FIGURA 24 - MAPA GEOLÓGICO DA BACIA DO RIO COTINGO
3.6- PEDOLOGIA
3.6.1- Generalidades
Este item relaciona-se muito mais à Edafologia que a Pedologia, visando mais a utilização dos solos da área que propriamente o estudo de sua classificação. Uma vez que o estudo pedológico ainda não avançou em detalhe maior, o estudo edafológico guardará as devidas limitações, pois se baseia no primeiro. Agradecimentos se façam aos que nos antecederam, obtendo dados preciosos acerca dos solos, sem os quais o ZEE-RR teria enormes dificuldades.
Usando-se o conhecimento científico dos técnicos e o conhecimento empírico dos nativos da região ousou-se modificar, em alguns casos, aptidões de determinadas áreas. O ZEE-RR espera ter desenvolvido um trabalho coerente, realista, sólido, condizente com os novos conhecimentos científicos na área de solos e suas aptidões.
Este relatório constituiu mais um subsídio para a discussão multidisciplinar e holística da equipe do ZEE-RR que culminou na elaboração da 1ª aproximação de Zoneamento Ecológico-Econômico para a área I-Bacia do Rio Cotingo.
3.6.2- Métodos de Trabalho
O trabalho se baseou na copilação de informações de solos e aptidão geradas nos trabalhos: RadamBrasil, Estudo Integrado do Vale do Rio Branco, Aptidão Agrícola das Terras de Roraima e PROVAM, com a complementação de campo da equipe do ZEE-RR. A finalidade dos estudos ora apresentados, não justificou um levantamento mais detalhado dos solos da região, para o momento. Com as informações e dados já gerados por outras equipes e com um reconhecimento de campo visando mais a caracterização regional de algumas unidades de solos que a mudança em sua distribuição espacial (mapeamento), pôde-se chegar a um melhor conhecimento dos solos da Bacia e suas aptidões. Este reconhecimento de campo deteve-se na observação de alguns perfis e tradagens, no sentido de obterem-se dados de profundidade, textura, camadas endurecidas e fertilidade. Nos levantamentos já existentes, o número de perfis e amostras de fertilidade para a área era muito reduzido o que fazia com que as aptidões definidas para os solos da região, extrapolados de leituras de perfis de outras áreas, fossem um pouco distorcidas do real, mesmo com o suporte tecnológico da fotointerpretação, pois esta tem suas limitações conseguindo identificar unidades, mas sem relacionar característica intrínsecas dos solos.
FIGURA 25 - MAPA PEDOLÓGICO DA BACIA DO RIO COTINGO
Os mapas de solos gerados pelo ZEE-RR tem escala de 1:250.000 apenas para adequação à escala geral adotada pelo Zoneamento. O trabalho de solos é no entanto enquadrado em “Levantamento Exploratório”, segundo as modalidades de levantamento de solos adotadas pelo SNLCS - Reunião Técnica de Levantamento de Solos,1975. Portanto a escala real de trabalho, com base na metodologia vigente deve ser entendida como 1:1.000.000.
3.6.3- Solos
3.6.3.1- Descrição das Unidades Taxanômicas
É integrada pela unidade de mapeamento LA-2b, que é composta pelo latossolo amarelo álico com horizonte A moderado e textura média. Caracteriza-se por apresentar horizonte B latossólico (B óxico). São solos minerais bem desenvolvidos, bem drenados, muito profundos, porosos, ácidos, não hidromórficos, com alto grau de floculação das argilas e com baixa fertilidade natural. Apresentam-se friáveis, com ausência de cerosidade e os perfis desta unidade apresentam a seqüência de horizonte A, B, C, subdividido em A1, A3, B1, B2, B3 e C, sendo a espessura do solum(A+B) em torno de 200cm e as transições, em geral, planas e graduais ou difusas.
É integrada pela unidade de mapeamento TR-2, que é composta pela terra roxa estruturada com horizonte A moderado, textura argilosa mais solos concrecionários lateríticos indiscriminados.
A terra roxa estruturada - Caracteriza-se por apresentar horizonte B textural, são bem estruturados e com cerosidade abundante. são solos minerais bem desenvolvidos, bem drenados, muito profundos, porosos, não hidromórficos, moderadamente ácido e de média fertilidade natural. A fertilidade é definida pelo caráter eutrófico, baixa saturação com alumínio trocável e soma de bases de média a elevada. Normalmente, os perfis apresentam seqüência de horizonte A1, A2, B1, B2, B3 e C, bem como relação textural baixa, sendo a espessura do solum (A+B) em torno de 170cm.
