Zoneamento Ecológico

 

 

 

3.2.2.3.2 - Bacia do rio Arraia
Os afloramentos rochosos com potencial à exploração de pedras ornamentais, de can-
taria e brita encontram-se em morros e serras que expõem frentes de rocha desnuda (lajeiros)
e ocorrência de matacões, facilmente acessíveis pela BR-401 e com disponibilidade de ener-
gia elétrica. Na região do igarapé Garrafa verifica-se a presença de ágata, associada a seixos
de chert e quartzo leitoso. A matriz é laterítica. Os tipos rochosos predominantes são granitos,
gnaisses e basaltos. Solos lateríticos (rocha intemperizada) são comuns nesta região (por
exemplo, na serra Alto do Tomba), sendo propícios à exploração para piçarra (revestimento
de estradas).
Aspectos ambientais como a preservação das encostas, paisagismo e poluição atmosfé-
rica e sonora devem ser levados em consideração no desenvolvimento futuro desse potencial
mineral.
Além da favorabilidade para o mercado interno e externo de rochas ornamentais do
tipo “granito” cinza e “movimentadas” (p.ex., gnaisses), configura-se um potencial represen-
tado pelas obras de pavimentação (paralelepípedo, guias de sarjeta) de Bonfim (sede de muni-
cípio) e vilas Nova Esperança e São Francisco, além das obras de asfaltamento e de manuten-
ção da BR-410 e suas vicinais.
3.2.2.3.3 - Bacia do rio Surumu
Na planície do igarapé Bismarck (alto curso), bacia do rio Viruaquim, ao longo da RR-
202 (trecho Normandia – maloca Raposa) foram desenvolvidos trabalhos de exploração para
areia.
Ao longo da BR-401, trecho Conceição do Maú – Normandia, ocorrem áreas de inte-
resse à concentração de areia e de piçarra (cascalheira). A areia encontra-se em campos natu-
rais interpretados como campos de dunas eólicas, com lagos internos.
Somam-se discretas ocorrências de molibdenita no município de Normandia. A prin-
cipal delas situa-se no morro Bezerro, na proximidade da serra Guariba, no rio Viruaquim. A
molibdenita ocorre disseminada sob forma de lamelas em rocha granítica onde se concentra
em aglomerados lenticulares. Os resultados analíticos obtidos em solo e rocha para a mo-
libdenita são pouco representativos, onde os teores mais significativos e consistentes foram
obtidos em zonas de cisalhamento, verificando-se associação com cobre e bismuto. Seria inte-
ressante que se fizessem estudos complementares, utilizando métodos geoquímicos e geofísi-
cos.
O principal risco inerente ao potencial mineral definido diz respeito aos aspectos pai-
sagísticos e o assoreamento das drenagens.
3.2.2.3.4 - Bacia do rio Tacutu II
Apesar do Estado de Roraima revelar, em algumas regiões, condicionamentos geoló-
gicos teoricamente favoráveis à ocorrência de rochas carbonáticas, foi somente na década de
80 que de fato foram registradas as primeiras informações sobre esses litolótipos na bacia
Tacutu, quando dois furos da PETROBRÁS atravessaram delgados níveis de calcário a partir
de 55 metros de profundidade. Em adição, uma exposição lenticular de calcário, de pequenas
dimensões, foi identificada na margem esquerda do rio Tacutu, na fazenda Valparaíso, ao sul
de Bonfim.
Dados analíticos efetuados em amostras desse calcário revelaram características do
tipo calcítico (baixo teor em magnésio), apropriadas para uso como corretivo de solo, cal e
cimento.

 

 

