Zoneamento Ecológico

 

 

 

 

 

Situação análoga se verifica na bacia do rio Maú, entre Normandia e vila Mutum, onde
predomina a savana estépica arbórea em área de relevo acidentado, caracterizado por aflora-
mentos vulcânicos e mais ao norte, terrenos sedimentares, além de neossolo litólico, distrófico.
O uso da terra mais freqüente é o extrativismo de frutas, plantas medicinais e outras,
sendo praticado sobretudo pelos indígenas.

3.2.1.3 – Potencialidades e restrições geológicas e geomorfológicas
Do ponto de vista dos seus ecótopos, a Macrozona I apresenta limitações à ocupação,
principalmente com relação ao relevo, na sua maior parte serrano, naturalmente susceptível ao
desenvolvimento de feições erosivas, ao que se soma o baixo índice terras aptas aos cultivos
tradicionais
Nas áreas serranas e morrarias, vulneráveis à erosão, é possível observar-se processos
erosivos nalguns trechos de vertentes, a exemplo daqueles em declive da BR-174, próximos a
Pacaraima, Uiramutã e imediações do boqueirão do rio Cotingo. Recomenda-se o mapea-
mento geotécnico dessas áreas, objetivando a adoção de medidas preventivas e corretivas.
As potencialidades naturais se caracterizam pela vocação mineral secular para ouro e
diamante aluvionares, oriundos de paleodepósitos de formações sedimentares muito antigas.
Tal é o testemunho histórico na bacia do rio Maú, nas regiões da vila Mutum e antigas locali-
dades de Vidal de Negreiros e Pedra Branca. No que tange aos materiais de construção, mere-
ce registro as coberturas detrito-lateríticas exploradas na fronteira com a Güiana, na Terra Indíge-
na Raposa-Serra do Sol. Ainda, nos terraços do rio Maú, na proximidade da sede municipal de
Normandia, existe condicionamento geológico favorável à pesquisa para argilas vermelhas.
No que tange aos recursos hídricos subterrâneos, predomina o domínio fraturado, ca-
paz de atender pequenas demandas de água com boa qualidade, eventualmente com alto teor
de Fe (0,3mg/l), como na região da vila Pacaraima.
Em face do pequeno volume de ouro, subproduto da lavra para diamante, constata-se a
inexistência de poluição mercurial, aspecto benéfico ao meio ambiente. Nesse sentido, a
CPRM – Serviço Geológico realizou, em 1999, estudos voltados para a avaliação de contamina-
ção mercurial nas aluviões do rio Quinô, tendo concluído pela inexistência de contaminação.
Na planície do igarapé Bismarck (alto curso), bacia do rio Viruaquim, ao longo da RR-
202 (trecho Normandia – maloca Raposa) foram desenvolvidos trabalhos de exploração de
areia.
Ao longo da BR-401, trecho Conceição do Maú – Normandia, ocorrem áreas de inte-
resse para areia e de piçarra (cascalheira). A areia encontra-se em campos naturais, muitos dos
quais considerados como campos de dunas eólicas, contendo comumente comuns lagos no seu
interior.
São conhecidas ocorrências de molibdenita no município de Normandia; a principal
delas situa-se no morro Bezerro, em área pertencente à Terra Indígena Raposa-Serra do Sol,
nas proximidades da serra Guariba, onde esse mineral ocorre disseminado ou em concentra-
ções lenticulares em rocha granítica. Os resultados analíticos em solo e rocha foram pouco
expressivos e os teores mais significativos estão associados com discretos conteúdos (ppm) de
cobre e bismuto, ao longo de zonas de cisalhamento E - W.

3.2.1.4 - Conclusões e recomendações com vistas ao desenvolvimento sustentável
1 - As restrições impostas à mineração por meio de áreas de proteção ambiental e ter-
ras indígenas, têm favorecido à criação de cooperativas mineiras com vista à exploração de
ouro e diamante em áreas ainda não institucionalizadas.

 

 

