Zoneamento Ecológico

 

 

 

cheia do rio, entre os meses de abril a setembro, quando as balsas encontram condições de
navegabilidade para retirada e transporte do bem mineral. A extração de areia e principal-
mente do seixo, visa, particularmente, o abastecimento do mercado de materiais de construção
da cidade de Manaus, Amazonas. No período de estiagem a produção restringe-se ao consumo
interno. O licenciamento requer a sua não-submissão a processo industrial de beneficiamento
e matéria -prima à indústria de transformação.
Para que se explore de forma sustentável esse potencial em rochas claras e negras, para
pedras polidas, brita, paralelepípedos e guias de sarjetas será necessário a implementação de
condições de preservação ambiental das áreas de encostas de serras, nas proximidades das
estradas principais (BR-174 e BR-210) e secundárias, além da rede de drenagem. Outrossim,
recomenda-se ter cuidado com os aspectos de poluição atmosférica e sonora provocada pela
operação das pedreiras.
Depósitos de areia e seixo são explorados no leito do rio Branco, à jusante da cachoei-
ra Bem-Querer, município de Caracaraí. Sua extração é realizada principalmente na época de
cheia do rio, entre os meses de abril a setembro, quando as balsas encontram condições de
navegabilidade para retirada e transporte do bem mineral.
A extração de areia e principalmente do seixo, visa, particularmente, o abastecimento
do mercado de materiais de construção da cidade de Manaus, Amazonas. No período de estia-
gem a produção restringe-se ao consumo interno. Recomenda-se a implementação de condi-
ções de preservação ambiental nas drenagens explotadas.
3.2.5.3.2 – Bacia do rio Catrimâni - planícies alagadas
A região do baixo curso do rio Catrimâni, afluente do rio Branco caracteriza-se por
ampla distribuição de rochas sedimentares quaternárias (aluviões recentes, aluviões sub-
recentes e terraços) pouco favoráveis a investimentos exploratórios, salvo estudos paleoambi-
entais.
Existem numerosos campos de dunas eólicas, pela sua margem esquerda, que confe-
rem notável beleza cênica à região. Para norte, percorre área do Parque Nacional Serra da
Mocidade.
3.2.5.3.3 – Bacia do rio Água Boa do Univini - planícies alagadas
A região do baixo curso do rio Água Boa do Univini, afluente do rio Branco, caracte-
riza-se por ampla distribuição de rochas sedimentares quaternárias, aluviões recentes, aluviões
sub-recentes e terraços, sem grande potencialidade para recursos minerais. Para norte, adentra
a área da Estação Ecológica Niquiá.
A proximidade do Parque Nacional Serra da Mocidade e Estação Ecológica Niquiá,
propugnam pela proteção dos ecossistemas pressentes, preservação de seus recursos naturais
e criação de oportunidades para pesquisas científicas.
3.2.5.3.4 – Bacia do rio Xeriuini
A bacia do rio Xeriuini está instalada em área sedimentar quaternária, aluviões recen-
tes, aluviões sub-recentes e terraços, sendo parte integrante da bacia do rio Negro através do
Paraná do Amajaú. A totalidade da região não favorece a investimentos exploratórios, salvo
estudos geológicos, paleoambientais e outros, voltados para a proteção do ecossistema (Pan-
tanal Setentrional).
3.2.5.3.5 – Bacia do rio Jauaperi II
Domínio geologicamente representado por variável tipologia de granitos dominante-
mente acinzentados e em menor proporção róseos. As aluviões das drenagens que secionamalguns desses tipos têm revelado potencialidade para columbita-tantalita, motivo pelo qual a
atividade mineira (garimpagem e pequenos mineradores) se faz presente na região meridional
de Roraima. As aluviões são rasas (máximo de 1,0 metro de espessura) e com largura inferior
a 5,0 metros; minério e minerais pesados concentram-se em sua base. Há facilidade de acesso
devido o grande número de vicinais ligadas a BR-174 (trecho Rorainópolis – Martins Pereira)
e BR-210 (trecho Vila Moderna – Caroebe). Contudo, os resultados analíticos obtidos para os
óxidos de nióbio e tântalo (columbita-tantalita) revelaram baixo conteúdo desses elementos,
contra-indicando investimentos mais elevados. A pesquisas futuras desses bens minerais de-
vem direcionar-se no sentido de apontar novas áreas aluvionares, próximas aos corpos graníti-
cos mineralizados. Também, digno de nota, é a exploração de ametista, em veios de quartzo,
ainda pouco investigados, preenchendo fraturas nos granitos, cujos morros e serras expõem
frentes de rocha na forma de lajeiros e cuja proximidade das principais vias de acesso e de
rede elétrica favorecem a futuros investimentos com vistas ao seu aproveitamento para pedras
ornamentais e brita Os ensaios tecnológicos empreendidos apontam para sua utilização sem
restrições. Destaca-se aproveitamento dos granitos para brita, em obras de asfaltamento e de
manutenção da BR-174, BR-210 e vicinais, além de pavimentação das vilas Equador, Nova
Colina, Rorainópolis (sede do município), Martins Pereira, Novo Paraíso, Moderna, São Luís
do Anauá (sede), São João do Baliza (sede), Caroebe (sede) e Entre Rios.
Por outro lado, a efetiva contribuição desses recursos minerais para o desenvolvimento
sustentável não poderá prescindir da criação de condições de preservação ambiental nas áreas
de encostas de serras localizadas na proximidade das rodovias e ao longo da rede de drena-
gem, atentando-se, outrossim, para a proximidade de áreas urbanas e a possível poluição at-
mosférica e sonora provocada pela extração de brita e rochas ornamentais.
3.2.5.3.6– Bacia do rio Anauá
Domínio geologicamente complexo, representado por granitos e metassedimentos su-
bordinados. A compreensão do condicionamento estrutural da região é fator preponderante
para a investigação mineral, cabendo investigar-se as aluviões dos rios e igarapés, atrás de
indícios que possam conduzir à prospecção de detalhe.Quanto ao aspecto econômico, já hou-
ve produção, no passado, de até 18 kg de ouro/mês, em condições de trabalho ininterrupto. O
minério possui baixo teor de pureza, com 63% de ouro e 27% de prata.
Por seu turno, veios de quartzo, em superfície, contém sulfetos de ferro e cobre, como
pirita, calcopirita e bornita, além de turmalina. O controle da mineralização primária é emi-
nentemente estrutural e possivelmente conta com uma parcela de enriquecimento supergênico
no perfil de alteração da rocha, formando-se concreções ferruginosas e mais raramente, pe-
quenas pepitas de ouro livre, quase puro. A investigação geológica para ouro primário, em
profundidade, requer, naturalmente, maior nível de investimentos do que aqueles necessários
para a pesquisa aluvionar, tanto que a inexistência de um bom conhecimento geológico é o
principal fator restritivo ao desenvolvimento desse potencial mineral.
3.2.5.3.7 – Bacia do rio Ajarani
A região do baixo curso do rio Ajarani caracteriza-se por ampla distribuição de rochas
sedimentares quaternárias (aluviões recentes, aluviões sub-recentes e terraços), que represen-
tam a borda nordeste da bacia do rio Branco. Seu baixo curso registra o limite oriental da Es-
tação Ecológica Caracaraí. A partir de sua travessia pela BR-210 (Perimetral Norte), percorre
área rochosa representada em grande parte por gnaisses. Representa também parte do limite
da Terra Indígena Ianomami. A totalidade da região do curso do rio Ajarani, na área do ZEE,
não favorece a investimentos exploratórios, salvo levantamentos geológicos com finalidades