A pequena exposição lenticular do rio Tacutu, conquanto subeconômica, abre perspec-
tivas para a presença de outras similares ocorrências em subsuperfície ou a pequena pro-
fundidade, o que se recomenda verificar, haja vista a inexistência de corretivo calcário no
Estado de Roraima, o que tem configurado ônus para sua agricultura.
3.2.2.3.5 - Bacia do rio Amajari
A bacia do rio Amajari apresenta um quadro geológico interativo com aquele da bacia
do rio Urariqüera. Na região de seu baixo curso afloram xistos, metacherts ferríferos, calcissi-
licáticas e paragnaisses. São comuns veios quartzosos associados com moscovita placóide. Há
ocorrência de turmalina (shorlita) associada a veios quartzosos, em áreas onde afloram meta-
cherts e granitos.
O terreno metavulcanossedimentar apresenta vocação metalogenética moderada a alta
para mineralizações de cobre - zinco (ouro e prata associados), níquel, cobre, cromo, cobalto e
platinóides.
Há indícios de monazita (tório) com teores variáveis entre 0,5–25% do peso dos con-
centrados de bateia em áreas de paragnaisses.
As venulações de quartzo, em terrenos de paragnaisses apresentam-se normalmente
mineralizadas a ouro.
Ocorrem sulfetos disseminados em metacherts brechados, na serra Xiriri, com teores
anômalos para cobre, níquel e cromo.
A ausência de levantamentos geológicos de detalhe que possibilite uma compreensão
da evolução e situação atual do terreno é um fator restritivo à exploração mineral.
3.2.2.3.6 - Bacia do rio Urariqüera
A bacia do rio Urariqüera, no trecho compreendido entre a BR-174 e ilha Maracá,
apresenta as mesmas características geológicas e metalogenéticas da bacia do rio Amajari.
Na região do baixo curso do rio Urariqüera afloram metacherts ferríferos e manganesí-
feros, calcissilicáticas e paragnaisses. Ocorrem, ainda, veios pegmatíticos (feldspato e mosco-
vita) cortando os paragnaisses, com possança de até 12,0 metros e extensão de mais de 20,0
metros. São comuns veios quartzosos associados com moscovita placóide. Há ocorrências de
turmalina (shorlita) em áreas onde afloram metacherts e granitos,  associadas à veios quartzo-
sos.
O terreno metavulcanossedimentar apresenta de moderada a alta vocação metalogené-
tica para mineralizações de cobre e zinco (ouro e prata associados), níquel, cobre, cromo, co-
balto e platinóides.
Há indícios de monazita (tório) com teores variáveis entre 0,5–2,5% do peso dos con-
centrados de bateia em áreas de paragnaisses.
As venulações quartzosas em áreas de paragnaisses normalmente contém ouro.
Há ocorrência de metacherts manganesíferos (gondito) na serra Tabaio.
Há indícios da presença de tantalita e cassiterita em zonas de paragnaisses, possivel-
mente relacionados à presença de rochas granitóides embutidas na sucessão metassedimentar.
A ausência de levantamento geológico de detalhe que possibilite uma compreensão da
evolução e situação atual do terreno é um óbice às futuras investigações prospectivas.

 

 

3.2.2.3.7 - Bacia do rio Parimé
Grande parte da bacia do rio Parimé está implantada sobre rochas vulcânicas e grani-
tos. No seu baixo curso, o rio percorre metassedimentos e coberturas arenosas.O rio Parimé
configura o limite para várias terras indígenas, citando-se Ouro, Ponta da Serra, São Marcos e
Raposa–Serra do Sol.
As exposições graníticas e vulcânicas com potencialidade para rochas ornamentais en-
contram-se principalmente nas serranias (p.ex., Curicaca e Tipiti) ao longo da BR-174, que
expõem frentes de rocha desnuda (lajeiros) e matacões (grandes blocos de rocha subarredon-
dados). O acesso é facilitado através da BR-174 e estradas secundárias, com plena estrutura
de rede elétrica. Os ensaios tecnológicos empreendidos em amostras dessa área apontam para
sua utilização para fins ornamentais, com exceção a ambientes úmidos, com líquidos corantes.
O padrão de rede de fraturas pode apresentar alguma restrição, sobretudo em litótipos
vulcânicos.
Deve-se mencionar a boa receptividade do mercado consumidor para as rochas orna-
mentais do tipo “graníticas” acinzentadas e róseas, além de padrões pouco usuais de rochas
vulcânicas finas e grossas.
3.2.2.4 - Conclusões e recomendações gerais com vistas ao desenvolvimento sustentável
1 – Uma das questões importante para o desenvolvimento social é a existência permanente de
um programa de erradicação ou controle de doenças endêmicas, através de ações conjuntas
dos órgãos governamentais.
2 - A ausência de levantamento geológico de detalhe que possibilite uma compreensão da
evolução e situação atual do terreno metassedimentar da bacia dos rios Amajari e Urariqüera
restringe as futuras investigações prospectivas.
6 – Estudos voltados para o planejamento da expansão urbana da cidade de Boa Vista e muni-
cípios satélites (Cantá, Mucajaí, Alto Alegre, Bonfim).
7 - Nas áreas de economia baseada na agricultura/pecuária, sugere-se a consolidação da ocu-
pação através de incentivos técnicos/econômicos paras as áreas de assentamento do INCRA.
8 - Nas áreas indígenas, propõe-se o estudo, junto à FUNAI, da viabilidade de parcerias para a
melhoria dos sistemas de lavoura, além da piscicultura, ecoturismo e outros;
9 - Na porção ocidental, por ser uma área de pouco conhecimento do meio físico-biótico e por
abranger trechos da zona de transição entre a savana e floresta, propõe-se a delimitação de
áreas de estudo da biodiversidade.
10 - Implementação de providências que favoreçam a visitação do sítio arqueológico da Pedra
Pintada, hoje situado em terra indígena, e o incentivo ao ecoturismo nas áreas de savanas com
paisagens marcadas por lagos e serras, a exemplo do lago Caracaranã e proximidades de Boa
Vista.
11 - Na hipótese da exploração das pedras ornamentais e brita torna-se necessária a elabora-
ção de estudos de avaliação de impacto ambiental e planos de recuperação ambiental.
12 – Recomenda-se que sejam elaborados os Planos Diretores de todas áreas urbanas, con-
templando a disposição do lixo urbano e a situação de poços de captação d’água (haja vista o
risco de contaminação do aqüífero por esgotamento sanitário e resíduos de insumos agríco-
las).


