Numa primeira escala, a ALC deveria desenvolver as suas atividades em função do mercado regional de Roraima e o da da Guiana. No caso do mercado da Guiana é importante levar-se em conta os produtos que a mesma exporta, o que é mostrado na tabela 52
TABELA 52 - PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO DA GUIANA
Mercado Internacional
0 - Bauxita Calcinada
0 - Alumina
0 - Arroz
0 - Bauxita Seca
Mercado Regional
0 - Frutas e Hortaliças
0 - Camarões e Peixes (frescos, congelados ou secos)
0 - Grãos
0 - Bebidas Alcoólicas (Rum)
0 - Refrigerantes
0 - Madeira serrada
0 - Mobiliário
0 - Esquadrias de Madeira
0 - Confecções
0 - Eletrodomésticos Importados
0 - Artesanato
Da mesma forma é importante ter-se uma visão de necessidades básicas para o incremento nos negócios com a Guiana. A tabela 53 nos dá uma idéia destas necessidades. A Guiana, em processo de desenvolvimento, ainda sem uma industrialização efetiva está necessitando de uma série de produtos industrializados já tradicionalmente fabricados pelo Brasil. A tabela 54 mostra algumas das principais necessidades que tem a Guiana em termos de produtos industrializados.
TABELA 53 - NECESSIDADES DO BRASIL PARA INCREMENTO DOS
NEGÓCIOS COM A GUIANA
0 - Instalação de representação consular da Guiana em Boa Vista
0 - Utilização dos portos da Guiana para fluxo de mercadorias importadas
por Roraima
0 - Desenvolvimento de projetos tecnológicos em conjunto
0 - Troca de tecnologia na área de agricultura tropical
0 - Aprimoramento da legislação de comércio exterior
0 - Conclusão da rodovia Georgetown-Lethen
Mercado Consumidor:
Populaçào da Guiana (1999) Total :.......... 850.000 hbts
Georgetown: ......................................................... 200.000 hbts
Composição Étnica da população da Guiana:
47% indianos
41% africanos
4% indígenas
4% chineses
4% europeus
TABELA 54 - NECESSIDADES DA GUIANA EM IMPORTAÇÕES
Nível Nacional
0 - Máquinas para mineração
0 - Tratores
0 - Escavadeiras
0 - Caminhões
0 - Peças para reposição
0 - Alimentos conservados
0 - Pneus
0 - Papel
0 – Plásticos
0 - Vidros
0 - Garrafas
0 - Material elétrico
0 - Calçados
Da mesma forma, o comércio informal existente entre o Brasil e Guiana deve ser considerado, respeitado e dinamizado.
A tabela 55 nos dá uma idéia simplificada dos principais produtos que participam deste comércio informal nos últimos anos.
TABELA 55 - MERCADORIAS QUE PARTICIPAM DO COMÉRCIO
FRONTEIRIÇO INFORMAL ENTRE O BRASIL E A
GUIANA
Produtos da Guiana:
0 - Pedras semi-preciosas brutas
0 - Carnes
0 - Peixes frescos de água-doce
0 - Couro
0 - Madeira
0 - Arroz em casca
0 - Produtos importados (bebidas, bicicletas, alimentos finos, eletrodomésticos)
Produtos do Brasil
0 - Enlatados
0 - Pneus e Acessórios
0 - Medicamentos
0 - Produtos de higiene
0 - Velas
0 - Pilhas
0 - Calçados
9.11.2 - Zona de Processamento de Exportação
Este é sem dúvida o modelo de industrialização e comercialização que mais se adequaria à invejável localização geográfica e geopolítica do Estado de Roraima no cenário latino-americano e mundial.
Este modelo já em implantação em outros estados brasileiros utiliza-se da mão-de-obra e infra-estrutura locais e boa parte dos componentes do exterior, visando basicamente a manufatura de produtos de última tecnologia dirigidos para o mercado internacional. Tal processo de recebimento dos insumos e sua industrialização e a exportação dos produtos acabados é denominado de "draw-back".
Para o Estado de Roraima pretender uma zona de processamento de exportações (ZPE) é necessário que sejam executadas duas etapas preliminares, altamente importantes, quais sejam:
- Conscientização da classe política e da população do Estado de Roraima do
que vem a ser a ZPE e seus benefícios para o Estado.
- Trabalho de informação junto às bancadas políticas do Estado, para que
através do grupo amazônico na Câmara Federal e no Senado façam gestões
junto ao governo federal visando a implantação da ZPE no Estado de
Roraima, em paralelo com a atração de grupos nacionais e internacionais
interessados.
A seguir é apresentado um possível fluxo operacional que poderia ser seguido para o Estado de Roraima poder implantar uma ZPE.
0 - Desenvolver projeto adequado e realista de uma ZPE para Boa Vista, dentro
da filosofia de "draw back", utilizando-se da ligação com Georgetown e
Caracas, da facilidade de mão-de-obra e das condições climáticas ideais para
indústrias ótico – eletrônicas
0 - Realizar contatos e obter assessoria de outros ZPE do país.
0 - Conscientizar a classe política para obter a aprovação da ZPE junto ao
Governo Federal.
