Tese Doutorado

4.4 - Pedologia e Aptidão Agrícola dos Solos

 

4.4.1 – Pedologia

A maior parte dos solos de Roraima, segundo o Ministério da Agricultura, são tidos como baixa a média fertilidade (+/- 40% da área), de baixa fertilidade (+/- 30% da área), não recomendáveis à agricultura (+/- 26%); de média a alta fertilidade (+/- 1%) e de alta fertilidade (+/- 3%). As manchas de média a alta fertilidade são bastante esparsas o que impede uma utilização agrícola mais regional. Em função dos dados apresentados verificamos que o processo para capacitar a maior parte dos solos dos Estado para uma agricultura comercial será bastante árdua, necessitando de uma série muito grande de estudos básicos, incentivos governamentais e vias de transporte adequadas que visem baratear os custos dos insumos e escoar rapidamente a produção excedente.
A tabela 8 lista os principais tipos de solo do Estado, sua área aproximada de ocorrência e uma idéia genérica de sua fertilidade natural.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TABELA 8 – TIPOS DE SOLOS DO ESTADO DE RORAIMA, SUA
                        DISTRIBUIÇÃO EM ÁREA E FERTILIDADE

 

 

TIPO DE SOLO

 

ÁREA kM2

% ÁREA TOTAL

FERTILIDADE NATURAL

 

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO

35.236

15.7

B => M

 

LATOSSOLO VERMELHO ESCURO

     611

0.3

B => M

 

LATOSSOLO AMARELO

28.968

13.3

B

 

TERRA ROXA

  1.400

0.6

M => A

 

PODZÓLICO VERMELHO AMARELO

53.386

23.6

B => M

 

LITÓLICO

44.114

19.6

------NR

 

LATERITA HIDROMÓRFICA

  5.199

2.3

 B

 

PLANOSSOLO

  1.901

0.8

------NR

 

CONCRECIONÁRIOS

  3.034

1.3

 B

 

AREIAS QUARTZOSAS

  4.286

1.9

 B

 

PODZOL HIDROMÓRFICO

12.216

5.4

 B

 

SOLOS ALUVIAIS

  5.889

2.6

 A

 

AFLORAMENTOS ROCHOSOS

26.477

11.6

------

 

ÁGUAS INTERIORES

  2.300

1.0

------

 

TOTAIS

 

225.017

 

100.0

A = ALTA
   B = BAIXA
    M = MEDIA

 
                                                                                                                      ADAPTADO DE SUDAM 1977

 

4.4.2 - Aptidão Agrícola dos Solos

Estudos baseados no projeto RADAM - 1971 desenvolvidos pela SUDAM(1 977) e Ministério da Agricultura (1980) fazem uma classificação das aptidões agrícolas das terras do Estado de Roraima por tipo de utilização. A seguir procura-se sintetizar estas conclusões através da tabela 9.
 O que pode se detectar  é que os solos do Estado de Roraima possuem aptidão para serem ocupados por lavouras principalmente de ciclo curto (59% da área do Estado). A utilização dos referidos solos para a implantação de pastagens plantadas é constatada em mais de 11% do seu território. Isto mostra uma vocação bastante nítida em grande extensão do Estado para a agropecuária.

 

TABELA  9 – RORAIMA – RESULTADOS QUANTITATIVOS DA APTIDÃO 
                         AGRÍCOLA DAS TERRAS POR TIPO DE UTILIZAÇÃO

TIPO DE UTILIZAÇÃO

EXTENSÃO APROXIMADA (Km2)

% DO ESTADO

OBSERVAÇÕES

 

 
LAVOURAS  

 

CICLO
CURTO

132.836

 

59.0

11.723 Km2 SOMENTE PARA UM CULTIVO POR ANO

 

 

 

CICLO
LONGO

      304

 

  0.1

DENDÊ, PIMENTA, FRUTOS TROPICAIS

PASTAGEM PLANTADA

 25.198

11.2

 

SILVICULTURA

  1.470

  0.7

 

