Tese Doutorado

 

 

 

 

 

 
Usinas Hidrelétricas

 

Estado

 

Área Inundada
(Km²)

 

Potência Gerada
(MW)

 

Índice
(MW/Km²)

 

BALBINA

 

AM

 

2.137

 

54

 

0,116

 

PITINGA

 

AM

 

250

 

17,5

 

0,324

 

SAMUEL

 

RO

 

560

 

216

 

0,386

 

PAREDÃO

 

RR

 

56

 

27

 

0,482    projeto

 

JATAPÚ

 

RR

 

15

 

10

 

0,667

 

TUCURUÍ

 

PA

 

2.430

 

4000

 

1.,646

 

COTINGO

 

RR

 

27,8

 

136

 

4,892  
        1a  etapa

 

COTINGO

 

RR

 

36,8

 

186

 

5,050   
        2a etapa

                                                                                               Organizado por Jaime de Agostinho - 1 995

 

ILUSTRAÇÃO   72  -  ÍNDICE  DE  EFICIÊNCIA AMBIENTAL  DE HIDRELÉTRICAS     
                                       DA  AMAZÔNIA BRASILEIRA

 

“     2ª  ETAPA

                                                   MW / Km²                                            UHE

9.9.3 - Hidrelétrica do Cotingo versus Linhão de Guri

A alternativa da importação de energia elétrica de Guri, na Venezuela, que se encontrava praticamente descartada visando a solução do problema energético do Estado do Amazonas e consequentemente de Roraima foi reativada em 1 995, quando foi assinado protocolo preliminar entre o Brasil e Venezuela para serem realizados os estudos de viabilidade técnica visando a implantação do denominado Linhão de Guri.

            Posteriormente, com uma melhor avaliação das possibilidades concretas da utilização do gás de Urucu, da Bacia do Juruá, para geração de energias para Manaus e cidades vizinhas, bem como a grande distância de Guri a Manaus ( 1 600 Km), levaram a um replanejamento do referido projeto.  Por insistência do Governo de Roraima e de alguns senadores da bancada amazônica foi finalmente assinado em 1 997 o acordo para a utilização da energia de Guri pelo Brasil, especificamente o Estado de Roraima.

             O projeto foi iniciado e já concluído no lado brasileiro, independentemente  do alto custo, impactos ambientais e antropológicos, dependência estratégica e distâncias envolvidas.   Por parte da Venezuela foi iniciada a construção de barragem no Rio Caroni (Macágua) e a linha de transmissão e sistemas rebaixadores. Atualmente   (ano  2 000 ) a construção da linha de alta tensão na Venezuela encontra-se paralisada em um grande trecho no Parque Nacional de Canaima devido impasse com as comunidades indígenas da área.
A seguir são listadas algumas das desvantagens do Linhão de Guri em relação à Hidrelétrica do Rio Cotingo

  1. Distância Guri até Boa Vista: mais de 800 Km

       Necessidade do Linhão de Guri atravessar inúmeras áreas montanhosas bastante
        elevadas em mais de 200 km de extensão, o que encarece muito a construção das
        torres de transmissão nestas áreas.

-    Distância Cotingo - Boa Vista
     Via Surumú:                                  280 km
     Via Passarão:                                240 km
 Área plana na quase totalidade do trajeto

  1. O Linhão de Guri corta mais de 70 km de áreas indígenas somente em território brasileiro na área indígena homologada de São Marcos

 

  1. Necessidade da construção de novo reservatório, usina de geração em Guri, e linha de transmissão na Venezuela, com recursos no montante de US$ 90 milhões doados de forma irregular pelo Governo Brasileiro em 1 997 (Revista Isto É  de 14/ 10/ 98)

-    Elevado risco estratégico de ter uma usina geradora em um país que ciclicamente
     passa por comoções político-sociais.

  1. Elevado interesse comercial de grandes empresas projetistas e construtoras

      nacionais e internacionais na execução do Projeto Guri.