 

3.2.5.3.8 - Microbacia do rio Macucuaú - cabeceiras na planície alagada e curso médio-
baixo, na floresta.
A bacia do rio Macucuaú caracteriza-se por ampla distribuição de rochas sedimentares
quaternárias (aluviões recentes, aluviões sub-recentes e terraços), que não favorece a investi-
mentos exploratórios, salvo estudos geológicos paleoambientais. A região é propícia à im-
plantação de programas de proteção do ecossistema (Pantanal Setentrional) e à preservação de
seus recursos naturais.
3.2.5.3.9 – Bacia do rio Itapará - planícies alagadas
A região da bacia do rio Itapará caracteriza-se por ampla distribuição de rochas sedi-
mentares quaternárias (aluviões recentes, aluviões sub-recentes e terraços), pouco favoráveis a
investimentos exploratórios, salvo estudos geológicos paleoambientais. Destarte, recomenda-
se a sua destinação à preservação do ecossistema e as pesquisa científicas.
3.2.5.4 - Conclusões e recomendações tendo em vista o desenvolvimento sustentável
 De um modo geral essa macrozona é caracterizada por florestas nativas, com baixa
taxa de ocupação humana, assim como pequeno conhecimento do meio físico-biótico.
1) Do ponto de vista morfodinâmico as planícies são caracterizadas por áreas de gran-
de estabilidade, marcada pela alternância de períodos de deposição e erosão. Nas áreas planas
os fatores restritivos estão principalmente relacionados com a retirada da cobertura vegetal e
conseqüente exposição dos solos. A ocupação das áreas periodicamente inundáveis deve ser
balizada por estudos que indiquem os riscos de contaminação das águas. As áreas colinosas,
por seu turno, também devem ser ocupadas de forma racional, porquanto já se observam fei-
ções erosivas, naquelas porções já ocupadas.
2) Deve-se criar condições de preservação ambiental nas encostas de serras, nas pro-
ximidades de estradas principais (BR-174 e BR-210) e secundárias, além da rede de drenagem
(bacia do Rio Branco II).
3) Do ponto de vista hidrogeológico, os melhores poços no domínio fraturado chegam
a apresentar vazões maiores do que 20m3/h, podendo chegar a 50m3/h como encontrado na
sede do município de São João da Baliza.
4) Nas áreas isoladas de floresta nativa, localizadas no sul do Estado, caracterizadas
pelas baixas taxas de ocupação e reduzido conhecimento das características do meio físico-
biótico, recomenda-se a criação de áreas piloto para o estudo da biodiversidade.
5 Nas áreas de ocupação já definida, propõe-se a consolidação dos modelos econômi-
cos já estabelecidos, utilizando-se mecanismos de ordenamento territorial que abordem ques-
tões como a disposição do lixo, abastecimento hídrico da população e agricultura, definição e
recuperação de áreas susceptíveis à instalação de processos erosivos naturais ou antrópicos,
dentre outros aspectos.
6 - Nas áreas indígenas deve ser estudada, junto à FUNAI, a possibilidade de se des-
envolver sistemas de parcerias de lavouras e outras atividades econômicas.
7 -No caso de exploração de pedras e outros materiais de construção, próximo a áreas
urbanas, deve-se cuidar para que os estudos de impacto ambiental prevejam a prevenção dos
efeitos nocivos da atividade mineraria como a poluição atmosférica e sonora.
8 - Quando a atividade mineira incluir a exploração do ouro, como é o caso da bacia
do rio Uraricaá, deve-se monitorar o uso do mercúrio e a sua distribuição no meio ambiente e
nas populações.

