AGOSTINHO - 1.993
9.5.1- Proposição de usos para as áreas institucionais de Roraima
Dentro do espirito de que o desenvolvimento de Roraima passa pela redefinição dos usos para as áreas institucionais, devemos considerar para análise basicamente cinco grandes blocos, que espacialmente sobrepõe-se complicando ainda mais a sua utilização racional. São eles: faixa de fronteira (CDN – Conselho de Defesa Nacional), áreas indígenas (FUNAI - Fundação Nacional do Índio), unidades de conservação (IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) , terras da União (INCRA – Instituto Nacional da Reforma Agrária e Colonização ) e áreas militares ( Ministério da Defesa - Exército).
O caso da faixa de fronteiras e das terras da União é de mais fácil solução já que no primeiro caso só está aguardando regulamentação constitucional e seus mecanismos de assentimento prévio não obstaculizam os projetos que ai queiram ser implantados. No segundo caso já está em franco desenvolvimento o processo de transferência das terras do INCRA para o ITERAIMA (Instituto de Terras do Estado de Roraima) através de convênio.
A situação mais crítica no momento diz respeito às áreas indígenas, já que na sua definição são utilizados critérios altamente discutíveis enquanto não são respeitadas legislações ainda vigentes, além de uma total omissão antropológica no que diz respeito a aculturação indígena de Roraima, onde somente vão existir indígenas primitivos no quadrante Oeste do Estado (ianomamis, uaicás, xirianas, etc )
Grande parte da população de Roraima, principalmente os técnicos e políticos acreditam na existência de um jogo de interesses econômicos de grupos internacionais e até locais que se utilizam do artifício antropológico visando encobrir ou bloquear o uso de grandes potenciais principalmente minerais e de biodiversidade que poderiam desequilibrar o amoral mercado internacional de matérias primas.
No que diz respeito às unidades de conservação o que vemos é um obstáculo relativo ao desenvolvimento do Estado, já que a omissão do IBAMA no trato desta sua competência tem deixado muito a desejar, permitindo que atividades produtivas degradadoras se instalem em suas unidades. Como exemplos disto temos a estação ecológica de Caracaraí já altamente comprometida por projetos de colonização expontâneo; a não demarcação da estação ecológica de Niquiá já está permitindo ações de grupos empresariais na área visando a pesca, extração de madeira e projetos turísticos; a não demarcação do Parque Nacional do Monte Roraima, bem como ausência de plano de manejo está permitindo o garimpo clandestino na área bem como início de degradação pela agricultura dos índios ingaricós, além da pretensão da Funai visando tornar aquela região como parte da área indígena contínua Raposa-Serra do Sol, atitude esta nunca contestada pelo IBAMA.
Um dos problemas mais sérios na elaboração de uma política para utilização de unidades de conservação é o entendimento da Legislação relativa ao assunto, que define muito bem os usos proibidos e permitidos. A Ilustração 55 nos mostra uma comparação entre as áreas de preservação (intocáveis) e de conservação (usos controlados) baseada na Legislação Ambiental. As unidades de conservação possuem uma série de compatibilidades e incompatibilidades entre si, devendo ser levadas em consideração quando se estabelece uma política de uso para as mesmas.
A Ilustração 56 nos mostra uma matriz de compatibilidade para unidades de conservação.
ILUSTRAÇÃO 55 - MATRIZ DE COMPATIBILIDADES DE UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO |
ÁREAS DE CONSERVAÇÃO |
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USOS NÃO |
USO EXTRATIVO CONTROLADO |
RESERVA BIOLÓGICA |
PARQUE NACIONAL |
PARQUE DE CAÇA |
Organizado por: Jaime de Agostinho - 1991
CONSERVAR |
: MANEJO |
PRESERVAR |
: INTOCABILIDADE |
LEGISLAÇÃO BASE:
LEI Nº 5,197 - 03/01/67 - Proteção à fauna e dá outras providências
ART. 5º - Reservas Biológicas Nacionais, Estaduais e Municipais (a)
Parques de Caça Federais, Estaduais e Municipais (b)
LEI Nº 4.771 - 15/09/65 - Código Florestal
ART. 5º - Parques Nacionais, Estaduais e Municipais (a)
Reservas Biológicas
Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais (b)
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RESERVAS BIOLÓGICA / ECOLÓGICA / ESTAÇÃO ECOLÓGICA |
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ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
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COMPATIBILIDADE DE ESPACIAL
QUANTO AOS USOS
JAIME DE AGOSTINHO – 1 993
TABELA 41 - DEFINIÇÃO DE ALTERNATIVAS PARA POSSÍVEIS USOS
PARA AS ÁREAS INSTITUCIONAIS DE RORAIMA
Roraima visando sua utilização para uso turístico
Jaime d e Agostinho - 1993
ILUSTRAÇÃO 57 - CALHA NORTE AMAZÔNICA E AS ÁREAS
INDÍGENAS
FAIXA DE FRONTEIRA : 150 Km
ÁREAS INDÍGENAS FORA DA FAIXA DE FRONTEIRA
LEGENDA:
JAIME DE AGOSTINHO – 1 999
9.6 - Estabelecimento de Políticas Sociais realistas para a melhoria da qualidade de
vida da população
Roraima padece de um mal comum a outras regiões brasileiras que é a total dependência de grande parte de sua população a um paternalismo crônico. Desde o início do século já se tem notícias da manutenção de parcelas significativas da população em um regime de tutela pelos poderes constituídos da época, justificado pela razão da localização distante de outros centros maiores e a necessidade de defesa da fronteira Norte. Nesta mesma época inicia-se uma tímida, mas crescente política de dependência social praticada pela Igreja Católica, que somada à estrutura dos coronéis de patente criada pelo Governo Central, que tinham sob sua responsabilidade muitos dos habitantes da região, dominando o cenário social e político até a década de 50. A partir da década de 60, durante o governo militar, Roraima beneficiou-se bastante com o “milagre brasileiro”, ocasião em que a urbanização da capital e a implantação de infra-estruturas básicas propiciou bem estar social, econômico e principalmente inaugurou a era do emprego público para todos, com salários equivalentes ao Distrito Federal, tidos como os maiores do País até então. As elites políticas locais, na sombra dos inúmeros governadores indicados para o então Território inicia a formação dos “currais eleitorais” visando suas eleições para a Câmara Federal e possíveis indicações para cargos locais. Com a emancipação política do Estado em 1988 iniciou-se de uma forma nunca vista a luta pelo poder através da manipulação de grandes massas da população, com a distribuição de muitos empregos comissionados, fornecimento de cestas básicas, doações