FIGURA 49 - USO DO SOLO ATUAL - VALE DO RIO COTINGO
3.11.2.2- O Parque Nacional do Monte Roraima
Esta unidade de conservação de responsabilidade do IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis foi implantada através do Decreto Federal 97.887 de 26/06/89. Este Parque Nacional ainda não foi delimitado e demarcado na sua totalidade, inexistindo até o momento um plano de manejo para iniciar as suas atividades.
A Venezuela tem em seu Parque Nacional Canaima, limítrofe ao Parque Nacional do Monte Roraima, uma fonte significativa da sua renda nacional na exploração do Turismo Ecológico desta área, normalmente com a participação das comunidades indígenas da região no seu gerenciamento. No caso do Parque Nacional do Monte Roraima está existindo um sério problema institucional entre o IBAMA e a FUNAI, já que esta última englobou a área do parque dentro da área indígena pretendida Raposa - Serra do sol, Sem negociações ou consultas ao IBAMA.
Os quase 40% da área do Parque Nacional do Monte Roraima que localizam-se dentro da Bacia do alto Cotingo poderão vir a ser zoneados dentro de uma plano de manejo e com a ajuda das comunidades indígenas que habitam a área torna-se uma das áreas de maior atividade Turística Ecológica Cênica do Estado de Roraima, ajudando a melhorar a qualidade de vida da população indígenas da área, integrando-as à comunhão Nacional sem perdas de sua identidade cultural.
3.11.3 - Atividades Econômicas na Bacia do Rio Cotingo
As atividades econômica atuais do Vale do Rio Cotingo são bastante inexpressivas, resumindo-se no Médio e no Baixo Vale em manifestações não contínuas espacialmente ligadas à pecuária extensiva, garimpo e incipiente atividade comercial. No alto vale temos atividades ligadas exclusivamente às comunidades indígenas que não vão ter importância econômica. Em todo o Vale temos a agricultura de subsistência, praticada tanto pelas comunidades indígenas como pelas fazendas, que também é sem expressão econômica na região.
A figura 50 nos mostra, divididas por região, as principais atividades econômicas do Vale do Rio Cotingo.
FIGURA 50 - ATIVIDADES ECONÔMICAS NA BACIA DO RIO COTINGO
ATIVIDADE ECONÔMICA |
ALTO RIO |
MÉDIO RIO |
BAIXO RIO |
PECUÁRIA EXTENSIVA |
Não detectada |
Fazendas: Sistema de trabalho terça ou quarta parte |
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AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA |
Malocas Ingarikós: roças itinerantes |
Fazendas: sistema semi-intinerante |
|
AGRICULTURA COMERCIAL |
Não existente |
não existente |
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EXTRATIVISMO VEGETAL |
Malocas Ingarikós: |
Malocas e Fazendas: |
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EXTRATIVISMO MINERAL |
Não detectada atividade significativa |
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Não detectada atividade significativa |
CAÇA |
Atividade desenvolvida pelos ingarikós, parte em território brasileiro e principalmente nas matas da Guiana onde existe abundância de caça |
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PESCA |
Reduzida atividade devido existência de poucas espécies e de reduzido tamanho na Bacia do Alto Cotingo |
Atividade ocasional e restrita a pequenos igarapés e lagos. Poucas espécies e tamanho reduzido |
Utilização dos lagos da área para uma incipiente pesca devido Rio Cotingo não oferecer condições de qualidade de água para reprodução de peixes. |
ATIVIDADES COMERCIAIS |
Não detectada. |
|
|
3.11.4- Os Principais Assentamentos Humanos na Área
3.11.4.1- Fazendas
Na realidade são de grande número as propriedades improdutivas que possuem um mínimo de infra-estrutura: casa simples, alguma cerca, inexistência de pastos plantados, falta de motivação e o eterno pesadelo de terem de sair das terras expulsos pela FUNAI.
