A bacia em estudo apresenta um potencial madeireiro pouco estimulante inviabilizando inversão ou projeto.
O maior potencial de madeira foi encontrado na região do Alto Cotingo, conforme as seguintes característica.
Esta floresta, via de regra, apresenta alto porte, relativa uniformidade no dossel superior e elevado potencial de madeira. Segundo as amostragens efetuadas pela equipe de vegetação do RADAMBRASIL apresentaram volume em torno de 200m3/ha. Com as seguintes espécies características: Breu Vermelho, Abioranas,Carappanaúba, Mandioqueira lisa, Marupá, Maruparana, Sorvilha, Angelim da mata, Louros e Maçaranduba.
Esta floresta, ocorre nos platôs (Dissecados em colinas com ravina e vales encaixados) do grupo Roraima e nas áreas submontanas da formação Surumu. Seu potencial madeireiro é considerado regular.
As amostras coletadas forneceram volume inferior a 110 m3/ha, relativa freqüência de Maçarandubas, Cedroranas, Quarubas ,Louros, Faveiras, etc.
É encontrada no baixo, médio e alto Cotingo, revela um volumetria desprezível, porém com gregários de algumas espécies de grande valor comercial, tais como: Maçarandubas, Cedroranas, Louros,Quarubas,etc.
As áreas de campos naturais (Parques e Savanas graminosa) e Savana arbórea aberta têm sido utilizadas para pastoreio extensivo. No entanto, a utilização de técnicas inadequadas, aliadas as queimadas periódicas , comprometem a perpetuação natural destas fisionomias
As regiões de Savana-Estépicas e formações pioneiras, além das áreas de tensão e refúgios Ecológicos, apresentam baixíssimo potencial madereiro.
As sub-regiões das baixas cadeias de montanhas do complexo Guianense, montanhosa do Parima e Planalto sedimentar Roraima (Região Floresta Tropical Densa), devem, ser mantidas de acordo com o Código Florestal art.2º., letras “c”,”d”,”e”,”g”,”e”,”h”.
3.10- FAUNA
3.10.1- Generalidades
Os recursos faunísticos da região do Rio Cotingo, destacam-se pela variedade de espécies, constituindo-se em uma fauna silvestre, fazendo-se necessária a criação de áreas para a preservação de espécies raras e ameaçadas de extinção, bem como coibir atividades que venham a afetar a vida animal no seu meio natural, evitando o desequilíbrio da interação Fauna-Flora, tal como preconiza a Legislação Federal em vigor na sua Lei n.º 5.197, de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção da Fauna.
Por apresentar uma vegetação bastante diversificada a área do Rio Cotingo possui uma fauna variada, com animais típicos da selva amazônica e os característicos do serrado.
Na região do Alto Rio Cotingo, apresenta uma floresta densa, onde a quantidade de animais é enorme, há evidências de grandes carnívoros como a onça pintada e a jaguatirica, hoje muito rara na região, tendo seu habitat nos bosques de encostas dos montes. Há várias espécies de macacos, entre eles o Macaco Prego e o Macaco da Noite são os mais comuns em toda a região do Cotingo.
O Porco da Mata merece destaque entre os grandes mamíferos e é visto em toda a região, assim como o Veado Campeiro e o Veado capoeiro, ambas as espécies são extremamente disseminados na região do Alto e Médio Rio Cotingo. O Tamanduá-Bandeira juntamente com a Jibóia e a Surucucu, são habitantes característicos dos bosques de montes e eventuais freqüentadores da área de mata ciliar dos igarapés.
O que chama atenção na savana são os enormes murunduns (cupinzeiros), que se destacam na paisagem, com estrutura mais ou menos cônicas, chegando a tingir 3,5 m de altura, servindo de abrigo para inúmeras espécies de ratos silvestres, serpentes, lagartos, aranhas, escorpiões, centopéias, etc., em orifícios escavados, principalmente em suas bases.
As informações aqui contidas foram obtidas do único estudo global sobre fauna realizado na Bacia do Rio Cotingo que é o RIMA - Relatório de Impactos no Meio Ambiente da futura Usina Hidrelétrica do Cotingo, realizado pela empresa Intertechne Consultores Associados S/C Ltda em 1993 e 1994.