PASTAGEM   NATURAL

  2.127

 

 1.0

657 Km2 NÃO TEM A SILVICULTURA COMO USO ALTERNATIVO

SEM APTIDÃO PARA USO AGRÍCOLA

63.082

28.0

 

 

TOTAL

 

225.017

 

100.0

 

                                                                       ADAPTAÇÃO DE SUDAM  e M. AGRICULTURA  –1 977

 

 

 

4.5 – Geossistemas

Em função da análise dos fatores do meio físico de Roraima, descritos no itens anteriores, podemos definir áreas com características físicas que se aproximam entre si formando unidades bem diferenciadas. São os denominados geossistemas mostrados na Ilustração 33  e caracterizados na tabela 10. Estes geossistemas vão ser a base inicial para a definição mais precisa dos ecossistemas significativos  existentes no Estado de Roraima.
TABELA 10  -  PRINCIPAIS GEOSSISTEMAS DE RORAIMA E SUAS
                           CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

 

GEOSSISTEMAS

       CLIMATOLOGIA

           GEOLOGIA

           PEDOLOGIA

COBERTURA VEGETAL

ÁREAS MONTANHOSAS

TEMPERATURAS MAIS    AMENAS

ALTA PLUVIOSIDADE

AUSÊNCIA DE ESTAÇÃO SECA

ROCHAS ANTIGAS (PRÉ-CAMBRIANO, COMPLEXO GUIANENSE)

FORMAÇÃO      RORAIMA
ELEVADO POTENCIAL MINERAL: DIAMANTE, OURO, MINERAIS RADIOATIVOS

LITOSSOLOS

ÁREAS
INAPROVEITÁVEIS

APTIDÃO
PARA    FRUTAS   E LEGUMES   DE ÁREAS TEMPERADAS

MATAS DENSAS DE ENCOSTA E SAVANAS ESTÉPICAS

 

ÁREAS PLANALTICAS

 

ÁREA BASTANTE VENTILADA

PEQUENO PERIODO DE   SECA

 

ROCHAS ANTIGAS COMPLEXO GUIANENSE E PRÉ-CAMBRIANO

ELEVADO POTENCIAL MINERAL: OURO, CASSITERITA, MINERAIS NOBRES

 

LATOSSOLOS

PODZÓIS

MANCHAS  DE TERRA ROXA

APTIDÃO PARA        LAVOURAS E PECUÁRIA COM PASTOS   PLANTADOS

 

MATAS DE TRANSIÇÃO (MOSAICO)

FLORESTA   DENSA

 

BACIA DE
BOA VISTA

 

TEMPERATURAS MAIS     ALTAS

PERÍODOS  CHUVOSO E SECO BEM DEFINIDOS

 

PLEISTOCENO
FORMAÇÃO BOA VISTA

BAIXO POTENCIAL MINERAL

PERSPECTIVAS DE GÁS  E  PETRÓLEO

 

LATOSSOLOS VERMELHO AMARELO
SOLOS DE BAIXA A MÉDIA  FERTILIDADE

PASTAGENS PLAN-TADAS E CULTURAS IRRIGADAS

 

SAVANAS E CAMPOS COM VEREDAS DE BURITIZAIS

ILHAS   DE  MATA

 

BACIA AMAZÔNICA

 

ALTAS TEMPERA-TURAS

ELEVADA PLUVIOSI-DADE   AUSÊNCIA  DE  ESTAÇÃO     SECA
ELEVADA EVAPO-TRANSPIRAÇÃO

 

TERCIÁRIO COM CAPEAMENTOS QUATERNÁRIOS

BAIXO POTENCIAL MINERAL

 

SOLOS HIDROMORFICOS, AREIAS  QUARTZOSAS, SOLOS ALUVIAIS, LATOSSOLOS

SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE
EXCESSO DE ÁGUA APTOS PARA
SILVICULTURA E
EXTRATIVISMO.