Existe uma tendência atual de serem desativadas muitas fazendas na área, por razões econômico/financeiras, mau gerenciamento, pretensões da FUNAI, etc. Em alguns casos as comunidades indígenas vizinhas adquirem as benfeitorias e anexam à maloca ou simplesmente tomam posse das instalações abandonadas.
A figura 51 mostra o histórico de implantação de algumas fazendas no Médio e Baixo Cotingo, sendo que parte das mesmas já não mais existe, abandonadas ou anexadas às malocas vizinhas.
FIGURA 51 - FAZENDAS DO VALE DO RIO COTINGO
HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL
DATA FORMAÇÃO |
NOME |
FUNDADOR |
LOCALIZAÇÃO VALE COTINGO |
SITUAÇÃO ATUAL |
DÉCADA DE |
PROGRESSO |
|
|
ANEXADAS POR |
1920 |
BALIZA |
PEDRO |
|
MALOCAS |
|
CAMARÃO |
RODRIGUES |
BAIXO COTINGO |
ATIVA |
|
QUIXADÁ |
|
|
ATIVA |
|
TRIUNFO |
|
|
ATIVA |
|
VISTA GERAL |
ADOLFO BRASIL |
|
|
|
CÉU ABERTO |
PEDRO RODRIGUES |
MÉDIO COTINGO |
SI |
|
NATAL |
VELHO DANDÃE |
|
|
|
SÃO LUIS |
BENBEM PINHO |
|
ATIVA |
1923 |
SÃO JOÃO |
VELHO DANDÃE |
BAIXO COTINGO |
ATIVA |
|
J.P |
|
|
SI |
|
SÃO JORGE |
|
|
ATIVA |
|
BOM JARDIM |
SEVERINO PEREI- |
MÉDIO COTINGO |
SI |
DÉCADA DE |
PEDRA BRANCA |
RA DA SILVA |
|
SI |
1930 |
SOCÓ |
|
|
SI |
|
SANTO ANTONIO DO PÃO |
CECI MOTA |
MÉDIO COTINGO |
ATIVA |
A figura 52 realizada com dados fornecidos pelo INCRA em 1980 nos mostra a situação que existia na área com relação a posses, sendo que em sua maioria foram anexadas às malocas existentes ou que se implantaram recentemente.
FIGURA 52 - BAIXO RIO COTINGO - POSSES EM 1980 - FONTE INCRA-BOA VISTA - SITUAÇÃO EM 1994
NOME DA POSSE |
PROPRIETÁRIO |
SITUAÇÃO ATUAL |
SÃO BENTO |
LEANDRO ALVES DOS REIS |
MALOCA SÃO |
CANINDË |
GALDINO ALVES DOS REIS |
BENTO |
ALVORADA |
LUÍS CAMBOTA |
ABANDONADA |
SÃO JOSÉ |
JOSÉ VAZ DA SILVA |
ATIVA |
GUARANI |
CÉLIA ANDRADE PEREIRA |
MALOCA |
BRASÍLIA |
JOSÉ DO PINHO |
MARAVILHA |
PRIMAVERA |
AMADEU VIEIRA |
ABANDONADA |
SÃO BORGES |
EDIMILSON DAS NEVES |
MALOCA |
ARAÇATUBA |
|
CANTA GALO |
BOM JESUS |
|
ABANDONADA |
Já a figura 53 específica para o Baixo Vale do Rio Cotingo mostra a situação atual das propriedades rurais na área
FIGURA 53- FAZENDAS NO BAIXO RIO COTINGO - 1994
Existentes em Funcionamento |
Margem direita do Baixo Vale São Jorge (Reinaldo) Margem esquerda do Baixo Vale Planície Intermontana, Vale do Ouricuri |
Fazendas Anexadas às Comunidades Indígenas |
Caranguejo - Retiro da maloca Olho D’água |
Fazendas abandonadas sem atividade |
Cunrudango |
Fazendas sem informações |
Tatu - Teresa Costa |
(*) Locais visitados3.11.4.2- Malocas Indígenas
A Bacia do Rio Cotingo possui um significativo contingente de população indígena sendo em sua grande maioria integrados totalmente à comunhão nacional. Uma pequena minoria ainda pratica a língua nativa (Ingarikós e alguns Macuxis na Serra e no Médio Vale). Sua atividade produtiva limita-se a lavouras de subsistência, criação extensiva de gado em franca ascensão, garimpo mecanizado(Rio Quinô) e manual (Baixo Cotingo). A caça é feita em pequena escala por Ingarikós e Macuxis, muitas vezes em território Guianense. A pesca restringe-se principalmente a lagos em todo o vale. Boa parte da população indígena da região tem ajuda de órgãos oficiais: Governo do Estado (a mais significativa e generalizada), da Igreja (dirigida para malocas selecionadas) e da FUNAI (muito incipiente e dirigida mais para o Alto Vale do Cotingo).