É integrado pela unidade de mapeamento: PVA-4 que é composto pelo Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico com horizonte A moderado, textura argilosa mais solos litólicos distróficos e PVA-6, que é composto pelo Podzólico vermelho-amarelo distrófico com horizonte A moderado textura argilosa mais solos litólicos.
Tem horizonte B textural (B argílico), são bem desenvolvidos, possuindo ou não cerosidade revestindo o elemento da estrutura. São solos minerais, profundos, bem drenados, ácidos, com soma de bases baixa, saturação com alumínio trocável alta e baixa fertilidade natural.
Possuem seqüência de horizonte A, B, e C bem diferenciados devido à acentuada diferença de cor, textura e estrutura e com profundidade que varia de 120 a 160cm. O horizonte A, aluvial, é normalmente fraco ou moderado (ócrico), com espessura variando de 20 a 45cm e comumente subdividido em A1 e A3, podendo ocorrer ou não o horizonte A2. No horizonte B argílico, se verifica a acumulação aluvial de argilas silicatadas, apresentando espessura variável de 50 a 120cm, compreendendo normalmente B21 e B22.
É integrada pelas unidades de mapeamento: LH-3, que é composta pela laterita hidromórfica distrófica, com horizonte A moderado e textura média mais planossolo e LH-2, composta pela laterita hidromórfica distrófica, com horizonte A moderado e textura média mais areias quartzosas hidromórficas. São solos hidromórficos, mal drenados, ácidos, de baixa fertilidade natural e que apresentam um material argiloso misturado com quartzo, rico em sesquióxidos de ferro e pobres em matéria orgânica. Freqüentemente ocorrendo sob forma de plintita em mosqueamento, abundante e proeminente, vermelho ou amarelo, em matiz cinzenta ou branca(relacionada à oscilação do lençol freático) no horizonte B. Com seqüência de horizontes A1, A2 ou A3, B1pl, B2pl, B3pl, e Cg, a profundidade do solum (A+B) está em torno de 150cm e são fortemente intemperizados.
É integrada pela unidade de mapeamento HG-2, que é composta pelo gley húmico. Caracteriza-se por ser hidromórfico, pouco desenvolvido, medianamente profundo, mal drenado, ácido, de baixa fertilidade natural e que apresenta o horizonte superficial organo-mineral, onde a matéria orgânica se encontra parcial ou totalmente decomposta sobre camadas de cores cinzentadas. Tendo o lençol freático bastante superficial, induzindo o desenvolvimento de camadas gleyzadas (cores cinzentas e mosqueado). Durante pelo menos um período do ano estes solos ficam encharcados. A seqüência de horizontes é A e C.
É integrada pela unidade de mapeamento PLS-1, que é composta pelo planossolo distrófico, com horizonte A moderado e textura média. Caracteriza-se por apresentar horizonte B textural, horizonte sub-superficial endurecido, denso, nitidamente delineado, resultante da elevada dispersão das argilas e com feições associadas ao hidromorfismo, apresentam seqüência de horizonte A, B e C, são pouco porosos, com acentuada impermeabilidade no horizonte B e C, ocasionando um ligeiro encharcamento durante o período chuvoso. A transição de A para B é abrupta. A profundidade efetiva está quase exclusivamente limitada ao horizonte A. Não apresenta boas reservas de nutriente pois o valor T é baixo, inclusive , é um solo epiálico e endoeutrófico.
É integrada pelas unidade de mapeamento: SL-5, que é composto pelo solos litólicos distróficos com horizonte A moderado, textura indiscriminada mais afloramentos rochosos, SL-6 - que é composta pelos solos litólicos distróficos com horizonte A moderado, textura indiscriminada mais afloramentos rochosos, SL-7 - que é composta pelos solos litólicos distróficos com horizonte A moderado, textura indiscriminada mais planossolo e SL-8 - que é composta pelos solos litólicos distróficos com horizonte A moderado, textura indiscriminada mais podzólico vermelho-amarelo e afloramentos rochosos.
Caracterizam-se por serem solos rasos ou muito rasos e pouco desenvolvidos. São solos minerais bem drenados, ácidos de baixa fertilidade natural e que apresentam freqüentemente perfis com seqüência de horizonte A e R, podendo ocorrer um horizonte C de pequena espessura, ou mesmo um horizonte B incipiente.
Grande ocorrência de rochosidade e pedregosidade. São em sua maioria de textura grosseira, com muito baixa soma de bases (s) , muito baixa saturação de bases (V), elevada saturação com alumínio trocável e variada percentagem de matéria orgânica. Ocorrem solos litólicos eutróficos em manchas, associado a uma litologia mais rica (diabásio) e a solos do tipo terra roxa estrutural eutrófica, em relevo muito acidentado, inviabilizando o seu uso para agricultura.