                 Tomo I - Cap. II

9 - Outro aspecto que demanda atenção é a erradicação de doenças endêmicas, entre
garimpeiros e colonos situados nas proximidades das terras indígenas Ianomami.
10 - As bacias dos rios Jauaperi, Alalaú, Jufari, Xeriuini e Jatapu são propícias à pro-
teção de seus ecossistemas (Pantanal Setentrional), preservação de seus recursos hídricos,
bem como oferecem oportunidades para pesquisas científicas sobre sua biodiversidade visan-
do ao levantamento do potencial de exploração dos produtos oriundos da floresta (frutos, es-
sências, madeiras e outros
11 – Sugere-se a criação de uma área de proteção localizada acima da região de capta-
ção de água pela hidroelétrica do Jatapu, visando a proteção do potencial hidroelétrico da usina.
12 - É necessário que se estabeleçam planos diretores para a malha rodoviária, e suas
vicinais, tendo em vista a demanda por materiais de construção e os potenciais riscos de po-
luição das bacias decorrentes da instalação de postos de combustíveis, áreas de armazena-
mento e transporte de materiais tóxicos, plantas industriais e outras atividades potencialmente
perigosas.
A segmentação das rodovias, segundo as bacias que estejam cortando, conforme
indicado no mapa de subsídios à gestão territorial, visa justamente ressaltar e facilitar es-
sas medidas.
13 – Identificou-se expressivo potencial para a produção de pedras ornamentais, além
de brita, areia e argila. Deve-se salientar que esse é o tipo de atividade econômica que além de
ser ambientalmente pouco impactante, se bem conduzida, tem alta capacidade de gerar em-
pregos, não demandando mão de obra muito especializada, nem altos investimentos. Deve-se
mencionar os mercados potenciais representados por Manaus e o sul da Venezuela, dentre
outros, abastecidos por fornecedores localizados a muito maior distância. Mesmo em nível de
mercados internacionais, ultramarinos, existem boas perspectivas para produtos de boa qualidade.
14 - Naturalmente, o futuro desejável é que se agregue valor à produção local, através
da seleção e polimento dos materiais brutos, devendo-se inclusive, avançar na fabricação de
peças para uso na construção civil e de cunho artístico.
15 - Quanto à exploração de pedras para calçamento deve-se ressaltar que representa
uma fonte de criação de empregos, não somente na lavra como na manutenção periódica dos
pisos. Além disso, ao contrário dos pisos asfálticos, os pedregosos são não poluentes, mais
duráveis e baratos, além de representarem economia de divisas.
16 – Deve-se envidar estudos para criação de novas vias de acesso à região, tendo em
vista as deficiências de acesso ao sul do Estado do Estado.

 

BIBLIOGRAFIA

BECKER. B.K. and EGLER, C.A.G. (1997). Detalhamento da Metodologia para Execução
do Zoneamento Ecológico-Econômico pelos Estados da Amazônia Legal. Brasília: SAE-
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relacionadas ao zoneamento ecológico-econômico, e dá outras providências.
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rabilidade Natural. INPE, São José dos Campos.
MARQUES, V.J. & SERFATY-MARQUES, S., 2000. Geoscience and Sustainable Land
Development in Amazonia. 31 th Intern. Geol. Congr. Rio de Janeiro, Brazil.
MARQUES, V.J. & SERFATY-MARQUES, S., Uma Visão Geocientífica para o Zonea-
mento Ecológico-Econômico. VII Simpósio de Geologia da Amazônia, 04p, Belém, 2001.

 

 

 

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