca a procura de lagos ou igarapés que não sequem para sua desedentação. Na região das serras a atividade pastoril já é bem mais reduzida, mas também importante, existindo em praticamente todas as comunidades indígenas e fazendas da área. Nestas áreas as pastagens são mais ricas e os animais vão ter possibilidade de maior peso.

A estimativa atual é de 59.000 cabeças de gado na região, sendo 22.000 para as comunidades indígenas (FUNAI 1.992) o que vai dar uma densidade de 3,3 bovinos por quilômetro quadrado ou 43 hectares por cabeça de gado, ou ainda 3 cabeças de gado por habitante. Para as comunidade indígenas vamos ter a média de 2 cabeças de gado por indivíduo.

A média estadual está por volta de 1,56 cabeça por quilômetro quadrado ou 65 hectares por cabeça de gado, ou ainda 1,56 cabeça de gado por habitante.

 

 

 

 

3.6.2. Agricultura de Subsistência

Este tipo de atividade econômica vai existir em toda a região, em maior ou menor escala. Na área de savanas vai predominar o sistema semi-itinerante nas fazendas e malocas, existindo em muitos casos, próximos a rios, lagos e igarapés as culturas de vazante. A utilização de áreas nos sopés das áreas acidentadas ou no interior das ravinas florestadas é muito comum por parte das comunidades indígenas. Nas serras temos uma maior atividade na exploração da agricultura de subsistência, situação esta derivada normalmente do maior isolamento das malocas e fazendas do fluxo de abastecimento de Boa Vista e de outras áreas próximas. Na região de mata vamos ter a agricultura de subsistência no seu sentido mais direto e primitivo nas comunidades ingaricós que utilizam o sistema da roças itinerantes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.6.3. Agricultura Comercial

É uma atividade de peso muito importante na porção Sul da região como na economia do Estado, centrada principalmente e quase que exclusivamente no plantio de arroz irrigado nas várzeas dos rios Tacutú, Surumú e baixo Cotingo. O plantio do arroz de sequeiro ocorre também em algumas áreas do lavrado. Nas áreas de serras não temos atividades de expressão com exceção a bacia do rio Carabanang onde inicia-se o processo de colonização em áreas de terra roxa estruturada. Na área de mata inexistem atividades agrícolas comerciais.
Conforme informações da Secretaria de Agricultura do Estado a área plantada para arroz irrigado ultrapassa os 5.000 hectares (1.996), com uma previsão bastante boa de produção, por volta de 25.000 toneladas de arroz em casca (produtividade de 6,0 toneladas por hectare).

Lavouras comerciais de outros produtos agrícolas vão existir também na área próxima à Normandia, onde destaca-se a produção de melancia, tomate salada, milho, etc.

 

 

 

 

 

 

 

 

3.6.4. Extrativismo Vegetal

Na região de savana temos a utilização de madeira para lenha, como para construções obtida com bastante dificuldades devido à característica de cobertura vegetal local. A utilização da palha de buriti para cobertura de malocas e fazendas é tradicional e bastante disseminada. Nas serras a ocorrência de madeiras melhora um pouco permitindo um uso mais intenso. Em todas as regiões do Norte/Nordeste de Roraima vamos ter o extrativismo vegetal sem expressão econômica, já que funciona mais para suprimento das necessidades básicas de subsistência do que com o fito comercial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 
3.6.5. Extrativismo Mineral
 

Esta atividade econômica ainda subsiste na região de uma forma bem menor que no passado, quando era junto com a pecuária a maior receita do Estado de Roraima. Independentemente do elevado potencial avaliado pelo Projeto RADAM e estudos recentes do DNPM e CPRM a atividade aí desenvolvida de extração mineral é altamente degradadora do meio ambiente e de baixíssima produtividade com perdas que ultrapassam 70%. Estas atividades concentram-se nos rios Maú, médio Cotingo e Quinô. O processo mais comum são balsas no centro do leito dos rios ou desmonte lateral dos barrancos. Atualmente o foco maior do garimpo clandestino mecanizado é o vale do Rio Quinô, onde as comunidades indígenas aí localizadas (Piolho, Maloquinha e Caju) permitem e ocasionalmente participam do processo. No alto Quinô, especificamente no Rio Suapí temos atividade semi-organizada que chegou a ter alvará do DNPM. Além do garimpo clandestino mecanizado, temos a atividade de faiscação e cata com uso de aparelhos rudimentares em alguns pequenos pontos onde principalmente as comunidades indígenas exercem o garimpo manual, podendo ser citados os das malocas do Olho D’água, Caraparú e Maravilha no Rio Cotingo, além de outros em grotas da bacia do Rio Maú por indígenas da Maturuca, Socó, Uiramutã entre outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 
3.6.6. Caça
 