13 – Recomenda-se investigar a geoquímica dos solos e águas de forma a estabelecer-se
parâmetros geoquímicos que permitam estabelecerem-se programas de monitoramento
ambiental.
14 - Recomenda-se a elaboração de estudos geotécnicos que mapeiem as áreas de risco a pro-
cessos erosivos naturais e antrópicos, sobretudo nas vizinhanças das rodovias;
15 - Recomenda-se, outrossim, a preservação de áreas com lagos, por sua beleza cênica e fra-
gilidade.
16 - A exploração de pedras ornamentais, em área de ocorrência de serranias e em várias ba-
cias da região poderá desempenhar um importante papel na economia do Estado, sobretudo
pela capacidade de criação de empregos inerentes a essa atividade, além da conseqüente me-
lhoria da infra-estrutura.
17 - A pesquisa para sulfetos, inclusive as ocorrências de molibdenita da bacia dos rios Suru-
mu e Tacutu requer a elaboração de levantamentos geológicos em escala de detalhe.
18 - No rio Tacutu, ao longo da zona fronteiriça com a Güiana e no entorno de Bonfim, o
condicionamento geológico abre perspectivas de que existam outras lentes de calcário em
sub-superfície, a exemplo da exposição lenticular da fazenda Valparaíso.
19 - Com a crescente legalização das terras indígenas e a melhoria de condições de vidas des-
ses povos, que já apresentam altas taxas de natalidade, superiores à média nacional, é de se
prever que ocorra um expressivo aumento das populações indígenas, criando-se demandas por
serviços e infra-estrutura compatíveis com as necessidades desses povos.
20 - Enfatiza-se a importância de que os impactos ambientais decorrentes das atividades eco-
nômicas mencionadas devam ser devidamente avaliados e monitorados, sobretudo aqueles
que impliquem em potencial de degradação dos mananciais de água.

3.2.3 - MACROZONA III - Entorno de Boa Vista

3.2.3.1 - Características gerais
Engloba parcial ou integralmente as bacias dos rios Branco III, Cauamé e Mucajaí e
pequenas frações das bacias dos rios Quitauaú, Urariqüera e Arraia.
Esse domínio foi definido em função das previsíveis necessidades de recursos ambi-
entais decorrentes do desenvolvimento e expansão da cidade de Boa Vista. Destarte procurou-
se envolver as bacias que cortam o município e de cujos solos e águas vai depender a expan-
são da maior metrópole e capital de Roraima. Pretende-se, com esse enfoque, enfatizar a ne-
cessidade de que os Plano Diretor de Boa Vista amplie sua área de abrangência, de forma a
contemplar todos os elementos ambientais que afetam o cotidiano e a qualidade de vida desse
notável núcleo urbano, produtor de bens e irradiador de conhecimento poder. No contexto da
delimitação do Domínio III tomou-se em consideração, também, a rede de núcleos urbanos
diretamente interligados com a sede municipal de Boa Vista.
Partiu-se de um cenário futuro de aproximadamente 50 anos, quando a capital Boa
Vista deverá alcançar uma população igual ou superior a um milhão de habitantes. Nesse sen-
tido, consideram-se as bacias (ou trechos de bacias), prioritariamente voltadas para o desen-
volvimento urbano. Da mesma forma, considerou-se prioritário o atendimento de outras ne-
cessidades típicas de um grande aglomerado urbano, como áreas para lazer, disposição de
rejeitos, proteção dos aqüíferos, aspectos locacionais para equipamentos e expansão urbana,
comunicação e outros.