  1. Estimativa  preliminar de custos:

 

     Linhão Guri                                  US$ 700.000.000,00
     Hidrelétrica Cotingo                     US$ 158.000.000,00 (usina + transmissão - 1ª fase)

 

  1. O Linhão de Guri - Manaus provocou um elevado desmatamento de florestas

      tropicais úmidas na sua passagem pelo Brasil, nos seguintes trecho
BV - 8 - Boca da Mata:                                               30 km
Surumú - Boa Vista (pequenos trechos)                       10 km
       Alem do impacto ambiental na floresta somam-se os custos do desmatamento
        e principalmente da sua manutenção (roçado) anual).
9.10 - Desenvolvimento de Política Agropecuária consistente

 

A agropecuária em Roraima esbarra numa série de problemas críticos que fazem tornar-se uma atividade econômica de franca decadência. Entre estes fatores limitadores do seu crescimento podem ser destacados:
              - Situação fundiária
              - Política econômica governamental para a agropecuária
              - Ausência de assistência técnica rural
              - Custos do transporte de insumos
              - Pouca introdução de novas tecnologias
              - Mão-de-obra não adequada e adaptada à região
No caso específico da estrutura fundiária do Estado de Roraima temos a maior área apta a atividades agropecuárias localizadas em terras indígenas. Tínhamos em 1995 no Estado 3.307 propriedades tituladas junto ao INCRA num total de 14.000 cadastradas.
O título do INCRA é o documento fundamental para obtenção de empréstimo em instituições bancárias.
A grande extensão predomina na distribuição das propriedades agrícolas em Roraima, é evidentemente com uma baixa produtividade, principalmente na pecuária extensiva, onde a capacidade de suporte está próxima de uma cabeça de gado por 5 hectares de pastagem natural, enquanto que em outras áreas tipicamente pecuaristas do Brasil chega-se a atingir a cinco cabeças por hectare.
A tabela 46  mostra esta situação.

 

TABELA 46 - Situação das propriedades agropecuárias no Estado de Roraima
                         (  1 994 )

 

%  NUMÉRICA   DO
TOTAL   DE
PROPRIEDADES

TAMANHO
DA
PROPRIEDADE

% DA ÁREA  TOTAL
DISPONÍVEL  PARA
A   AGROPECUÁRIA

CLASSIFICAÇÃO
ECONÔMICA

 

75 %

 

ATÉ 200 hc

       
         17 %

 

SUBSISTÊNCIA

 

14 %

 

200  a  1.000 hc

       
         17 %

 

RELAÇÕES

 

11 %

 

MAIOR QUE 1.000 hc

       
          67 %

CAPITALISTAS

                                                                                                                                  Fonte : Incra - 1.994

 

 

No momento em Roraima o que mais se necessita é a regularização fundiária e não reforma agrária.
No que diz respeito à mão-de-obra utilizada na agropecuária do Estado temos problemas seríssimos, baseados principalmente na falta de treinamento específico, não adequação das técnicas aos ecossistemas, procedência de áreas de ambiente e sistemas de trabalho diferentes, falta de apoio local gerando atração para os centros urbanos, etc.
A Ilustração 73 mostra de uma forma bem simplificada a dinâmica da colonização agrícola em Roraima

 

ILUSTRAÇÃO  73    -  DINÂMICA  DA  COLONIZAÇÃO  AGRÍCOLA  EM  
                        RORAIMA

 

 

 

 


                                                                                                             JAIME  DE  AGOSTINHO – 1 993

A agropecuária roraimense necessita implementar uma série de medidas para poder começar a gerar riqueza econômica de uma forma crescente.  Algumas das medidas mais adequadas para se atingir este objetivo seriam:

 

               • Recuperação ou montagem de nova estrutura que vise o extensionismo
                 rural no Estado.

 

              • Redirecionamento das pesquisas da EMBRAPA para testes com culturas
                 adequadas às condições do Estado.