3.10.2- Levantamento Faunístico
Diagnóstico Faunístico das espécies correspondentes aos vertebrados registrados na região do Rio Cotingo
Das relações dos animais encontrados na região do Rio Cotingo, foram identificadas um total de 114 espécies, extraindo-se os seguintes dados:
Não se efetuou o levantamento de representantes de invertebrados.
Verificou-se, entretanto, que estão bem representados no Grupo Artrópodes, destacando-se as classes dos insetos, Anachomorfos, Quilópodos e Diplópodes, com grande quantidade de gêneros e espécie.
Pela “Listagem de Animais em Extinção no Brasil”, publicado pelo IBGE, 1991, verifica-se que dos 303 animais(espécies e subespécies) relacionados e ameaçados de extinção, apenas 06 espécies foram registradas na região do Rio Cotingo, são as seguintes:
FIGURA 43 - Relação dos mamíferos identificados na área da Bacia do Rio Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
|
|
Didelphis |
D.marsupialis |
1 |
Mucura Verdadeira |
Marsupiais |
Didelfídeos |
Lutreolina |
L.crassicaudat A |
2 |
Mucuralontra |
|
|
Marmosa |
M.murina |
3 |
Cuica-Rato |
|
Embalonurídeos |
Saccopterix |
S.leptura |
4 |
Morcego |
|
|
Carollia |
C. perspicillata |
5 |
Morcego |
|
|
Phillostomus |
P. discolor |
6 |
Morcego |
|
Filostomédios |
Sturnira |
S. lilium |
7 |
Morcego |
|
|
Artibeus |
A. lituratus |
8 |
Morcego |
|
|
Glossophaga |
G. sorizina |
9 |
Morcego |
QUIRÓPTEROS |
|
Uroderma |
U. bilobatum |
10 |
Morcego |
|
Desmodontideos |
Desmodus |
D.rotundus |
11 |
Morcego Hematófago |
|
Vespertilionídeos |
Myotis |
M. nigricans |
12 |
Morcego Insetívoro |
|
Molossídeos |
Molossus |
M. ater |
13 |
Morcego Insetívovo |
PRIMATAS |
Cebídeos |
Alouatta |
A. seniculos |
14 |
Guariba |
|
|
Cebus |
C. apella |
15 |
Macaco-Prego |
|
Mimercofagídeos |
Mymercophaga |
M. tridactila |
16 |
Jurumi, Bandeira |
|
|
Tamanduá |
T. tetradactila |
17 |
Jaleco, Colete |
DESDENTADOS |
Dasipopídeos |
Cabassous |
C. tnicinctus |
18 |
Tatua Rabo-de-Couro |
|
|
Tolypeutes |
T. matacus |
19 |
Tatuapara, Bola |
|
Canídeos |
Cerdocyon |
C. thous |
20 |
Raposa |
|
|
Galictis |
G. vittata |
21 |
Furão |
|
Mustelídeos |
Eira |
E. barbara |
22 |
Papa-Mel, Irara |
CARNÍVOROS |
|
Lutra |
L. enudris |
23 |
Lontra |
|
|
Panthera |
P. onca onca |
24 |
Onça Pintada |
|
Felídeos |
Felis |
F. concolor |
25 |
Suçuarana, Parda |
|
|
|
F. pardalis |
26 |
Jaguatirica |
|
Cricetídeos |
Rhipidomis |
R. venezuelae |
27 |
Rato-do-Mato |
|
|
Isotrix |
I. bistriatus |
28 |
Rato-de-Estrias |
|
Caviídeosos |
Dasyprocta |
D. fuliginosa |
29 |
Cutia |
ROEDORES |
Hidrocoerídeos |
Hydrochoerus |
H. hidrochaeris |
30 |
Capivara |
|
Equimídeos |
Proechimis |
P. guyannensis |
31 |
Coró |
|
Ertizontídeos |
Coendou |
C. sp |
32 |
Cuandu |
ARTIODACTI-LOS |
Cervídeos |
Mazama |
M. guazoubira |
33 |
Veado-Catingueiro |
|
Taiassuídeos |
Pecari |
P. tajacu |
34 |
Caitetu |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
FIGURA 44 - Relação de aves identificadas na área da Bacia do Rio Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
PELECANIFORMES |
Anhigídeos |
Anhinga |
A. anhinga |
1 |
Carará, Mergulhão |
CICONIIFOR-MES |
Ardeídeos |
Ardea |
A. cocoi |
2 |
Maguari |
|
|
Bulbucus |
B. ibis |
3 |
Garça-boiadeira |
|