cipalmente em áreas de rejeito e de assoreamento) junto a órgãos governamentais estaduais e
federais. Idem item anterior.
4 - Desenvolvimento de programa de erradicação de doenças endêmicas junto a órgãos
governamentais estaduais e federais. Para o caso de retomadas de áreas-fim na exploração
mineral do tipo garimpagem.
5 - Retomada do crescimento urbano nas localidades e sedes municipais do extremo
norte de Roraima, reintegrando-se as comunidades indígenas ao plano socioeconômico e só-
cio-urbano. Alia-se a isso a necessária recuperação e manutenção das vias de acesso e conse-
qüente periodicidade na assistência escolar e médica.
7 – A avaliação do potencial econômico das mineralizações de molibdênio associadas
aos  granitos das bacias dos rios Surumu (serras Mel e Perdiz) e Tacutu (morro Bezerro na
bacia do tributário Viruaquim). carece de maiores estudos geológicos.
8- Elaboração de estudos que visem o ordenamento territorial para a área urbana, com
itens que contemplem a disposição do lixo urbano, a elaboração correta de poços para capta-
ção de água, o risco de contaminação do aquífero por esgotamento sanitário e resíduos da
agricultura, a confecção de mapas geomorfológicos que indiquem áreas favoráveis à instala-
ção de processos erosivos naturais, dentre outros.
9- Criação de zonas de proteção dos mananciais, cujas nascentes estão localizadas nas
áreas serranas da região.
14 - Recomenda-se a elaboração de estudos geotécnicos que mapeiem as áreas de risco a
processos erosivos naturais e antrópicos, sobretudo na BR-174;
3.2.2 - Macrozona II – Dominio das Savanas Umidas
3.2.2.1 – Características gerais
O domínio abrange as bacias dos rios Mucajaí, Tacutu II (toda), Urubu (toda), Arraia
(toda), Tacutu I (baixo-médio), Surumu (médio-baixo), Parimé (médio-baixo), Urariqüera
(médio-baixo), Cauamé (alto), Cotingo (médio-baixo), Maú (baixo), Amajari (médio-baixo) e
rio Branco III.
É caracterizado por uma cobertura vegetal de savanas desenvolvida sobre extensa su-
perfície plana a levemente ondulada, com dissecação variando de muito baixa a baixa, escul-
pidas em rochas sedimentares pleistocênicas e ígneo-metamórficas. Ocorrem, freqüentemente,
inúmeras formas residuais subordinadas, tais como campos de blocos, colinas isoladas, pequenos
alinhamentos serranos e inselbergs (2a). No setor entre os rios Surumu e Parimé, ocorre uma mai-
or concentração de áreas sujeitas à inundação, com a presença de numerosos lagos (2b).
Do ponto de vista da água subterrânea, importante para o potencial agrícola das terras
desse ecossistema, ocorrem aqüíferos do domínio intergranular (sistema aqüífero Boa Vista),
além do domínio fraturado. No domínio fraturado, as águas possuem boa qualidade química,
sendo comum que se utilizem poços para abastecimento público captando água no manto de
alteração.
Do ponto de vista dos seus ecótopos, a Macrozona II se mostra favorável à ocupação
na medida em que o predominam relevos planos a levemente ondulados e o substrato rochoso
e os solos são pouco susceptíveis à instalação de processos erosivos.


3.2.2.2. – Potencialidades e restrições pedológicas
3.2.2.2..1 - Bacia do rio Mucajaí
Na parte alta da bacia pela margem direita predomina a savana graminosa sobre latos-
solo amarelo e argissolo amarelo alumínico; nas áreas mais baixas aparece argissolo acinzen-
tado alumínico arênico e gleissolo háplico distrófico. Pela margem esquerda predomina a sa-
vana-parque e ocorre o contato savana/floresta sobre argissolo vermelho-amarelo e latossolo
amarelo alumínico, com potencialidade agrícola apenas regular.Atualmente, esses solos são
utilizados para pastagem extensiva, todavia, apresentando boas possibilidades em sistemas de
manejos avançados para lavouras de grãos, tendo que se considerar a disponibilidade de água
durante o período de escassez de recursos hídricos.
3.2.2.2.2 - Bacia do rio Tacutu I
1) da foz do rio até sua inflexão para sul, já em domínio de fronteira, domina a savana
graminosa sobre latossolo amarelo alumínico, associado a argissolo amarelo, plintossolo há-
plico e neossolo quartzarênico órtico, com regular potencialidade para lavouras no sistema de
manejo desenvolvido e restrições em sistemas menos intensivos, devido a impedimentos
como fertilidade natural e déficit hídrico durante uma parte do ano, o que poderá ser superado
pelo emprego adequado de níveis de investimento de capital e técnicas de irrigação apropria-
das. O uso atual do solo está voltado para a pecuária extensiva, com baixa produtividade.
2) na serra Tucano, a combinação de savana com neossolo litólico e afloramentos, em
relevo fortemente ondulado, incapacita a agricultura, recomendando-se que a área seja reser-
vada para conservação da flora e fauna e eventualmente ecoturismo.
3) circundando esta feição, aparece uma faixa de savana sobre latossolo vermelho-
amarelo, alumínico, associado.s a plintossolo pétrico, concrecionário, alumínico, em relevo
suavemente ondulado, com potencialidade apenas regular para sistemas de manejo desenvol-
vido, devendo-se, contudo, detalhar as áreas com impedimento físico nos horizontes do perfil
do solo.
4) na porção setentrional da bacia, sobre savanas graminosas, dominam os argissolos
amarelos, alumínicos e os planossolos háplicos, eutróficos, solódicos e não solódicos, com
potencialidade apenas regular para lavouras temporárias, em sistema de manejo desenvolvido
e potencialidade restrita em sistemas menos intensivos, devido ao déficit hídrico durante uma
boa parte do ano e a baixa fertilidade natural.
5) Nas áreas abaciadas e de terraços de tributários, ocorre com argissolo acinzentado
alumínico e plintossolo háplico, alumínico os maiores impedimentos dizem respeito a fertili-
dade natural e déficit hídrico, utilizáveis apenas e com restrições para lavouras temporárias.
De um modo geral, nesse tipo de domínio fitoecológico, o uso do solo está voltado à
pecuária extensiva de baixo nível tecnológico.
3.2.2.2.3 - Bacia do rio Tacutu II (médio-alto rio Tacutu)
No rio Tacutu II, da serra Granada até suas cabeceiras, a bacia apresenta feições de sa-
vana parque, com feições ciliares de espécies como palmeiras; inicialmente sobre argissolo
acinzentado alumínico e posteriormente, sobre latossolo vermelho-amarelo, alumínico, asso-
ciado a plintossolos pétricos, concrecionários, em relevo suavemente ondulado, com aptidão
apenas regular para lavouras e argissolo vermelho-amarelo, alumínico, de textura mé-
dia/argilosa em relevo suave, ondulado, com boa potencialidade para lavouras.
No extremo sul, predomina o plintossolo pétrico, concrecionário, alumínico, inapto