 

              •  Investir em projetos de perímetros irrigados, bem como na irrigação por
                 gravidade nas áreas próximas às serras

 

              • Aprimorar as raças de gado atualmente existentes em Roraima.

 

              • Introdução ou melhoria de outros animais úteis no Estado.

 

              •  Realizar experimentos com módulos agropecuários padrões adequados às
                 unidades fisiográfica onde se localizem.

 

              • Incentivar a agrosivicultura e o extrativismo vegetal racional, bem como o
                enriquecimento florestal nas áreas de Mata Amazônica no Estado.

 

              • Criar pólos regionais de apoio e fomento à agricultura com o aluguel de
                 equipamentos do Estado a custo subsidiado.

 

              • Incentivar o cooperativismo rural.

 

 

Atualmente existem inúmeros obstáculos que impedem o bom desenvolvimento da agropecuária no Estado, dos quais podem ser destacados:

              - Excesso de áreas institucionais;
              - Falta de incentivos econômicos;
              - Tecnologia primitiva ou inadequada;
              - Qualidade dos solos agrícolas baixa,  necessitando insumos;
              - Sistema rodoviário deficiente e armazenamento inadequado;
              - Falta de um zoneamento agro-econômico-ecológico;
              - Pastagens naturais de baixa rentabilidade e poucas áreas plantadas /
                 irrigadas
              - Ciclos climáticos anômalos
               - Ausência de biotecnologia para agricultura e pecuária;
         - Sucateamento do INCRA, ASTER   e pouca atuação da  EMBRAPA.
 

 

9.10.1 - Pesquisas Necessárias

Um dos itens fundamentais e que necessita existir durante todas as fases da implantação de uma política agropecuária consistente, é a pesquisa, tanto a básica como a aplicada.
Para isto é necessário que o Estado invista recursos significativos na implantação e manutenção de instituições que possam desenvolver mais atividades nesta importante área.  . A Universidade Federal de Roraima recebeu do Governo do Estado as boas instalações da Escola Agrotécnica para transformá-la em Faculdade de Agronomia, o que vem fazendo de uma forma muito tímida.
A implantação de um Instituto Estadual de Pesquisas Agropecuárias e o direcionamento da EMBRAPA, para a realização de pesquisas para potenciais agropecuários do Estado são  outras necessidades nesta área.

Como áreas importantes para a pesquisa agropecuária no Estado de Roraima, temos:

  1. Culturas Agrícolas adequadas à realidade do Estado.

 

              Tradicionais:            Arroz
                                               Milho
                                               Cacau
                                               Frutas Tropicais

              Potenciais:                Soja
                                               Urucum
                                               Caju
                                               Pimenta
                                              Coco
                                               Dendê

-             Rebanho Vacum:
                                            - Rações Balanceadas
                                            - Melhoria de raças
                                            - Bubalinocultura

-             Avicultura

-             Apicultura

 

 

Uma outra necessidade que demanda pesquisas tanto na exploração de potenciais como na sua utilização no Estado é com relação ao calcário, a ser utilizado como corretivo na maior parte dos solos de Roraima. A Tabela 47 lista de uma forma esquemática os procedimentos para análise da  problemática do calcário.

 

TABELA  47   -  SISTEMÁTICA  PARA  OBTENÇÃO  DE  CALCÁRIO       
                             PARA  A AGROPECUÁRIA  NO  ESTADO  DE  RORAIMA

C A L C Á R I O

 

Diagnóstico
Levantamento específico da geologia do território, visando a obtenção de calcário para fins agrícolas.
Concentração de esforços no levantamento de áreas com possibilidades (Nova Olinda, Jatapu, km 520, Serra do Tucano, etc

Dimensionamento
Mapeamento das principais áreas agrícolas atuais e potenciais quanto a sua necessidade real de correção do pH visando estabelecimento de quantidades mínimas necessárias de calcário.