Catartideos |
Coragyps |
C. atratus |
4 |
Urubu Comum |
|
Accipitrídeos |
Bussarellus |
B. nigricollis |
5 |
Gavião-Panema |
FALCONIFOR-MES |
|
Gampsonyx |
G. swamsonii |
6 |
Gaviãozinho |
|
Falconídeos |
Milvago |
M. chumachima |
7 |
Gavião-Carrapateiro |
|
|
Polyborus |
P. plancus |
8 |
Cara-Cará |
GALIFORNES |
Fasianídeos |
Colinus |
C. cristatus |
9 |
Cordoniz, Gali-nha- da-Campina |
GRUIFORMES |
Ralídeos |
Aramides |
A. cajanea |
10 |
Saracura |
|
Caradriídeos |
Vanellus |
V.c.cayennensis |
11 |
Téo-Téo |
CARADRIIFORMES |
Burrinídeos |
Burhinus |
B. striatus vocifer |
12 |
Téo-Téo da Savana |
|
|
Columba |
C.c. cayennensis |
13 |
Pomba Galega |
COLUMBIFOR- |
Columbídeos |
Columbigallina |
C.t. talpacoti |
14 |
Rola cabocla |
MES |
|
Leptotila |
L. verreauxi |
15 |
Juriti |
CUCULIFOR- |
|
Piaya |
P. cayana |
16 |
Chincoã |
MES |
Cuculídeos |
Neomorphus |
N. rufippenis |
17 |
Aracuã |
|
|
Crotophaga |
C. ani |
18 |
Anu Preto |
|
|
Forpus |
F. passerinus |
19 |
Tuim, Periquitinho |
|
|
|
A. solstitialis |
20 |
Jandaia |
PSITACIFOR-MES |
Psitacídeos |
Aratinga |
A. pertinax |
21 |
Jandaia Cabeça-Parda |
|
|
Pyrrhura |
P. egregia |
22 |
Tiriba |
|
|
Brotogeris |
B. chrysopterus |
23 |
Periquito |
|
|
Amazona |
A. festiva |
24 |
Papagaio |
|
|
Ara |
A. nobilis |
25 |
Maracanã |
ESTRIGIFORME |
Estrigídeos |
Bubo |
B. virginianus |
26 |
Jacurutu |
|
|
Otus |
O. guatemalae |
27 |
Caburé |
|
|
Chordeiles |
C. pusillus |
28 |
Bacurau |
CAPRIMULGI-FORMES |
Caprimulgídeos |
Caprimulgus |
C. cayennensis |
29 |
Bacurau Cauda-Branca |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
|
Furnariídeos |
Furnarius |
F. leucopus |
30 |
Pedreiro |
|
|
Synalaxis |
S. gujanenses |
31 |
Bentererê |
|
|
Sakesphorus |
S. canadensis |
32 |
Choca |
|
Formicariídoes |
Cercomacra |
C. carbonaria |
33 |
Papa-Formiga |
|
|
Mymerciza |
M. longipes |
34 |
Papa-Formiga |
|
|
Tyrannus |
T. melancholich us |
35 |
Siriri |
|
|
Todirostrum |
T. sylviae |
36 |
Papa-Sebinho |
|
Tiranídeos |
Pirocephalus |
P. rubinus |
37 |
Papa-moça-vermelho |
|
|
Myiozetetes |
M. cayanensis |
38 |
Bem-ti-vi pequeno |
|
|
Muscivora |
M. tyrannus |
39 |
Tesoura |
PASSERIFOR- |
|
Pitangus |
P. tuljphyratus |
40 |
Bem-ti-vi |
MES |
|
Tachycineta |
T. albiventer |
41 |
Andorinha Esbranquiçada |
|
Hirudinídeos |
Alopochelidon |
A. fucata |
42 |
Andorinha |
|
|
Riparia |
R. riparia |
43 |
Andorinha de Barranco |
|
|
Icterus |
nigrogulares |
44 |
Corrupião |
|
Icterídeos |
|
I chrysocephal us |
45 |
Rouxinol |
|
|
Sturnella |
S. magna |
46 |
Soldado |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
FIGURA 45- Relação dos Répteis identificados na área da Bacia do Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
QUELÔNIOS |
Testudinídeos |
Geochelone |
G. denticulata |
19 |
Jaboti |
|
Pelomedusídeos |
Podocnemis |
P. sp |
20 |
Cangapara |
CROCODILA-NOS |
Crocodilídeos |
Palaeosuchus |
P. trigonatus |
21 |
Jacaretinga |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
FIGURA 46 - Relação dos Anfíbios identificados na área da Bacia do Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
|
Bufonídeos |
Bufo |
B. marinus |
1 |
Cururu |
ANUROS |
Leptodactilídeos |
Leptodactylus |
L.pentadactylus |
2 |
Jia |
|
Hilídios |
Hyla |
