Bacia do Rio Cotingo

 

 

• 3.9 - VEGETAÇÃO DA BACIA DO RIO COTINGO

  3.9.1- Generalidades

  O Estado de Roraima possui uma variação em relação às áreas fitofisionômicas. Segundo o  RADAMBRASIL (1975), a cobertura vegetal do Estado  possui 08 (oito) tipos distintos: Florestas Ombrófilas de Baixa e Média altitude; Densas de Montana; Aberta com Palmeiras, que compõem as matas de terra firme; Floresta Estacional Semidecídua, característica como transição entre a mata densa e a aberta; Mosaico Floresta Tropical Densa; Campos Limpos do Rio Branco e Refúgio Ecológico
  Essa heterogeneidade de fisionomias pode ser justificada, conforme o livro Roraima, Brasil do hemisfério Norte (1994), “devido ao forte gradiente pluviométrico do sul para o norte do Estado, os diversos substratos geológicos e as variações altitudinais”.
  Dentre os tipos que mais se destacam no Estado, estão: as Savanas, Florestas Abertas, Florestas Serranas e Nebulosas, a Vegetação dos Refúgios e a Vegetação de Areia Branca.

   

  3.9.2-Cobertura Vegetal Atual

  Conforme, levantamento realizado pelo RADAMBRASIL (1975), podemos encontrar três tipos de Região Fitoecológica que são: Savana Estépica, Savana e Floresta Ombrófila Densa, pode-se identificar outros tipos de vegetação menos expressivas como; Refúgio Ecológico, Floresta Tropical Densa Montana, Floresta Tropical Densa Sub-Montana, Floresta de Galeria e Área de Contato (tensão ecológica).
  Para melhor compreensão, a Bacia do Cotingo, foi subdividida em três Sub-Bacias:

   

  SUB-BACIA DO BAIXO RIO COTINGO

  A Sub-Bacia do Baixo  Rio Cotingo, possui três regiões fitoecológicas que são: Savana-Parque, Savana-Estépica Parque e Savana-Estépica  Arbórea Densa.
  A área da Sub-Bacia do Baixo Rio Cotingo, possui aproximadamente 1.023Km2, iniciando-se no ponto em que o Rio Cotingo atravessa o seu último boqueirão da Serra do Triunfo ou Quixadá e indo até sua desembocadura no Rio  Surumu.

   

   

   

  a) Savana Parque

  Localiza-se basicamente em quase toda Região da Sub-Bacia do Baixo Cotingo inclui várias formações campestres onde com vegetação Gramineo-Lenhosa Baixa, se  alternam as vezes pequenas árvores isoladas e galerias ao longo dos Rios. Mostram assim uma grande variabilidade estrutural e em conseqüência em porte, densidade, no que também inclui a intensidade da ação antrópica.

   

  b) Savana Estépica Parque

  A Savana Estépica Parque, é composta por elementos arbóreos xeromorfos, cactáceos e lenhosos camefíticos, espinhosos, cobrindo um tapete graminoso cespitoso, perene, entremeado de ervas anuais, muitas vezes com inclusão de Floresta de Galeria.

   

  c) Savana Estépica Arbórea Densa

  A Savana Estépica Arbórea Densa pode ser encontrada em vários pontos específicos dentro da Bacia geralmente cobrindo serras e morros da região, como é o caso da Serra do Quixadá ou Triunfo, Serra do Beija-Flor, Serra da Memória, Morro do Guariba, etc.

   

  SUB-BACIA DO MÉDIO RIO COTINGO

  Esta Sub-Bacia possui três regiões fitoecológicas: Savana-Estépica Parque, Savana-Estépica Arbórea Densa e Floresta Ombrófila Densa Montana.
  Possui aproximadamente 2.093Km2, iniciando-se nas proximidades da Vila Água Fria e indo até o igarapé Urucurí, afluente do Rio Cotingo.

  a) Savana Estépica Parque

  O sistema ecológico da Savana Estépica Parque domina a área do Médio Rio Cotingo, com uma fisionomia que aparenta ser antrópica, por apresentar dispersão mais espaçada dos elementos arbóreos e adensamento do estrado rasteiro nas épocas chuvosas.

   

   

   

  b) Savana Estépica Arbórea Densa

  Restringe-se a pequenas manchas, normalmente em encostas, ocupadas fundamentalmente por vegetação campestre e arbórea baixa, densa de evidente xeromorfismo.

   

  c) Floresta Ombrófila Densa Montana

  É  representada por uma vegetação constituída de árvores perenifoliadas, geralmente com os brotos foliares sem proteção contra a seca, dominam as formas biológicas Fanerófitas Ombrófilas em todos os estratos.

  SUB- BACIA DO ALTO RIO COTINGO

  O Alto Rio Cotingo é a sub-bacia que possui maior diversificação de regiões fitoecológicas, apesar de algumas possuírem  pequenas áreas, as quais destacamos: a Floresta Ombrófila Densa Montana, Savana Estépica Parque, Floresta Tropical Densa Sub-Montana, Savana Estépica Arbórea Densa e áreas de Refúgio Ecológico como o Monte Roraima e a Serra do Sol. Podemos encontrar várias áreas de contato (tensão ecológica), dentre as quais destacamos o Contato Floresta/Savana Estépica.
  A sub-bacia do alto Rio Cotingo possui aproximadamente 3.062Km2 e inicia-se junto ao Monte Roraima indo até a localidade da Vila Água Fria.

  a) Refúgio Ecológico da Serra do Sol e Monte Roraima

  Apresenta uma vegetação arbustiva-graminosa, diferenciando-se da flora dominante, constituindo uma vegetação relíquia que persiste em situação especialíssima. As plantas que a compõem entrelaçam-se, geralmente formando um emaranhado denso e de difícil penetração.