Aplicação
Treinamento dos agricultores no sentido de aplicar o calcário com mais racionalidade   e rendimento ao solo.

Alternativas
Utilização de escórias de altos fornos como corretivo (Siderúrgicas Cidaud Bolivar ou da Siderama Manaus)
Programa de troca de calcário venezuelano com produtos brasileiros.
Desenvolvimento de ecotécnicas que visem a correção dos solos através do manejo de culturas específicas.
Estudo da alternativa de uso de calcário de origem marinha proveniente de ilhas do Sul do Caribe através do porto de Georgetown e daí transportado por estrada até Boa Vista

 

                                                                                                         
                                                                                                              JAIME  DE  AGOSTINHO - 1 993

 

 

O zoneamento de aptidão agrícola, em uma escala de 1:50. 000 a 1:25. 000 seria outra atividade de pesquisa aplicada de alta importância para a consolidação da agropecuária em áreas previamente selecionadas pelo zoneamento ecológico-econômico do Estado, que está sendo feito numa escala que varia de 1:250. 000 a 1:100. 000.
A Tabela 48  mostra a sistemática para a execução deste  tipo  de   pesquisa.
TABELA 48 -  SISTEMÁTICA  PARA  A  IMPLANTAÇÃO  DE  ZONEAMENTO    DE 
                         APTIDÃO  AGRÍCOLA  PARA  O  ESTADO  DE  RORAIMA

 

Zoneamento de aptidão agrícola

 

Diagnóstico

Levantamentos específicos
• ecologia
• pedologia
• climatologia
• situação sócio econômica (mão-de-obra)
• vias de circulação e de acesso.

Avaliação de Campo

Definição e implantação de áreas testes com culturas específicas (SEAAB, EMBRAPA, ASTER, EMPRESÁRIOS )

Resultados

-     Montagem de relatórios e mapas por região e por cultura.
-     Mapeamento das áreas potenciais por tipo de cultura.

  1. Elaboração de publicação para divulgar junto aos agricultores, investidores e 

      empresários locais de outros Estados e do estrangeiro, mostrando as culturas
      propícias e a sua possível distribuição espacial.
-     Montagem de legislação específica de zoneamento agrícola.

  1. Elaboração de documento para os órgãos de financiamento rural, garantindo a

      aplicação de recursos em culturas plantadas em áreas propícias.

 

                                                                                                   
                                                                              
                                                                                                           JAIME  DE  AGOSTINHO  -  1 993

9.10.2 - Colonização Agrícola
O Governo de Roraima possuía até   1995 ,  30 colônias agrícolas, com um índice alarmante de evasão dos colonos destes projetos, existindo atualmente mais de 60% de lotes abandonados, enquanto que o INCRA e Iteraima insistem na abertura de novos assentamentos rurais.
Desde a década de 1940 iniciou-se no Estado o processo de implantação de colônias agrícolas, normalmente com famílias do Nordeste e Meio Norte do País, alguns do Sul e Centro-Oeste e pouquíssimos japoneses, portugueses e espanhóis.
A tabela 49 vai nos mostrar dados sobre as quatro primeiras colônias implantadas no Estado.

TABELA  49   -  COLÔNIAS  AGRÍCOLAS  PIONEIRAS  EM  RORAIMA

Colônia Fernando Costa - Mucajaí

1944 - 1º Grupo de Maranhenses - Implantação
1947 - 1948 - 2º Grupo de Famílias
1949 - 3º Grupo de Famílias
1951 - Colonização Efetiva - 102 Famílias
1952 - 5º Grupo - 12 Famílias
1953 - 6º Grupo - 26 Famílias
1957 - 7º Grupo - Totalidade 640  pessoas

Colônia Brás de Aguiar - Cantá

1952 - 1º Grupo - Implantação
1957 - 2º Grupo - 58 Famílias

Colônia Coronel Mota - Taiano

1953 - 1º Grupo  japonês - Implantação
1956 - Vinda  do 2º grupo de colonos  japoneses

 

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