H. sp |
3 |
Raspa-Cuia |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
FIGURA 47 - Relação dos Peixes Cartilaginosos identificados na área da Bacia do Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
MILIOBATIFORMES |
Potamotrigoní-deos |
Paratrygon |
P. aireba |
1 |
Arraia |
Fonte: RIMA UHE Cotingo
Intertechne - 1993/1994
FIGURA 48 - Relação dos Peixes Ósseos identificados na área da Bacia do Cotingo
ORDEM |
FAMÍLIA |
GÊNERO |
ESPÉCIE |
N.º |
NOME POPULAR |
|
Caracídeos |
Moenkhausia |
M.grandisquami s |
1 |
Piabinha |
CARACIFORMES |
Proquilodonatídeos |
Prochilodus |
P. binotatus |
2 |
Jaraqui |
|
Eritrinídeos |
Hoplias |
H. malabaricus |
3 |
Trairão |
SILURIFORMES |
Gimnotídeos |
Gymnotus |
G. carapo |
4 |
Sarapó |
|
Pimelodídeos |
Rhamdia |
R. sebae |
5 |
Mandi |
|
|
Imparfinis |
I. hasemani |
6 |
Bagrinho |
|
Calictídeos |
Corydoras |
C. aeneus |
7 |
Cuiú-Cuiú |
PERCIFORMES |
Ciclídeos |
Crenicichla |
C. sexatilis |
8 |
Jacunda |
SIMBRANQUI-FORMES |
Simbranquídeos |
Symbranchus |
S. marmoratus |
9 |
Muçum |
FONTE: RIMA UHE Cotingo
Intertechne Consultores Associados S/C Ltda.
3.11- O MEIO SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAL
3.11.1- Generalidades
A Bacia do Rio Cotingo é de ocupação bastante esparsa, inclusive no seu baixo curso, onde as áreas planas favorecem a sua utilização.
No Baixo Cotingo, em função do clima e da vegetação, a atividade econômica que mais se desenvolve na área é a pecuária extensiva quase que de subsistência. Não existem fazendas com expressão econômica e muito menos núcleos urbanos significativos. Das malocas existentes, somente o Contão apresenta alguma organização de vila. O nível sócio-econômico-cultural é baixíssimo calcado numa economia de subsistência pouco desenvolvida e numa expectativa paternalista muito elevada. Aparentemente tudo e todos dependem do Estado ou da Igreja para a sua manutenção.
Áreas com conflitos pela posse da terra são poucas. Existem umas poucas “fazendas”que têm algum tipo de atrito com as comunidades indígenas envolventes. Ocorrem alguns incidentes entre comunidades indígenas de tendências opostas(Igreja-Estado).
As atividades comerciais são bastante inexpressivas e se resumem a locais de parada de viajantes na beira das principais estradas (Placas, Ponte do Ouricuri, Água Fria) ou a pequenos comércios locais nas malocas(Contão).
As expectativas da população são poucas, tais como: a construção e operação da usina hidrelétrica do Cotingo e o arrendamento das terras para grandes plantadores de arroz. Segundo as comunidades locais estas atividades poderiam desenvolver a área através da geração de mais empregos e maior produção agropecuária.
3.11.2- Uso do Solo Atual
3.11.2.1- Uso do Solo
A Bacia do Rio Cotingo atualmente possui poucas e pequenas atividades econômicas das quais se destacam: pecuária extensiva distribuída principalmente no médio e baixo vale, o garimpo não regularizado na Bacia do Rio Quinô e médio curso do Cotingo. Como áreas institucionais como no extremo norte da área uma parte do Parque Nacional do Monte Roraima, de responsabilidade do IBAMA. O restante da área, mais de 60% não possuí uso definido.
A figura 49 mostra a atual situação do uso do solo no vale do Rio Cotingo.