 

FLORESTA AMAZÔNICA    DENSA

                                                                                               JAIME DE AGOSTINHO - 1993

ILUSTRAÇÃO  33  -  GEOSSISTEMAS SIGNIFICATIVOS DE  RORAIMA

 


 

 

 
 



5  - O MEIO BIOLÓGICO

5.1 - Cobertura Vegetal

 

5.1.1 - Grandes Unidades Fisionômicas
O Estado de Roraima possui uma amostra bastante significativa e variada de diversos tipos de fisionomias vegetais que ocorrem na Amazônia Brasileira e áreas periféricas.
             O projeto RADAM - 1975 usa uma classificação por sistemas, assim definidos:

     savana arbórea aberta (campo cerrado)

     savana estépica arbórea densa
     savana estépica arbórea aberta
     savana estépica parque
     savana estépica graminosa

     floresta aberta sem palmeiras (cipoal)
     floresta aberta com palmeiras

     floresta densa sub-montana
     floresta densa montana

     floresta de baixas altitudes
     floresta sub-montana

     formação pioneira arbórea
     formação pioneira arbustiva
    formação pioneira lenhoso/ graminóide

De uma forma bastante simplificada podemos reduzir todos os sistemas listados anteriormente nas seguintes macro unidades fisionômicas:

 

A Ilustração 34 nos dá uma idéia da distribuição espacial destas macro unidades fisionômicas.
Em termos percentuais de ocorrência, o Estado de Roraima possui aproximadamente a seguinte distribuição de cobertura vegetal:

                                        florestas =                 53%
                                        áreas de transição = 15%
                                        campos  e savanas = 32%

 

 

 

 

 


ILUSTRAÇÃO  34  -  VEGETAÇÃO  DE  RORAIMA

 
 
  

 

 


5.1.2 - ALTERAÇÕES DA COBERTURA VEGETAL

 

No início da década de 1980, em função da utilização de sensores não específicos, ausência de trabalhos de campo sistemáticos e até má fé de grupos interessados na internacionalização da Amazônia, divulgaram-se dados alarmantes sobre o desmatamento da Amazônia Brasileira. Em função disto, o governo brasileiro, utilizando-se da competência e seriedade do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais iniciou no início dos anos 90 um programa sistematizado de medições e chegou em valores que tiveram um grande impacto positivo na sua apresentação.
No caso específico do Estado de Roraima tínhamos valores projetados por fontes internacionais para o ano de 1988 variavam entre 1,35 a 1,45% da área total do Estado, enquanto que as medições do INPE chegaram a 0.97%.
Em 1989 a SUDAM, através de seu Centro de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto desenvolveu uma série de medições sobre desmatamento da Amazônia Brasileira. Independentemente de a metodologia somar áreas desmatadas recentes com áreas desmatadas antigas (capoeiras). Os dados são de fundamental importância para o planejamento de ações futuras. Os dados divulgados em 1991 nos dão um perfil muito interessante dos dados sobre desmatamento no Estado de Roraima, que apesar do defasamento são ainda bastante válidos para os dias atuais.
Na tabela 11 temos os valores definidos por municípios, onde Bonfim lidera os índices de desmatamento em relação a todos os outros municípios, que por seqüência são: Mucajaí, São João da Baliza, Boa Vista, Alto Alegre, São Luís, Caracaraí e Normandia.
A SUDAM preocupou-se também na avaliação da situação do desmatamento em áreas indígenas (Tabela 12). Neste último caso podemos verificar que nas áreas indígenas aculturadas (macuxi e uapixana) os índices de desmatamento ultrapassam em muitos casos a média estadual. Temos por exemplo a área indígena do Raimundão com 25,28% desmatado, temos a seguir  outras áreas indígenas : Jabuti com 14,91%;  Malacacheta com 8,40% ;  Manoa - Pium com 6,13%. Ao observamos a área ianomami temos valores que raramente atingem a 2%, mostrando que vivem num sistema de subsistência fechado e não capitalista, característica marcante dos grupos indígenas não aculturados. Da mesma maneira  foram  analisados  os  desmatamentos  em  unidades de  conservação do  IBAMA ( Tabela 13).

 

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