0 - Realização de campanhas a nível nacional e internacional mostrando as
vantagens da ZPE, atraindo com isto investidores para a área.
Como já foi mostrado, a posição geográfica de Roraima é um de seus maiores potenciais principalmente quando se pensa em comércio regional e internacional.
A sua relativa proximidade do Canal do Panamá e de sua Zona Franca é um fator muito relevante na valorização de sua localização.
Operacionalmente, de uma forma geral, os mecanismos de troca entre uma
ZPE e os mercados fornecedores de componentes de tecnologia, bem como os
consumidores do produto acabado não oferece muita complexidade, no caso específico de uma ZPE em Boa Vista, o fluxo é também bastante simples, tendo seu ponto central de distribuição dos produtos manufaturados a Zona Franca do Panamá, e usando basicamente os portos de Georgetown - Guiana e Puerto Ordaz - Venezuela, para o transporte de componentes e produtos manufaturados.
O aeroporto internacional de Boa Vista, para determinados tipos de componentes e equipamentos, seria uma boa alternativa.
Para a implantação de uma ZPE em Boa Vista seria necessário que fossem estabelecidos uma série de estudos preliminares visando a sua correta adequação ao mercado comercial regional e internacional, bem como. principalmente as suas implicações no meio ambiente local.
No primeiro caso, pesquisas detalhadas deverão ser feitas nos principais mercados consumidores, visando o estabelecimento de demandas, tipologia do bem a ser consumido, fornecedores, mecanismos de troca, etc. Após a definição do mercado consumidor e seu potencial é necessário o contato com os fornecedores de tecnologia e dos componentes visando definir-se os custos de produção.
No que diz respeito ao aspecto ambiental, independentemente do eficiente controle ambiental de indústrias de alta tecnologia é necessário a elaboração de plano diretor ambiental para a ZPE bem como um correto licenciamento ambiental das atividades ligadas direta e indiretamente ao processo produtivo da ZPE.
9.12 - Exploração da Atividade Turística
Muito se fala no desenvolvimento econômico do Estado de Roraima às custas da exploração turística de seu espaço geográfico, mas não são vistas ações concretas e profissionais dentro de um processo de planejamento sério e realista para viabilização de ações nesta atividade econômica de baixo custo de investimento e rápido retorno dos recursos aplicados.
Vão existir inúmeros tipos de turismo cujas atividades podem e devem ser desenvolvidas no Estado de Roraima, das quais destacam-se: Turismo ecológico, científico, cênico, esportivo, antropológico, cultural, folclórico, histórico, fotográfico, climático, comercial, etc.
No caso específico do turismo ecológico, além de incluir no seu contexto alguns tipos já citados é o que mais se adequa à realidade do Estado de Roraima.
9.12.1 - Turismo Ecológico
O turismo ecológico é o segmento econômico da atividade turística no Brasil que desponta com as perspectivas mais promissoras nesta década.
No Brasil, em especial na Amazônia tem-se a vantagem de serem encontrados os ecossistemas mais adequados para esta atividade, tanto em termos de extensão territorial, como por suas características únicas e em razoável estado de conservação. Este potencial que só agora começa a ser timidamente explorado vai oferecer grandes dificuldades à sua utilização quer seja pela deficiência de infra-estruturas básicas, como principalmente pelo despreparo de pessoal envolvido com o turismo ecológico.
Roraima não foge deste quadro, com um elevado potencial de paisagens e ecossistemas variados e significativos, mas sem uma estrutura básica, pessoal capacitado e planejamento adequado para iniciar uma exploração racional e profissional.
O turismo ecológico é uma atividade típica de ecodesenvolvimento, já que vai ser o uso econômico de recursos ambientais com um mínimo de impactos negativos.
A tabela 56 lista algumas das principais vantagens desta atividade.
TABELA 56 - VANTAGENS DO TURISMO ECOLÓGICO
Turismo Ecológico:
• Atividade produtiva direta e indireta com o mínimo de impacto ambiental.
• Investimentos relativamente baixos e de retorno rápido
• Geração de empregos elevada em relação ao investimento
• Absorção de mão-de-obra local, valorizando e fixando o homem à região
• Poderoso instrumento de educação ambiental para os que dele vivem e para os
que o utilizam
• Proteção de áreas significativas sob o ponto de vista ambiental e paisagístico
• É o segmento da indústria turística mundial para o qual se prevê a maior
expansão na próxima década
• Vetor de desenvolvimento sustentável a nível nacional
• Possibilidades de recuperação de áreas degradadas ambientalmente
Os técnicos em turismo ecológico nos diversos níveis de atuação tais como: agentes de viagens, agentes regionais e locais, guias, empresários dos diversos ramos ligados à atividade, comunidades que vivem nas áreas de exploração turística, etc, necessitam ter um conhecimento consistente não só das técnicas básicas de turismo tradicional como principalmente em princípios bem fundamentados de meio ambiente e ecologia, que irão formar a tese filosófica e comportamental a ser transmitida ao turista.
A Ilustração 74 nos mostra os diversos níveis de atuação dos participantes na atividade de turismo ecológico