A figura 54 mostra a população estimada para todo o Vale do Cotingo.
FIGURA 54 - População Indígena estimada para o Vale do Rio Cotingo - (1994)
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ALTO |
MÉDIO |
BAIXO |
TOTAL |
MACUXIS |
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1.070 |
2.996 |
WAPISHANAS |
|
|
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INGARIKÓS |
|
|
|
|
TAUREPANGS |
|
|
|
|
JARICUNAS |
|
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TOTAL GERAL |
619 |
2.101 |
1.120 |
3.840 |
O conceito de maloca necessita de uma urgente revisão, já que um aglomerado de dezenas de residências unifamiliares e a ocorrência de duas ou três habitações tem a mesma classificação de maloca. O termo Maloca Central foi utilizado pelo ZEE-RR para definir aglomerações com características de vila que existem na área (Contão: no Alto Vale ; Maloquinha: no Médio Vale e Serra do Sol: no Alto Vale). Muitas das malocas da região formam-se dentro de fazendas preexistentes, principalmente em virtude da convivência de trabalho e até de laços familiares que existe na maioria da área onde os índios e não índios tem uma interação sócio-econômica há muitos anos. A figura 55 ilustra exemplos de malocas que surgiram dentro de fazendas preexistentes.
FIGURA 55 - MALOCAS FORMADAS DENTRO DE FAZENDAS JÁ EXISTENTES - VALE DO COTINGO
NOME DA MALOCA |
DATA FORMAÇÃO |
NOME DA |
FUNDADORES |
TESO DO GAVIÃO |
|
FAZENDA BALIZA |
RAIMUNDÃO |
LILÁS |
DÉCADA |
FAZENDA BOM JARDIM |
GERALDO |
ENSEADA |
|
FAZENDA |
SALOMÃO |
PROGRESSO |
|
FAZENDA |
SANDRO TOBIAS |
CURUPÁ |
|
FAZENDA URUCANHA |
|
NOVA ALIANÇA |
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BARRA LIMPA |
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No Rio Cotingo vamos ter uma predominância marcante da etnia Ingarikó no seu Alto Vale (Figura 56), e uma predominância maciça dos Macuxis no Médio Vale (Figura 57) e no Baixo Vale (Figura 58). Outras etnias minoritárias convivem na área tais como Wapixanas, Taurepangs e Jaricunas.
FIGURA 56- MALOCAS DO ALTO RIO COTINGO
ETNIA PREPONDERANTE - INGARIKÓS
MALOCA |
TUXAUA |
POPULAÇÃO |
SERRA DO SOL |
FRANCISCO DA SILVA |
186
|
KUMAIPÁ |
ANTONIO SILVA |
75 |
SANÊPARÚ |
BENEDITO DE SOUZA |
56 |
PIPI |
JOSENIO |
28 |
MAPAÉ |
JOSÉ LUIS |
|
MANALAI |
MARTINS |
178 |
KALAMAMBATEI |
LEANDRO |
21 |
TOTAL |
|
619 |
FONTES: DAI/SAMAIJUS – 1994