São listadas a seguir algumas propostas entre muitas que visam a melhoria da qualidade ambiental urbana, principalmente na cidades de Boa Vista e Caracaraí
Baseando-se de modernas tecnologias não convencionais para o aproveitamento de resíduos urbanos (esgotos, lixo doméstico e resíduos de varrição das ruas) utilizando-se o produto final na fertilização da arborização pública, hortas comunitárias e jardins e pomares particulares. Isto poderia ser realizado de diversas formas : cooperativas de pessoas de baixa renda, inclusive dos catadores de lixo da atual lixeira pública municipal que será desativada brevemente devido construção de aterro sanitário controlado ; terceirização com empresas especializadas ; ou até pelo próprio Poder Público Municipal.
Seria a transformação de bairros selecionados da periferia das áreas urbanas como modelos para gerenciamento ambiental e sanitário pela própria comunidade (coleta seletiva de lixo através de associações de moradores, fabricação de composto orgânico de lixo e esgoto, arborização intensiva das ruas e praças, hortas comunitárias, programas de conscientização ambiental em todos os níveis).
Implantação de áreas verdes para lazer e/ou silvicultura deveria ser incentivado pelo Poder Público Municipal ou ser terceirizado. A implantação de um critério para a redução do IPTU em função da área arborizada em cada propriedade urbana poderia ser implementada. Um projeto para a utilização do lodo das lagoas de estabilização de esgotos da Caer no bairro Raiar do Sol, e da futura lagoa no bairro do Caranã poderia ser desenvolvido visando a sua aplicação em áreas de silvicultura ao redor destas lagoas sanitárias, como também na implantação de áreas verdes na área urbana.
Independentemente do intenso processo de degradação das áreas arborizadas da cidade de Boa Vista, ainda restam algumas que poderiam ser utilizadas para a implantação de parques e reservas ambientais urbanas.
Como exemplo temos toda a bacia do baixo Rio Cauamé, com suas matas ciliares, que ano a ano estão sofrendo um crescente processo de degradação. Esta área poderia ser transformada em uma parque municipal onde poderiam conviver harmoniosamente as atividades de lazer atualmente existentes ( balneários ) com as de preservação ambiental.
A incorporação do hábito da utilização racional dos recursos naturais no processo de desenvolvimento econômico é fator básico e imprescindível para a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos, e por que não dizer da sua sobrevivência.
É essencial que haja também na estruturação de um Plano de Desenvolvimento Sustentável uma abordagem metodológica holística, multidisciplinar, multiprofissional e intersinstitucional, principalmente no tratamento dos aspectos ambientais, visando um melhor entendimento das relações humanas com a base natural que as mantém.
Outro fator importante neste tipo de trabalho é a definição de uma linguagem comum, já que a evolução e especialização por que estão passando os estudos ambientais torna imperiosa a necessidade do uso de metodologias e terminologias comuns aos diversos segmentos de profissionais que ali vão interagir. A procura de um profissional único que possa executar todas as atividades inerentes ao processo de planejamento ambiental é uma utopia.
A questão ética a cada dia que passa torna-se mais séria quando se propõe a executar um Plano de Desenvolvimento Sustentável, principalmente no que diz respeito à crescente dependência dos técnicos capacitados na área de planejamento ambiental com os grandes grupos econômicos ou governamentais que geram impactos ambientais de alta magnitude.
Dentro de um estudo de desenvolvimento sustentável ocorre uma variável bastante complexa relativa ao comportamento das atividades humanas dentro de todo o processo. A primeira dificuldade ocorre na etapa de conscientização da população na demonstração da importância do meio ambiente, passa pelas aspirações, necessidades e pressões das comunidades, dirigentes políticos e empresários envolvidos e culmina na dificuldade de uma completa análise e entendimento das cada vez mais complexas relações econômicas e sociais dos grupos humanos envolvidos.
Para atingir uma situação de Desenvolvimento Sustentável o Estado de Roraima necessita melhorar a sua capacidade endógena de Ciência e Tecnologia para assim poder utilizar adequadamente as terras agricultáveis, evitando a sua degradação, desenvolvendo sistemas eficientes de recuperação de terras abandonadas e degradadas e finalmente utilizando-se de técnicas adequadas à realidade de seus ecossistemas regionais.
Para isto é necessário melhorar a divulgação de estudos e pesquisas já desenvolvidas em Centros de Pesquisas Regionais ( EMBRAPA, INPA, Museu Goeldi ) e desenvolver métodos rápidos e eficientes para a sua implementação prática. Além disto existem inúmeras experiências com êxito na Bacia Amazônica, inclusive nos Países limítrofes ao Brasil, que podem e devem ser analisadas e adaptadas, se for o caso, à realidade física, biológica e principalmente sócio – econômica – cultural do Estado de Roraima.
Este trabalho pretende colaborar de uma forma bastante simples no processo de conscientização de todos os segmentos sociais atuantes em Roraima, procurando subsidiar os poderes constituídos na elaboração de estratégias realistas na execução de um planejamento consistente. Este plano deve ser concebido e executado por equipes multidisciplinares e interinstitucionais, a exemplo de outros já executados no País e no exterior, devendo ter como arcabouço mínimo um bom diagnóstico atual da situação ambiental, sócio-econômica e dos programas e projetos institucionais. Neste diagnóstico é importante o estabelecimento de critérios para o levantamento da dinâmica ambiental, social e econômica que serão imprescindíveis para a composição deste plano.
Em função das informações levantadas pelo diagnóstico deverão ser escolhidos modelos específicos para a simulação de cenários futuros tanto tendenciais como os alternativos. Em cima destes cenários é que poderão ser estabelecidos programas e projetos básicos direcionados para as diversas áreas que interagem no processo de desenvolvimento sustentável do Estado, pois é somente através de uma gestão participativa de Governo e Sociedade Civil é que existirão condições para a efetiva implementação deste plano.
A Ilustração 76 resume a seqüência metodológica para a implementação de um Plano de Desenvolvimento Sustentável para o Estado de Roraima .