É uma atividade ocasional realizada tanto pelos índios e não índios da região que perdeu o caráter de subsistência, sendo substituída por carne de bovinos ou aves. Atualmente o que ocorre é quase que uma atividade de lazer desportivo que restringe-se a alguns lagos e ilhas de mata na área de savana e nas encostas florestadas das serras. No Norte temos a caça típica de subsistência dos índios ingaricós que realizam esta atividade tanto no lado brasileiro como chegam a organizar expedições de caça às matas da Guiana onde existe maior abundância de animais e aves.

Não existe portanto, com relação à caça, nenhuma expressão econômica regional.

 

 

 

 

 

 

 

 

3.6.7. Pesca

O Norte/Nordeste de Roraima não possui um potencial pesqueiro que tenha destaque como atividade econômica significativa. O Rio Tacutu possui um potencial pesqueiro bastante baixo e é onde se concentram algumas pequenas atividades de pesca artesanal. Os rios Maú e Surumú apresentam em seus baixos cursos um potencial pesqueiro bastante fraco. A população índia e não índia da maior parte da região utiliza-se principalmente dos lagos da área e alguns igarapés permanentes para uma pesca bastante incipiente que tende a se tornar praticamente nula nas áreas de serra e de mata, devido às condições naturais que limitam a produção e locomoção dos peixes (cachoeiras, poucos nutrientes, baixas temperaturas, baixo suporte ecológico, etc.).

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
3.6.8. Atividades Comerciais
 
As outras atividades comerciais de venda a varejo na região são de pequena monta e reduzem-se às desenvolvidas nas áreas urbanas de Normandia e Vila Pereira (Surumú), bem como em pequenos núcleos de comércio de beira de estrada tais como Placas, Ouricurí, nas vilas de Água Fria, Uiramutã, Socó e Mutum e em Caju, sendo que os quatro últimos atendem às vilas de mesmo nome. Algumas comunidades indígenas possuem pequenos comércios autônomos, como é o caso do Contão ou cantinas comunitárias. Algumas comunidades indígenas chegam em determinadas épocas do ano a fazerem um comércio significativo com Normandia e Boa Vista, vendendo o excedente de produção de farinha de mandioca, feijão, milho, carne de sol e couro. Ocorre também um comércio relativamente importante à economia do Estado que é a venda de gado em pé para abate em Boa Vista. O escambo generalizado caracteriza a área de savana e serras, sendo as trocas realizadas entre fazendas e comunidades indígenas. Nas áreas de garimpo desenvolve-se uma atividade informal de volume desconhecido de compra de ouro e diamantes, através da venda direta em Boa Vista ou o escambo com comerciantes itinerantes ocasionais. Na área de mata, área habitada pelos ingaricós, não se conhece nenhuma atividade comercial a não ser um pequeno escambo que os referidos indígenas realizam com populações macuxis do vale do Quinô e do médio Cotingo.
Permeando a todo este quadro vamos ter a injeção significativa de recursos por parte do Governo Estadual, algum da Igreja Católica e pouquíssimos da FUNAI que somados aos salários pagos a funcionários públicos tais como: professores, policiais, enfermeiros, etc., completam o quadro econômico regional e injetam recursos na movimentação comercial da área.

O maior centro comercial da área é o da sede do município de Normandia onde concentra-se mais de 80% do total destas atividades.

 

 

 

 

 

 

 

3.6.9. Atividades Turísticas

Apesar do elevado potencial desta região o turismo ainda é pouco explorado, resumindo-se a um pequeno empreendimento nas margens do Lago Caracaranã, raras excursões esporádicas às cachoeiras do Rio Mau (Orinduque), algum turismo de trilhas na área da Serra do Sol e Monte Roraima, passeios de barco no Rio Tacutu e baixo Surumú e festas religiosas em Normandia.

A Vila do Mutum, representando um período áureo da mineração na região está sendo recuperada por projeto do Instituto Geográfico, Histórico e Etnográfico de Roraima e poderá firmar-se como um pequeno polo turístico regional.

 

 

 

 

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