  b) Área de tensão ecológica: Contato Floresta/Savana Estépica

  Caracterizam-se pela interpretação das unidades fisionômicas de savana estépica/floresta e vice-versa, sob a forma de encraves, em vária formas de relevo. Há registro de ocorrência em toda a área, sem muita relevância.

  c) Floresta Tropical Densa Sub-Montana

  Reveste os terrenos dissecados de altitudes entre 600 e 1000 metros, normalmente de encosta. A floresta parece apresentar diversificação de potencialidade de madeira associada às variações de altitudes.
  Dentre as espécies participantes da comunidade de porte florestal, vale citar os louros, os matamatás, os ingás, etc.

  d) Floresta Ombrófila Densa Montana

  Apresenta uma estrutura florestal com dossel uniforme, é representada por ecótipos relativamente finos com casca grossa e rugosa, folha miúda e de consistência coreácea, onde se constata uma submata de Nanofanerófitos, rosulados, ocorrendo também regeneração natural do estrato arbóreo.

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

  FIGURA 41 - COBERTURA VEGETAL DA BACIA DO RIO COTINGO

     

                                            
  FIGURA 42 - COBERTURA VEGETAL DA BACIA DO COTINGO E USOS PREVISTOS

  TIPO DE VEGETAÇÃO			SIMBOLOGIA	LOCALIZAÇÃO	ÁREA EM KM2	ÁREA EM %	PROGNÓSTICO
  Floresta Ombrófila Densa Montana			Dm	Sub-Bacias do Alto e Médio Rio Cotingo	1.050,7	17,05	Turismo Ecológico e Conservação Ambiental
  Floresta Tropical Densa Sub-Montana			Dse	Sub-Bacia do Alto Cotingo	61,3	0,99	Turismo Ecológico e Conservação Ambiental
  S	ESTE	Arbórea Densa	Cd	Sub-Bacias do Alto, Médio e Baixo Cotingo	344,2	5,58	Conservação Ambiental
  AV AN	PICA	Parque	Tpf	Sub-bacias do Alto, Médio e Baixo Cotingo	4.122,3	66,91	Uso hidrelétrico, agrope-cuário e extrativismo (principalmente mineral)
  A		Parque	Sp	Sub-Bacia do Baixo Rio Cotingo	570,7	9,26	Uso do potencial agrícola
  Refúgio Ecológico			Pstc	Sub-Bacia do Alto Rio Cotingo	4,5	0,10	Áreas de preservação permanente em virtude dos
  Floresta de Galeria			Fg	Sub-Bacia do Alto Rio Cotingo	7,1	0,11	Artigos contidos na Lei 4.771 (Código Florestal)

   

   

  3.9.3- Paleo Cobertura Vegetal

  Não muito distante da área de estudo, na savana do Rupuruni, na Guiana mais precisamente  no lago  Morirú Wijmistra e Hammen em 1966 realizam estudos palinológicos empregando o processo do campo no radioatéveo (C14) e verificaram o seguinte:

  1. Houve,  nesses 14.000 anos, pequenas  flutuações climáticas que afetaram a estrutura da savana.
  2. Estas flutuações de mais seco para mais úmido e vice-versa tem prováveis ligações com as variações da glaciação andina.
  3. O atual período mais seco, que dura há mais ou menos 3.000 anos, está se tornando ligeiramente mais úmido na atualidade.

  Além destas constatações o referido trabalho permite outras interpretações capazes de esclarecer alguns pontos, até então hipotéticos, sobre a origem da savana do Nordeste de Roraima, quais sejam:

  1. A flora original pouco variou nestes últimos 14.000 anos.
  2. As variações estruturais por que passou a savana tem estreitas relações com as  variações do nível da água no solo, o que indica quantidades diferentes de água precipitada.
  3. Na savana existem plantas autoctones que aí vive há pelo menos 14.000 anos, como por exemplo: a Curratella americana (Caimbé) e espécies dos gêneros Byrsonima, Ourates e Roupala.
  4. Na savana existem gêneros que são encontrados na florestas, como por exemplos: Didmopanax, Vismia e outros que provavelmente ocuparam a savana por ocasião da primeira flutuação climática para mais úmido, há cerca de 10.000 anos atrás.
  5. As florestas galeria de palmeiras (buritís) são antigas (mais ou menos 14.000 anos) porém algumas plantas que compõem tal tipo de floresta começaram a aparecer há cerca de 10.000 anos

   

  Atualmente em função de todos os dados disponíveis, a hipótese mais aceita é a de que a floresta amazônica é relativamente nova, existinto diversas espécieis encontradas nas savanas do nordeste de Roraima que são prováveis ecotipos florestais que aí instalaram coincidentemente com o atual período mais úmido por que estão passando as áreas savanícolas do hemisfério norte situado no Brasil, Guiana e Venezuela.
  A conclusão é que a vegetação arbórea da Amazônia instalou-se a partir de refúgios, ocupação primeiramente com estrutura savanícola que, pelas variações da glaciação andina sofrem profundas variações. Posteriormente, de acordo com as flutuações climáticas de seco para úmido, ecotipos florestais expandiram e ocuparam a maior parte da Bacia, deixando áreas relíquias em meio a grande floresta hileana.

   

  3.9.4-  Potencial Florestal

  Com base nos trabalhos realizados pela equipe de vegetação do projeto RADAMBRASIL, foi possível fazer uma avaliação da potencialidade florestal existente nas áreas da bacia do Cotingo.
  Os estudos realizados mostraram que a maior parte das florestas da área da bacia, apresentam baixo potencial madereiro, existindo algumas com seu potencial destinado por lei à preservação.S

 

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