 

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A quase totalidade dessa porção do Estado é marcada por formas de relevo resultantes
de processos de aplainamento, desenvolvido sobre as rochas sedimentares da Formação Boa
Vista, sendo caracterizado por superfície plana a levemente ondulada de dissecação muito
fraca a fraca (3a), marcada pela presença de inúmeros lagos concêntricos, ocasionalmente
sujeitos ao extravasamento nos períodos de chuva , conferindo um aspecto bastante peculiar à
paisagem da região (3b) e áreas arenosas constituindo campos de dunas fixas
(3c).Eventualmente, ocorrem formas residuais (morros isolados, inselbergs, campo de blocos
e colinas).
Na área sob influência do rio Branco, entre a foz dos rios Mucajaí e Urariqüera, o ter-
reno é caracterizado por extensas e contínuas áreas de planícies e/ou terraços fluviais deposi-
tadas pelos rios e inundáveis nos períodos das chuvas, correspondendo às áreas das várzeas
atuais, com eventual formação de meandros abandonados. Durante o período das cheias o rio
ocupa além da planície fluvial, parte dos terraços, se estendendo, em alguns casos, para as
áreas do pediplano (3d).
3.2.3.2 - Domínio das Florestas
3.2.3.2.1 - Potencialidades e restrições pedológicas
3.2.3.2.1.1 -Bacia do rio Branco III
Apresenta-se com manchas de florestas estacionais, incluí-se no ecossistema de sava-
nas e em áreas de contato savana-floresta, sobre neossolo litólico e argissolo vermelho-
amarelo, alumínico, típico, textura média/argilosa em relevo muito ondulado e montanhoso.
Essas áreas foram consideradas inaptas para lavoura e boas para pastagens plantadas.
3.2.3.2.1.2  Bacia rio Branco III - várzea
Nas planícies, aparece a floresta ombrófila aluvial que a montante da foz do rio Ca-
chorro, inicialmente, está sobre gleissolo háplico, alumínico e posteriormente, sobre domínio
de neossolo flúvico, tb, distrófico, típico, de textura média e arenosa, com potencialidade res-
trita no sistema de manejo tradicional (a) e semidesenvolvido (b) para lavouras temporárias.
3.2.3.2.1.3 - Bacia do rio Cauamé
No entorno de Alto Alegre, aparece uma feição da floresta ombrófila densa sobre la-
tossolo amarelo alumínico, em relevo plano a suavemente ondulado, com boa potencialidade
para lavouras. O uso atual está voltado para lavouras diversificadas em função da proximida-
de da capital.
3.2.3.3 – Domínio das Savanas Úmidas
3.2.3.3.1 –Potencialidades e restrições pedológicas
3.2.3.3.1.1- Microbacia do rio Cauamé – áreas planas
Compreende grandes extensões com relevo plano, coberto por savana graminosa, so-
bre uma variedade de unidades pedogenéticas; as áreas topograficamente mais elevadas são
constituídas por argissolo amarelo, alumínico, textura arenosa/média e latossolo amarelo,
alumínico, textura média com potencialidade natural apenas regular para lavouras; atualmente
são utilizados para a pecuária extensiva, mas apresentam grande possibilidade de sucesso para
lavouras de grãos tecnificadas, que envolvam disponibilidade de água, insumos e capital.
3.2.3.3.1.2- Microbacia do rio Cauamé - áreas abaciadas
Nas feições de savanas, ocorrem áreas de cotas mais baixas, abaciadas, com argissolo
acinzentado, alumínico, textura arenosa/média e planossolo háplico e hidromórfico, distró-
fico arênico, com mudança textural abrupta, arenosa/argilosa, apresentando potencialidade

 

 

 

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