6 .1 – Generalidades :
Infelizmente o que observamos nos últimos 15 anos na bacia do baixo Rio Cauamé
é um descaso total das autoridades responsáveis pelo controle do uso do solo municipal e
pela proteção ambiental em todos os níveis. Somado a tudo isto temos uma falta de
consciência ambiental da população, fazendo com que, caso não se mude esta tendência, os
cenários pessimistas quanto ao futuro da área se concretizem.
A especulação imobiliária prospera na área, principalmente com imóveis para a
população de média e alta renda. Novos projetos são lançados, alguns inclusive destruindo
as últimas áreas verdes da bacia e alterando a qualidade ambiental e a dinâmica hidrológica
do baixo Rio Cauamé, com a construção de marinas, retirada de areia da boca do Rio
Cauamé para aterro de áreas de inundação natural do Rio Branco. As Ilustração 41 nos
mostra um dos tipos de projetos previstos para a área, que irá destruir um dos últimos
blocos de vegetação ciliar natural existentes na foz do Rio Cauamé. A Ilustração 42 por
sua vez nos mostra fotografia de tomada aérea da mesma área.
A partir destas colocações são avaliados a seguir dois tipos de cenários que
poderão existir na virada do século para esta área.
ILUSTRAÇÃO 41 – Concepção artística de loteamento e condomínio River Park – da
Imobiliária Dorí Empreendimentos
ILUSTRAÇÃO 42 – Fotografia de tomada aérea da margem direita do baixo Rio
Cauamé, na sua foz com o Rio Branco, mostrando as áreas
remanescentes de mata ciliar ameaçadas de desmatamento pela
especulação imobiliária
6.2 – Cenário pessimista :
Este cenário leva em consideração a atual tendência com a evolução dos processos
de degradação ambiental aliados à omissão e até certa conivência dos órgãos públicos
responsáveis pela proteção ambiental e pela política municipal de uso do solo. Esta
tendência é caracterizada por uma série de fatores , dos quais podem ser destacados :
licenciados e clandestinos.
clubes, associações, condomínios, etc
decapeamentos das margens dos cursos d’água para extração de piçarra sem processo
posterior de recuperação ambiental.
diretamente no Rio Cauamé, como em seus afluentes e valas de drenagem pluvial.
Um outro problema potencial é a tendência de crescimento da zona Norte da
Capital, com pressão da urbanização sobre as áreas de vegetação permanente localizadas
na margem direita do baixo Rio Cauamé, situação ainda mais complicada caso se
concretizem idéias de projetos para construção de ponte na região do Caçarí.
Isto transformaria toda a região compreendida pelo polígono entre a margem esquerda do
Rio Cauamé, BR 174, Igarapé Agua Boa de Cima e Rio Branco em uma área de forte
expansão urbana, comprometendo de vez toda a qualidade ambiental das bacias do baixo
Rio Cauamé e do Água Boa de Cima, gerando impactos ambientais imprevisíveis e
comprometendo irreversivelmente os mananciais de abastecimento de água, presentes e
futuros.
Estas ações caso não alteradas ou eliminadas transformarão todo o baixo Rio
Cauamé numa enorme vala, assoreada por sedimentos, poluída por material orgânico e sem
nenhum uso de interesse social, podendo ser até um grande foco de doenças transmissíveis
O cenário é assustador e infelizmente pode se tornar parcialmente ou totalmente
uma realidade caso não haja uma grande vontade política dos dirigentes e dos técnicos
responsáveis pelas ações corretivas e de recuperação
6.3 – Cenário otimista :
Nesta projeção temos de contar com uma série de ações que infelizmente ainda
não existem a contento, quais sejam :
administradores públicos
com pessoal treinado e dirigentes competentes.
ecodesenvolvimento, o que permite inclusive, a obtenção de recursos externos.
Dentro de um cenário otimista podemos propor para a região as seguintes ações
que certamente reverteriam a atual tendência:
Cauamé, baseado em estudos e levantamentos de detalhe na escala variando de
1 : 10 000 a 1 : 25 000, que teria por finalidade básica :
0 – Criação de um Parque Municipal no baixo Rio Cauamé visando dar proteção à
vegetação de preservação permanente e em paralelo permitir o lazer controlado da
população além de atividades contínuas de educação ambiental. Este parque seria
circundado por avenidas beira rio e teriam definidos pontos de acesso a balneários e
outras instalações de lazer e cultura para a população, adequadas com a principal
missão que seria a de proteção e recuperação do meio ambiente regional. A
Ilustração 43 nos dá uma idéia desta proposta.
0 – Criação de Zona de Preservação dos Lagos Divisores , a se localizar nos divisores
de água das sub-bacias dos igarapés Murupú (inclusive suas nascentes ), Água Boa
de Cima, Carrapato, Curupira e Caçarí
0 – Definição clara e precisa das áreas para atividades agropecuárias e de expansão
urbana
0 – Saneamento de toda a área das bacias dos igarapés Caranã e Frasco, prevendo-se
inclusive a coleta e tratamento dos esgotos, além da coleta sistemática do lixo
doméstico e tubulação das inúmeras valas da área.
0 – Elaboração de um Plano de Proteção aos Mananciais da Região de Boa Vista,
através do qual seria possível subsidiar uma futura Lei de Proteção aos Mananciais
do Estado de Roraima
Este trabalho envolveria um estudo e coleta de diversas variáveis, das quais
destacariam-se:
ILUSTRAÇÃO 43 : Proposta de localização do Parque Municipal do baixo Rio
Cauamé ( )
de drenagem; local das nascentes; foz; comprimento; afluentes; municípios drenados;
diagrama unifilar; geologia, geomorfologia; declividades; erosão potencial;
precipitações pluviométricas e outras variáveis climáticas; balanço hídrico; hidrologia
e hidrogeologia; dados de qualidade das águas ( pontos de monitoramento, pontos e
parâmetros levantados, análises e interpretações dos resultados, cálculo de vazões
médias mensais); fontes poluidoras (resíduos urbanos e industriais, agropecuária);
enquadramento dos corpos d’água; ocupação urbana; sistema viário; ocupação
industrial.
A Ilustração 44 nos dá uma idéia do fluxo operacional que deve ser seguido para
o estabelecimento de uma lei de proteção aos mananciais