para lavouras, mas apropriado para a silvicultura

 

 

3.2.2.2.4 – Bacia do rio Surumu
No rio Surumu, da sua foz até a serra Tipiti, a bacia apresenta savana graminosa sobre
planossolo háplico, eutrófico, típico, em relevo plano. Para noroeste, ocorre plintossolo hápli-
co, alumínico, em relevo plano a suavemente ondulado. A potencialidade dessas terras é, res-
pectivamente, regular e restrita mesmo em sistemas de manejo avançados, apresentando como
impedimentos a deficiência d’água’, durante a maior parte do ano, além da baixa fertilidade
natural no caso dos plintossolos. Atualmente, essas terras são utilizadas para a pecuária exten-
siva de baixo nível tecnológico, apresentando, contudo, boas possibilidades para lavouras de
grãos tecnificadas. A maior parte da bacia encontra-se em terras indígenas.
O rio Surumu percorre, em grande extensão, substrato vulcânico num arranjo geomé-
trico que revela o condicionamento do substrato rochoso, em vales abertos, pedregosos e ser-
ranias que, no período de estiagem, apresentam restrição de água corrente. Blocos e matacões
são comuns no terreno, sobretudo em áreas de relevo ondulado. A presença de cascalho é
abundante, principalmente em zonas ricas em veios de quartzo leitoso formando-se, local-
mente, colinas esbranquiçadas.
3.2.2.2.5 – Bacia do rio Cotingo
No rio Cotingo, de sua foz até a região do Boqueirão do Quixadá e a maloca Canta-
galo, a bacia apresenta-se no domínio de savana graminosa; na  porção ocidental, sobre pla-
nossolo háplico, eutrófico, típico, e na porção oriental, sobre plintossolo háplico, alumínico. A
potencialidade dessas terras é, respectivamente, regular e restrita em sistemas de manejo
avançados, tendo-se como impedimentos a deficiência d’água durante a maior parte do ano,
além da fertilidade natural, no caso dos plintossolos. Quanto ao uso, é mais comum a pecuária
extensiva, de baixo nível tecnológico; contudo, existem boas possibilidades para lavouras de
grãos, em modelos de exploração tecnificados. A bacia encontra-se em terras indígenas.
3.2.2.2.6 – Bacia do rio Maú
No rio Maú, da foz até as cabeceiras do Igarapé Nanbí (região das serras Guajará,
Lençol e Alvorada) predomina a savana graminosa sobre latossolo amarelo, alumínico, em
relevo plano, com potencialidade apenas regular para lavouras; as restrições estão por conta
do déficit hídrico, além da fertilidade natural dos solos. As lagoas com argissolo acinzentado,
alumínico, planossolos hidromórficos, distróficos e gleissolos háplico, tb, distróficos, da
mesma maneira, apresentam restrita potencialidade para lavouras.
Ao longo do vale do Igarapé Uanamar predominam plintossolos háplicos, alumínicos e
planossolos háplicos, distróficos que oferecem restrita potencialidade ao incremento de lavou-
ras. Recomenda-se a realização de maiores estudos desses solos, para melhor espacializá-los,
com vista a planos de desenvolvimento rural que contemplem lavouras tecnificadas, a nível
empresarial e/ou assentamentos. A bacia encontra-se em terras indígenas.
3.2.2.2.7 – Bacia do rio Arraia
A maior extensão da bacia é recoberta por savana graminosa, sobre latossolo amarelo
e argissolo amarelo alumínicos em relevo plano a suavemente ondulado A potencialidade das
terras é regular, sendo a deficiência de fertilidade e o déficit hídrico os maiores impedimentos,
recomendando-se lavouras temporárias em sistema de manejo avançado e/ou lavouras perma-
nentes climatizadas.
Na região do Igarapé Camacá, ao sul, aparecem feições de savana-parque sobre latos-
solo vermelho-amarelo, alumínico, associados a plintossolo pétrico concrecionário alumínico
(textura argilosa) e neossolo litólico distrófico e neossolo quartzarênico, órtico alumínico.
Essas terras, que não apresentam nenhum impedimento físico no perfil do solo, podem ser