É integrada pela unidade de mapeamento A3, que é composta pelos solos aluviais eutróficos, vérticos e com textura argilosa e mais planossolo.
Caracterizam-se por serem solos pouco desenvolvidos, com drenagem moderada ou imperfeita, pouco ácido e de elevada fertilidade natural. São solos formados pela deposição de materiais transportados pelas águas fluviais, apresentando ou não horizonte A bem caracterizado. Em alguns casos pode haver um horizonte B em início de formação.
FIGURA 26- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS DA ÁREA DA BACIA DO RIO COTINGO
UNIDADE DE MAPE-AMEN-TO |
UNIDADES TAXONÔMICAS |
VEGETA-ÇÃO |
LOCALIZA-ÇÃO |
RELEVO |
ÁREA |
ÁREA DA |
SL-5 |
Solos litólicos distróficos Tb A moderado, textura indiscriminada + aflo-ramentos rochosos |
Savana Arbórea Densa |
Monte Caburaí |
Montanhoso |
85.921,41 |
13,95 |
SL-6 |
Solos litólicos distróficos Tb A moderado, textura indiscriminada + aflo-ramentos rochosos |
Savana Arbórea Densa |
Serra da Mara |
Forte Ondulado |
187.564,88 |
30,44 |
SL-7 |
Solos litólicos distróficos Tb A moderado, textura indiscriminada + planos-solo distrófico Tb A moderado |
Savana Arbórea Aberta |
Serra Lilás |
Suave Ondulado e Ondulado |
3.197,03 |
0,52 |
SL-8 |
Solos litólicos distróficos Tb A moderado, textura indiscriminada + podzólico vermelho-amarelo distrófico Tb concrecionário A moderado + afloramentos rochosos |
Savana Arbórea Densa |
Serra Verde Monte Roraima |
Suave Ondulado, Ondulado e |
186.075,80 |
30,20 |
PVA-4 |
Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico Tb A moderado textura Argilosa + Solos Litólicos distróficos Tb A moderado. |
Floresta Ombrófila Densa e Savana Arbórea Densa |
Maloca Serra do Sol, Alto do Rio Cotingo, Bacia do Igarapé Uarainu. |
Suave Ondulado, Ondulado e Montanhoso |
87.110,90 |
14,14 |
PVA-6 |
Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico Tb A moderado textura argilosa + Solos Litólicos distróficos Tb A moderado textura indiscriminada |
Savana Arbórea Aberta |
Na nascente do Igarapé Almoço |
Ondulado e Forte Ondulado |
5.580,50 |
0,91 |
LH-2 |
Plintossolo Distrófico Tb A moderado textura média + Areias quartzosas hidromórficas A moderado |
Savana Par-que e Savana Gramínea |
Baixo Cotingo |
Plano |
437,17 |
0,07 |
LH-3 |
Plintossolo distrófico Tb A moderado textura média + planossolo distrófico Tb A moderado textura média |
Savana Parque |
Faz. Progresso |
Plano |
28.461,46 |
4,62 |
LA-2b |
Latossolo amarelo álico A moderado textura média |
Savana Par-que e Arbórea Aberta |
Baixo Cotingo |
Suave Ondulado |
1.912,63 |
0,31 |
PLS-1 |
Planossolo distrófico Tb A moderado textura média |
Savana Parque |
Maloca do Contão, Maloca todos querem bem e Baixo Cotingo |
Plano |
27.615,04 |
4,48 |
HG-2 |
Gley Húmico distrófico |
Savana Gramínea |
Boca do Rio Cotingo |
Plano |
685,92 |
0,11 |
TR-2 |
Terra Roxa estruturada A moderado, textura argilosa + solos petroplínticos indiscriminados A moderado, textura argilosa |
Savana Esté-pica Parque e Savana Esté-pica Arbórea Densa |
Maloca Fle-chal |
Forte Ondu-lado |
1.062,60 |
0,18 |
A-3 |
Solos aluviais eutróficos, vérticos, textura argilosa + planossolo eutrófico, textura argilosa |
Floresta Ciliar |
Várzea da comunidade do Cantagalo e Contão |
Plano |
457,40 |
0,07 |
|
TOTAL |
|
|
|
616.082,74 |
100% |
3.6.3.2- Classificação Geral
LATOSSOLO AMARELO
LA-2b -LATOSSOLO AMARELO DISTRÓFICO textura média fase savana parque e arbórea aberta relevo suave ondulado.
TERRA ROXA ESTRUTURADA
TR-2 TERRA ROXA ESTRUTURADA textura argilosa fase floresta ombrófila densa relevo forte ondulado + SOLOS PETROPLÍNTICOS fase savana arbórea densa relevo forte ondulado.
PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO
PVA-4-PODZÓLICO VERMELHO AMARELO DISTRÓFICO textura argilosa fase floresta ombrófila densa e savana arbórea densa relevo ondulado e forte ondulado + SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura argilosa fase savana arbórea densa relevo ondulado e montanhoso.
PVA-6 PODZÓLICO VERMELHO AMARELO DISTRÓFICO textura argilosa savana arbórea aberta relevo ondulado a forte ondulado + SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada fase savana arbórea aberta relevo forte ondulado.
SOLOS LITÓLICOS
SL-5 AFLORAMENTO ROCHOSOS + SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada fase savana arbórea densa relevo montanhoso.
SL-6 SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada + AFLORAMENTOS ROCHOSOS fase savana arbórea densa relevo forte ondulado.
SL-7 SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada + PLANOSSOLO fase savana arbórea relevo suave ondulado e ondulado.
SL-8 SOLOS LITÓLICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada fase savana arbórea densa + PODZÓLICO VERMELHO AMARELO DISTRÓFICO textura argilosa fase savana arbórea densa relevo suave ondulado e ondulado + AFLORAMENTO ROCHOSOS relevo montanhoso.
PLINTOSSOLO
LH-2 PLINTOSSOLO DISTRÓFICO textura média fase savana parque relevo plano + AREIAS QUARTZOSAS HIDROMÓRFICAS DISTRÓFICAS fase savana gramínea lenhosa relevo plano.
LH-3 PLINTOSSOLO DISTRÓFICO textura média fase savana parque relevo plano + PLANOSSOLO textura média fase savana parque relevo plano.
PLANOSSOLO
PLS-1 PLANOSSOLO EPIÁLICO textura média fase savana parque relevo plano.
SOLOS GLEY
HG-2 GLEY HÚMICO distrófico textura indiscriminada + AREIAS QUARTZOSAS HIDROMÓRFICAS distróficas fase savana graminosa relevo plano.
SOLOS ALUVIAIS
A3- SOLOS ALUVIAIS textura indiscriminada fase floresta subperenifolia (ciliar) relevo plano.
3.6.3.3- Percentual de Ocorrência dos Solos
FIGURA 27- Percentual de ocorrência dos Solos da Bacia do Rio Cotingo:
UNIDADE DE MAPEAMENTO |
ÁREA DE OCOR-RÊNCIA NA BACIA (ha) |
PERCENTAGEM EM RELAÇÃO À ÁREA TOTAL |
LA-2b |
1.912,63 |
0,31 |
TR-2 |
1.062,60 |
0,18 |
PVA-4 |
87.110,90 |
14,14 |
PVA-6 |
5.580,50 |
0,91 |
SL-5 |
85.921,41 |
13,95 |
SL-6 |
187.564,88 |
30,44 |
SL-7 |
3.197,03 |
0,52 |
SL-8 |
186.075,80 |
30,20 |
LH-2 |
437,17 |
0,07 |
LH-3 |
28.461,46 |
4,62 |
PLS-1 |
27.615,04 |
4,48 |
HG-2 |
685,92 |
0,11 |
A-3 |
457,40 |
0,07 |
TOTAL |
616.082,74 |
100,00 |
3.6.4- Aptidão Agrícola dos Solos
3.6.4.1- Metodologia Adotada.
A metodologia para análise da aptidão agrícola das terras da Bacia do Rio Cotingo segue os padrões do Serviço Nacional de Levantamento e Classificação dos Solos (5). Não será detalhada aqui, apenas serão mencionados pontos importantes do sistema de avaliação.
São características do método utilizado:
F- Deficiência de fertilidade;
A- Deficiência de água;
O- Deficiência de oxigênio ou excesso de água;
E- Suscetibilidade à erosão;
M- Impedimentos à mecanização
A limitação pode variar de nula a muito forte para qualquer fator limitante, quando estes grupos de limitação tendem a nulidade, a aptidão tende a ser boa, quando do contrário a aptidão piora.
N - Nulo
L- Ligeiro
M- Moderado
F - Forte
MF - Muito Forte
/ - Intermediária entre dois graus (ex.: N/L)
Classe 1 - Pode haver melhoramento com práticas simples e pequeno capital;
Classe 2 - Pode haver melhoramento com práticas intensivas e sofisticadas, com grande emprego de capital;
Classe 3 - O melhoramento só é viável com práticas vultuosas, projetos em grande escala, normalmente além da capacidade individual dos agricultores;
Classe 4 - Sem viabilidade técnica ou econômica de se fazer melhoramento.