consideradas regulares para lavouras, especialmente em locais de topografia mais plana. O
uso mais freqüente é a pecuária extensiva, de baixo nível tecnológico.
3.2.2.2.8 - Bacia do rio Urubu
No extremo sul da bacia do rio Urubu, dominam feições de savana arbórea sobre ar-
gissolo vermelho-amarelo, alumínico (textura média/argilosa), em relevo fortemente ondula-
do, desfavorável para lavouras e com restrição para pastagem plantada. Ainda, sobre essa uni-
dade pedogenética, na porção ocidental, ocorre contato entre savana e floresta ombrófila, com
as mesmas condições de restrição.
De suas cabeceiras até a região da vila Vilhena, predomina vegetação do tipo savana-
parque sobre argissolo vermelho-amarelo alumínico, apresentando-se, na porção mais a sul,
com relevo fortemente ondulado, impróprio para a prática agricultura, com restrições para
pastagem plantada.
Da vila Vilhena até a foz do rio Urubu, predomina o latossolo vermelho-amarelo alu-
mínico, associado a neossolo litólico e plintossolo pétrico, concrecionário, com potencialidade
apenas regular para a agricultura, requerendo-se maior detalhamento para separação dos com-
ponentes subdominantes, que representam impedimentos para o uso agrícola.
3.2.2.2.9 – Bacia do rio Quitauaú
Na porção oriental da bacia, predomina a savana-parque sobre latossolo vermelho-
amarelo, alumínico, em relevo plano a suavemente ondulado com boa potencialidade para
sistemas agrícolas avançados; subordinadamente tem-se solos rasos com restrições, devido à
presença de petroplintita.
No entorno de Cantá, ocorrem lavouras em sistema de manejo semidesenvolvido a
desenvolvido, sobre latossolo amarelo, alumínico, em relevo plano a suavemente ondulado,
no contato da savana com a floresta ombrófila. Constata-se, contudo, elevada porcentagem de
insucesso em função do modelo de exploração adotado.
3.2.2.2.10 – Bacia do rio Urariqüera
A savana graminosa se distribui sobre diversas unidades pedogenéticas, predominando
argissolo amarelo, alumínico e latossolo amarelo e vermelho-amarelo, alumínico, com poten-
cialidade agrícola apenas regular. O uso atual é a pecuária extensiva e lavouras de subsistên-
cia e semicomerciais. Outras atividades observadas são: reflorestamento com Acácia man-
gium na rodovia BR-174, lavoura de grãos de soja, milho e sorgo em sistemas avançados de
agricultura na rodovia RR-319 (vila Brasil). Nesse aspecto, menciona-se o Projeto Passarão,
implementado pelo Governo do Estado.
3.2.2.3 – Potencialidades minerais e restrições geológicas
3.2.2.3.1- Bacia do rio Urubu
As rochas graníticas e gnáissicas para fins ornamentais encontram-se em serranias que
expõem frentes de rocha desnuda (lajeiros) e matacões (grandes blocos de rocha subarredon-
dados). Existe a facilidade de acesso (RR-207) e desmonte das frentes rochosas. Diversos
ensaios tecnológicos apontam para a utilização desses litótipos como rocha ornamental. No
caso dos parâmetros físicos e mecânicos obtidos em amostras de coloração negra, constatou-
se, igualmente, qualidade satisfatória para utilização com fins ornamentais. Por outro lado,
vale destacar a boa aceitação, tanto nos mercados interno e externo, de rochas ornamentais do
tipo “granito” róseo, hornblendito (negra) e “movimentadas” (p.ex., gnaisses).
A exploração desse potencial mineral demandará, contudo, a implementação de condi-
ções favoráveis à preservação ambiental nas áreas de encostas das serras e nas proximidades
das estradas estaduais (RR-207) e secundárias, além da rede de drenagem.


 

 

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